Questões de Antropologia jurídica (Antropologia)

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“Mas vangloriar-se é um vício comum, e uma falha mais específica, e também mais decisiva, no caráter de Eichmann era sua quase total incapacidade de olhar qualquer coisa do ponto de vista do outro” (retirado da obra “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal”, de Hannah Arendt, 1999, p. 60). Sobre os relatos e conclusões de Hannah Arendt ao acompanhar o julgamento de Eichmann no Tribunal de Jerusalém, assinale a alternativa correta.

  • A Eichmann filiou-se ao Partido por convicções pessoais e utilizou o cargo para atingir seu próprio objetivo de extermínio dos judeus por questões de ódio e ideias pessoais de superioridade.
  • B Nos julgamentos em que os réus cometem crimes “legais”, não se pode exigir que sejam capazes de diferenciar o certo do errado, especialmente quando seu juízo de valor estiver em conflito com a opinião unânime de todos à sua volta.
  • C Eichmann agiu no estrito cumprimento de dever legal, mas sentia culpa e se arrependeu dos crimes cometidos durante o julgamento.
  • D Em sua sentença, a Corte concedeu que tal crime contra a humanidade só podia ser cometido por uma burocracia gigante de governo cujas engrenagens são substituíveis por outras pessoas, que cometeriam o mesmo ato, motivo pelo qual não devem ser responsabilizados os autores individualmente.
  • E Eichmann era um servidor do governo, nem pervertido, nem diabólico, mas normal, que nunca percebeu o que estava fazendo por pura irreflexão, e que cometeu seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente impossível para ele saber ou sentir que está agindo de modo errado.

Nas últimas décadas, a Antropologia tem se dedicado ao estudo dos sistemas que envolvem um conjunto específico de atores sociais, organizações e instituições que criam propostas para produção de políticas públicas. Na base desses sistemas estão os chamados “regimes de conhecimento”, importantes porque

  • A introduzem novos conjuntos de dados e recomendações de desenvolvimento econômico e social.
  • B produzem dados e teorias sobre a cultura de massa das classes operárias.
  • C informam sobre a geografia e a estatística exclusiva de determinados grupos sociais.
  • D promovem a valorização das estruturas dos serviços públicos do Estado.

A Antropologia “recolhe o seu material na observação empírica, mas a validade dos enunciados relativos a tais observações precisa ser posta à prova numa comunidade argumentativa de pares, e só depois de atingido o consenso esses enunciados podem ser considerados válidos. Se isso é verdade, já encontramos de saída um primeiro cruzamento entre a antropologia e a ética”.
(ROUANET, Sérgio Paulo. Ética e antropologia. Estudos Avançados, v.4, n.10, p.111-150, 1990, p.116).
Isto significa, segundo Rouanet, que, como toda a ciência, a Antropologia está sujeita à

  • A circunscrição do discurso teórico.
  • B censura jurídica do Estado.
  • C validação de comitês acadêmicos.
  • D crítica ética da linguagem.
“(...) a coisa tem o caráter não de uma entidade fechada para o exterior, que se situa no e contra o mundo, mas de um nó cujos fios constituintes, longe de estarem nele contidos, deixam rastros e são capturados por outros fios noutros nós. Numa palavra, as coisas vazam, sempre transbordando das superfícies que se formam temporariamente em torno delas.”  (Ingold, T.. (2012). Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, 18(37), 25–44) 
Nesse fragmento, Tim Ingold estabelece uma distinção entre os conceitos de
  • A coisas e pessoas.
  • B coisas e objetos.
  • C coisas e espíritos.
  • D coisas e materialidades.
  • E coisas e materiais.
“Se, na Amazônia, a mais grave ameaça é a invasão dos territórios indígenas e a degradação de seus recursos ambientais, no caso do Nordeste, o desafio à ação indigenista é restabelecer os territórios indígenas, promovendo a retirada dos não-índios das áreas indígenas, desnaturalizando a “mistura” como única via de sobrevivência e cidadania.” (OLIVEIRA, João Pacheco de. Uma etnologia dos" índios misturados"? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. Mana, v. 4, p. 47-77, 1998.)
João Pacheco de Oliveira é professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Sua área de especialização é a 
  • A Antropologia Econômica.
  • B Antropologia da Religião.
  • C Antropologia da Violência.
  • D Etnologia.
  • E Antropologia da Saúde.