O professor pretende discutir com a turma os significados do documento símbolo da autonomia estadunidense, a Declaração de Independência de 1776. Para tanto, disponibiliza o seguinte fragmento textual:
Na última carta pública que escreveu antes de sua morte em 1826, Thomas Jefferson apresentou uma visão ampla da Declaração de Independência, documento que ele havia redigido meio século antes. Ao recusar o convite para comparecer à comemoração do quinquagésimo aniversário da independência americana em Washington, o terceiro presidente do Estados Unidos chamou a Declaração de “um instrumento prenhe do nosso próprio destino e do destino do mundo”. Lamentou que a doença o impedisse de se reunir “ao restante daquele grupo ilustre que se juntou a nós naquele dia, na ousada e incerta eleição que estávamos prestes a realizar por nosso país, entre a submissão e a espada”. Ele teria então: [...] desfrutado com eles o reconfortante fato de que nossos compatriotas, depois de meio século de experiência e prosperidade, continuam a aprovar a escolha que fizemos. Que isso seja, para o mundo – o que acredito que será (para algumas partes em breve, para outras, mais tarde, e finalmente para todas) –, o sinal para que homens inspiradores rompam os grilhões sob os quais a ignorância e a superstição monacais os têm persuadido a se restringir, e assumam as bênçãos e a segurança do autogoverno.
Thomas Jefferson apud ARMITAGE, David. Declaração de Independência: uma história global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.7- 8.
Considerando o papel do referido documento na história global, o docente deve evidenciar que
-
A a declaração solucionava no seu teor as reivindicações de independências ao redor do mundo ao associar o conceito de territorialidade à concepção de soberania nacional, estabelecendo que o Estado, efetivamente independente, deveria possuir território legítimo e, geograficamente, delimitado.
-
B o gênero de direitos de Estado e de indivíduos da declaração foi reapropriado internacionalmente por diversos documentos de independência, justamente pela sua flexibilidade de incluir definições civilizatórias, concepções de autodeterminação e o florescente discurso dos direitos humanos.
-
C a declaração foi um feito de Thomas Jefferson por empregar suas habilidades jurídicas e retóricas para forjar um instrumento cujo intuito era declarar a independência, sem nenhum modelo prévio para guiá-lo, tornando-a, por essa razão, na referência mundial para outras independências.
-
D o texto privilegia os direitos de Estado em detrimento aos direitos de indivíduos, pois cabia mais nas exigências de reconhecimento de comunidades na esfera internacional que nas reivindicações de cidadãos ou súditos contras seus governantes, por isso a assimilação noutros textos de independência.