Questões de Formas de estratificação social (Sociologia)

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Ao pensar as desigualdades educacionais, Pierre Bourdieu parte do princípio de que, no processo de aprendizado, a instituição escolar tem como referência

  • A a posição do sujeito no campo educacional.
  • B a posição do sujeito no campo cultural.
  • C o capital cultural acumulado na família.
  • D o capital cultural acumulado na religião.
  • E o habitus incorporado na pré-alfabetização.

Leia o trecho a seguir, adaptado da resposta de uma entrevistada.

Em um país onde negros são assassinados com frequência ao andarem por suas comunidades ou carregarem um guarda-chuva e mulheres transexuais são espancadas, violentadas e destinadas a prostituição, se unir por uma causa é a solução que mulheres negras e mulheres transexuais encontraram para ganhar força. É triste observar grupos que nos ignoram e excluem de pautas que nos interessam ou se quer ouvem nosso sofrimento, nos diminuindo a uma questão biológica. Sei que homens fazem coisas terríveis para essas mulheres e que o sofrimento pode gerar raiva e angústia, mas também sei que generalizar não é a solução, pois conheci feministas radicais que foram duríssimas comigo e me humilharam.

Adaptado de: https://contrapontodigital.pucsp.br/noticias/

De acordo com o conceito de interseccionalidade, assinale a afirmativa que interpreta corretamente a resposta da entrevistada.

  • A Avalia setores do movimento feminista como discriminatórios por desconsiderarem as diversidades de opressões sofridas por mulheres.
  • B Considera o feminismo como um impedimento para alcançar os direitos civis das mulheres negras e transexuais.
  • C Correlaciona raça, classe e gênero ao citar o rompimento de mulheres negras e transexuais com o movimento feminista.
  • D Assente a representação ameaçadora da participação de mulheres negras e transexuais no movimento feminista, justificada pelo fator biológico.
Os pobres não são apenas pobres, eles são também cidadãos. Enquanto tais, eles participam dos direitos que a lei atribui à totalidade dos cidadãos de acordo com a obrigação do Estado de prestar assistência aos pobres. Portanto, o direito correspondente à obrigação do Estado de assistir ao pobre não é o direito do pobre, mas aquele de qualquer cidadão.

Sociologicamente, o importante é compreender que a posição particular que os pobres assistidos ocupam não impede sua integração no Estado, como membros de uma unidade política total. Apesar de sua situação em geral tornar sua condição individual um fim externo ao ato de assistência, e, por outro lado, um objeto inerte, destituído de direitos nos objetivos gerais do Estado, [...] que parecem colocar os pobres fora do Estado, eles estão ordenados de forma orgânica no interior deste. Em princípio, aquele que recebe uma esmola dá também alguma coisa; há uma difusão de efeitos indo dele ao doador e é precisamente o que converte a doação em uma interação, em um acontecimento sociológico.
SIMMEL, G. Les pauvres. Paris: Presses Universitaires de France, 1998.

As afirmativas a seguir apresentam interpretações do texto que consideram os direitos e as obrigações do Estado em relação aos pobres, à exceção de uma. Assinale-a.
  • A Afirma o pertencimento dos pobres à categoria de sujeitos de direito.
  • B Considera os vínculos sociais entre indivíduo e o coletivo baseados nas relações de reciprocidade.
  • C Confirma o direito individual do pobre em recorrer à assistência do Estado.
  • D Reconhece a diferenciação dos pobres na condição de cidadãos em relação aos outros integrantes da comunidade.
O esquecimento do passado colonial e do passado da imigração é conveniente e necessário para a construção da memória da “velha” imigração como pouco problemática, composta quase exclusivamente de “brancos”, e a construção da Europa Ocidental e de alguns países da América, principalmente os Estados Unidos, Canadá e Argentina como países essencialmente brancos. A ideia da “imigração branca” só podia surgir com o esquecimento da racialização dos povos da periferia da Europa no passado, tratados como outras “raças” essencialmente inferiores. Assim como, o esquecimento das múltiplas intervenções políticas do passado para inibir ou proibir a imigração de não europeus e manter a predominância de brancos nos principais países de imigração da Europa, da América do Norte e da Oceania.

MONSMA, Karl; TRUZZI, Oswaldo. Amnésia social e representações de imigrantes: consequências do esquecimento histórico e colonial na Europa e na América. Sociologias, v.20, nº 49, 2018.

As afirmativas a seguir apresentam interpretações corretas sobre o processo de migração e suas representações no mundo ocidental tratados no trecho, à exceção de uma. Assinale-a.
  • A O trecho diversifica o conhecimento sobre experiências migratórias ao considerar o fator histórico dos movimentos.
  • B O autor explica a origem da representação de todos os imigrantes como usurpadores de saídas laborais.
  • C O autor revela o processo de memória seletiva que produz representação inferior de certas regiões.
  • D O trecho apresenta o processo de racialização de certos grupos de migrantes em relação a outros.

“Nós surgimos, efetivamente, do cruzamento de uns poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. Essa situação não chega a configurar uma democracia racial, como quis Gilberto Freyre e muita gente mais, tamanha é a carga de opressão, preconceito e discriminação antinegro que ela encerra. Não o é também, obviamente, porque a própria expectativa de que o negro desapareça pela mestiçagem é um racismo. [...] O aspecto mais perverso do racismo assimilacionista é que ele dá de si uma imagem de maior sociabilidade, quando de fato, desarma o negro para lutar contra a pobreza que lhe é imposta, e dissimula as condições de terrível violência a que é submetido. [...] Tudo isso demonstra, claramente, que a democracia racial é possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia social. Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia para ninguém”.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p. 225-227.
No que concerne ao tema da democracia racial expressa no fragmento acima, é correto afirmar:

  • A A democracia social possui maior viabilidade que a democracia racial, pois esta última apenas acentua os traços conflitivos entre diferentes classes sociais que compõem a sociedade brasileira, enquanto a democracia social daria condições efetivas de construção de uma sociedade sem classes.
  • B A mestiçagem é uma forma de racismo dissimulado, que impede a construção de uma sociedade fundada na ideia de democracia racial e, portanto, oblitera a realização de uma democracia social, livre de qualquer luta de classe entre brancos e negros.
  • C A assimilação da população negra pela sociedade branca é um fator importante na construção de uma resistência antirracista, sobretudo porque se soma aos elementos da cultura indígena presente na sociedade brasileira e firma um pacto social pela diversidade étnica.
  • D A democracia racial é uma tese sociológica problemática na medida em que ela está relacionada aos princípios da luta de classes e não promove a integração racial mas, ao contrário, a disputa étnica entre diferentes grupos que buscam o domínio político na democracia social.
  • E A tese da democracia racial, empregada para ensejar a integração entre diferentes etnias que formaram a sociedade brasileira, deixa de ser realmente democrática quando empregada para justificar o apagamento das culturas africanas, o qual anula seu caráter de resistência quando da incorporação da população negra à sociedade branca.