Questões de Fundamentos da História : Tempo, Memória e Cultura (História)

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Frequentemente, tem-se exigido dos historiadores o fornecimento de um tratamento com diretriz que combine seu papel de crítico, com aquele de cívico e ético. Por um lado, exige-se do historiador sua dissociação com a pretensão de um discurso desmistificado e suportado pela evidência; e, por outro, o historiador deve contribuir para que se molde a consciência histórica e a memória de seus contemporâneos. Assim sendo, ser pesquisador não separa os historiadores de serem atores sociais. Por essa razão, o público leitor frequentemente os invoca para o papel de árbitros, reconhecendo neles, portanto, uma posição de mediadores entre passado, presente e futuro. A discussão sobre as relações entre ética e a profissão do historiador é uma conceituação muito importante. É importante lembrar que o ser humano é um ser no tempo, que nele se transforma e constantemente se constitui e esse tempo humano denomina-se história. Em relação às questões éticas, o historiador:

  • A Precisa, ao realizar seu trabalho, entender que ele registra as transformações e avanços históricos da humanidade.
  • B Por ser também um ator social, um ser inserido e intrínseco na história, tem respaldo para criar a sua própria ética.
  • C Deve ter um entendimento absoluto da sociedade como um todo harmônico formado de individualidades e, portanto, digno de respeito.
  • D Precisa entender que as mudanças históricas, os problemas e os conflitos históricos devem ser analisados e, em alguns casos, omitidos quando necessário.

Leia o trecho a seguir de uma carta escrita por um imigrante alemão recém-chegado na região fluminense do Rio de Janeiro, datada de 1852.

Deus esteja convosco! Queridos pais e cunhados. Nós todos nos encontramos ainda com saúde e bem, e desejamos de coração ouvir o mesmo de vocês. Depois de tudo que pudemos ver até agora, consideramos o nosso futuro mais assegurado do que aí em casa. Do porto, onde não pudemos permanecer devido à febre amarela, até a nossa fazenda são aproximadamente 20 milhas. As nossas casas ainda não estão todas prontas e, até lá, teremos que nos contentar com barracas. Agradecemos mil vezes à nossa comunidade por nos ter ajudado com a nossa emigração. Quisera Deus que todos os pobres estivessem aqui no Brasil! Depois de Pentecostes iniciaremos o nosso trabalho diário; é um trabalho fácil, durante o qual recebemos boa alimentação, por exemplo, arroz, pão de milho, feijão e, todos os dias, carne. Há também boa aguardente, até melhor do que a de vocês. Na cidade de Petrópolis, fundada há 7 anos, moram quase só alemães.

ALVES, Débora. Cartas de imigrantes como fonte para o historiador: Rio de Janeiro - Turíngia (1852-1853), Revista Brasileira de História, vol. 23, nº 45, 2003, p. 174. (Adaptado).

A respeito do uso desse material em sala de aula, assinale a afirmativa que descreve corretamente seu objetivo de acordo com os fundamentos do pensamento histórico.

  • A A atividade permite que os alunos conheçam a narrativa histórica, a partir da análise de documentos que destacam trajetórias individuais elevados à condição de heróis nacionais.
  • B A atividade permite que os alunos compreendam o conceito de tempo histórico, que é a memorização de datas significativas e sua relação com temas internacionais.
  • C A atividade permite que os alunos apliquem a imaginação e a capacidade de julgar eventos históricos a partir de valores contemporâneos.
  • D A atividade permite que os alunos deem sentido ao passado, promovendo a empatia com a situação do personagem histórico e a contextualização do tema.
  • E A atividade permite que os alunos utilizem documentos oficiais como fontes primárias, empregando-os na interpretação da história como uma estrutura factícia.

O Historicismo pensa a história de forma radical. Faz crer que somente a história é que possui todos os instrumentos adequados para se pensar e analisar a realidade e o ser humano, uma vez que sua essência está no saber e na reflexão. Assim sendo, a realidade, o cotidiano são o fruto de uma evolução histórica e a razão –- ação da essência humana –- é o motor da história, conforme pensava um dos seus inspiradores, o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel.
(PINTO, Genivaldo, 2005.)

Segundo essa teoria metodológica da história:

  • A A principal característica de qualquer história é ser um viés psicológico da sociedade, atrelado à evolução mental da mesma.
  • B A história deve ser vista como uma “história-problema”, enfocada na história da humanidade em todo os seus campos da atividade.
  • C Só é considerado história aquilo que vem do verdadeiro espírito científico, prendendo-se aos significados do real, indubitável e comprovado.
  • D Toda ação humana é, por si só, um feito histórico, pois está carregada de significados importantes para a sua vida. Tudo é história e todos fazem história.

Leia o trecho a seguir.


Por milênios, o homem foi caçador. Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu a reconstruir as formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama, ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pelos, plumas emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a fazer operações mentais complexas com rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas. O que caracteriza esse saber é a capacidade de, a partir de dados aparentemente negligenciáveis, remontar a uma realidade complexa não experimentável diretamente.



GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. Morfologia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 151-152. (Adaptado).


Sobre o paradigma indiciário na História, com base na leitura do trecho acima, assinale a afirmativa correta.

  • A Decifra épocas passadas através da experiência do historiador, que seleciona as fontes com base em formulações preconcebidas para facilitar a investigação.
  • B Investiga os eventos históricos por meio da análise de documentos de diversas naturezas, descontruindo suas intencionalidades.
  • C Revela processos históricos ao respeitar o conteúdo da documentação oficial e primária, entendendo-a como um registro do passado inquestionável.
  • D Narra um passado a partir da observação de pistas e sinais, elaborando uma visão superficial devido à limitação de informações disponíveis.
  • E Estuda contextos históricos com base em registros seriais, que permitem uma compreensão completa do passado e de sua evolução.

Leia os discursos a seguir.

Discurso I

Colocastes a Espanha em minhas mãos. Minha mão será firme, meu pulso não vacilará e eu procurarei alçar a Espanha ao posto que lhe corresponde conforme sua História e que ocupou em épocas passadas. Se invocamos as grandezas da Espanha imperial é porque elas nos movem com seus ideais, seus empenhos de salvação e fundação. Não queremos uma Espanha velha e difamada. Queremos um Estado onde a pura tradição e substância daquele passado espanhol ideal se enquadre nas formas novas, vigorosas e heroicas que os jovens de hoje e de amanhã trazem nesta alvorada imperial do nosso povo. A Espanha se organiza dentro de um amplo conceito totalitário, mediante àquelas instituições nacionais que asseguram sua totalidade, sua unidade e sua continuidade. A implantação dos princípios mais severos de autoridade que este Movimento implica não possui justificativa de caráter militar, mas na necessidade de um funcionamento regular das energias complexas da Pátria. Eu quero que minha política tenha o profundo caráter popular que sempre teve o profundo caráter popular que sempre teve na História da política da Grande Espanha. Nossa obra – minha e do meu governo – estará orientada com uma grande preocupação pelas classes populares, bem como pela tristeza da classe média.

Discurso proferido por Francisco Franco. Amanhece na Espanha. 1936.


Discurso II

As fundas pegadas e traços que ficaram de nós na terra e nas almas, por muita parte onde não é hoje nosso o domínio político, e tem maravilhado os observadores desde as costas de Marrocos à Etiópia e do mar Vermelho aos estreitos e ao mar da China, vêm exatamente de que a nossa obra não é a do caminheiro que olha e passa, do explorador que busca à pressa as riquezas fáceis e levantou a tenda e seguiu, mas a do que, levando em seu coração a imagem da Pátria, se ocupa amorosamente em gravá-la fundo onde adrega de levar a vida, ao mesmo tempo que lhe desabrocha espontâneo da alma o sentido da missão civilizadora. Não é a terra que se explora: é Portugal que revive.

SALAZAR, António de O. Discursos. Coimbra Ed, vol. III, p. 153. 1959.


A respeito dos discursos reproduzidos, assinale a afirmativa correta.

  • A Os dois discursos rompem com a história colonial da época moderna, direcionando os argumentos para projeções futuras que visam posicionar as nações como potencias econômicas em escala global.
  • B Os dois discursos enaltecem os passados coloniais, tratando-os como signos de prestígio e como um modelo para orientar as políticas dos governos vigentes.
  • C Os dois discursos remetem à exploração mercantilista, própria do passado de seus países, para reafirmar suas histórias de glória.
  • D Os dois discursos criticam os vínculos coloniais, empregando argumentos que inferiorizam outras regiões do globo como periferias coloniais em relação às metrópoles europeias peninsulares.
  • E Os dois discursos usam elementos da história nacional para destacar um passado em comum que, ao longo dos séculos, permanece inalterado e estático, sem sofrer modificações significativas.