Leia o trecho abaixo do artigo de Sylvia Moretzsonh.
Eduardo Faustini, o famoso “repórter sem rosto” da TV Globo, que se notabilizou por assumir diversos personagens para realizar denúncias através de câmera oculta – e que, portanto, não “filma” apenas com o olhar –, desenvolve exatamente esse raciocínio na entrevista a Millos Kaiser (2011) para a revista Trip. Considera-se um sacerdote e diz que gosta de “jogar luz em uma zona que está escura”, mas seu propósito está longe de qualquer projeto iluminista. Pelo contrário: embora afirme admirar os profissionais que trabalham mostrando a cara e investigando documentos, ele prefere “resolver a questão numa filmagem”, porque “no dia seguinte, a casa do cara já caiu”.
É sua forma de compensar “a Justiça lenta, ineficiente” – embora ele mesmo não se considere um justiceiro. Mas, ao mesmo tempo, tampouco acha necessário subordinar-se à lei: “A relevância de um fato é sempre mais importante que a infração que estou cometendo. (…) O interesse público é o meu foco. Pra mim, ele é mais importante que qualquer lei ou regra de etiqueta”. Também considera o segredo de justiça um absurdo, porque “não protege a dona Maria ou o seu João, protege apenas o milionário corrupto.”
O “repórter inflitrado” e a câmera oculta: repensando problemas éticos e epistemológicos para a prática do jornalismo - Sylvia Debossan Moretzsohn -
Professora de Jornalismo no Departamento de Comunicação Social e no Programa de Pós-Graduação em Justiça Administrativa da UFF. Jornalista, mestre em Comunicação e doutora em Serviço Social. Pesquisadora de temas que relacionam mídia, ética, senso comum, cotidiano e rotinas de produção no jornalismo. Colaboradora do Observatório da Imprensa.
Assinale a alternativa correta com base no texto acima e em seus conhecimentos.
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A O emprego da câmera oculta torna-se importante, afinal os fins justificam os meios.
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B O repórter, ao decidir sozinho pela técnica da câmera oculta, para obter rapidez na denúncia da ilegalidade, está agindo no lugar da Justiça, e, em alguns casos, é essa a função do jornalista.
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C A câmera oculta infringe à ética jornalística, porque o jornalista precisa se identificar como tal e revelar ao entrevistado que ele está participando de material jornalístico.
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D O emprego da câmera oculta deve ser incentivado por vários motivos para além da questão ética: a lei maior do jornalista é a opinião pública.
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E A decisão do emprego da câmera oculta pertence à exclusividade do repórter: o risco é apenas dele.