Leia o seguinte trecho, do romance de Bernardo Carvalho:
Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Ele não estava interessado. Queria saber o que eu tinha ido fazer na aldeia. Os velhos estavam preocupados, queriam saber por que eu vinha remexer no passado, e ele não gostava quando os velhos ficavam preocupados. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: “Então, por que você quer saber, se já sabe?”. Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. Eu estava entre irritado e amedrontado. Tinha vontade de mandar o índio à puta que o pariu, mas não podia me indispor com a aldeia. Se é que havia alguma coisa a descobrir (e Leusipo a me intimidar punha ainda mais lenha nessa minha fantasia), era preciso ser diplomático.
CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 85.
Com base no fragmento acima transcrito e na leitura integral de Nove noites, assinale a alternativa correta.
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A O fragmento é parte da narração do jornalista que, obcecado em buscar a verdade sobre a morte de Buell Quain, acaba incursionando sobre o próprio passado, defrontando-se com sua relação com o próprio pai.
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B O fragmento é parte da narração do antropólogo Buell Quain, personagem real que, em 1939, foi assassinado em condições misteriosas, quando fazia pesquisa de campo junto aos índios krahô, no Tocantins.
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C O romance se constrói em torno da investigação, conduzida pela antropóloga Ruth Benedict, acerca da morte do norte-americano Buell Quain, revelando fatos e informações até então desconhecidos e desvendando enfim as causas do seu falecimento.
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D O fragmento é parte de uma das cartas do engenheiro Manoel Perna, que participa ativamente na investigação acerca dos últimos momentos que antecederam a morte do seu amigo Buell Quain.
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E Apesar do conflito narrado no fragmento, a convivência entre índios e brancos é apresentada no romance de modo predominantemente positivo, enfatizando a riqueza das trocas entre diferentes culturas.