Questões de Nefrologia (Medicina)

Limpar Busca

Um homem de 35 anos, trabalhador em uma fábrica de solventes, é encontrado inconsciente em seu local de trabalho por colegas. O serviço de emergência é acionado e, ao chegarem, os paramédicos observam que o paciente está com respiração superficial e apresenta escala de coma de Glasgow 8. Não há sinais de trauma ou lesões aparentes. Ele é rapidamente transportado para o hospital, aonde chega hipotenso (PA: 80 x 50 mmHg) e bradicárdico (FC: 45 bpm), com extremidades frias e cianose periférica. Iniciado suporte avançado de vida com intubação orotraqueal e administração de fluidos intravenosos. Exames laboratoriais iniciais: creatinina = 1,1 mg/dL; ureia = 40 mg/dL; sódio = 138 mEq/L; potássio = 6,0 mEq/L; cloro = 100 mEq/L; glicemia capilar = 95 mg/dL; gasometria arterial: pH = 7,15; HCO3 = 12 mEq/L; pCO2 = 30 mmHg; lactato = 6 mmol/L; ânion gap = 24. Osmolaridade plasmática medida = 320 mOsm/kg; gap osmolar = 20 mOsm/kg. Urina I com presença de cristais de oxalato de cálcio. Com base no quadro clínico e laboratorial, qual a principal hipótese diagnóstica?

  • A Acidose hiperclorêmica por acidose tubular renal.
  • B Alcalose metabólica por ingestão de soda cáustica.
  • C Acidose láctica tipo A por hipoperfusão tecidual.
  • D Cetoacidose diabética.
  • E Intoxicação exógena por etilenoglicol.

A Lesão Renal Aguda (LRA), também conhecida como injúria renal aguda, é definida como o declínio abrupto da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), que, no entanto, pode ser reversível. O quadro se desenvolve em um período de horas ou dias e pode apresentar diversos sinais e sintomas, que se relacionam principalmente com a causa, podendo esta ser classificada como pré-renal, renal ou pós-renal. A respeito das causas renais, assinale a alternativa correta:

  • A A necrose tubular aguda (NTA) é a forma mais frequente de lesão intrínseca, caracterizada pela lesão ao tecido epitelial dos túbulos renais. É comum em pacientes hospitalizados e submetidos a diversos tratamentos e intervenções. Tem grande potencial de reversibilidade pois há regeneração epitelial, com posterior restituição da função renal.
  • B A obstrução do fluxo urinário é uma causa importante de LRA intrínseca, visto que, ao ocasionar o trajeto urinário inverso, tende a causar lesões parenquimatosas renais importantes e potencialmente irreversíveis, além de promover a ascensão de bactérias multirresistentes aos túbulos renais.
  • C As perdas gastrointestinais são grandes causadoras de lesões intrínsecas. A hipovolemia ocasionada em perdas volumosas tende a promover vasoconstrição nas artérias renais, o que provoca uma brusca redução do fluxo sanguíneo e consequentemente, diminuição do aporte de oxigênio ao tecido parenquimatoso – sendo este também chamado de Necrose Tubular Aguda (NTA).
  • D As glomerulopatias não podem ser consideradas causas de LRA intrínseca visto que são unicamente secundárias a doenças crônicas, como as autoimunes e neoplasias. Desta forma, se enquadram apenas como causas de Doenças Renais Crônicas, sendo inclusive, a terceira principal causa de Terapia de Substituição Renal em pacientes renais.

Uma mulher de 50 anos, com histórico de doença renal policística, comparece para consulta de acompanhamento de doença renal crônica (DRC). Exame físico: pressão arterial (PA) 142 x 76 mmHg, frequência cardíaca (FC) 82 bpm, sem edemas. Exames laboratoriais: creatinina 2 mg/dL, clearance de creatinina 34 mL/min/1,73 m², cálcio 9,1 mg/dL, fósforo 4,5 mg/dL, fosfatase alcalina 65 UI/L, vitamina D 38 ng/mL e paratormônio (PTH) 154 pg/mL. Com base no caso clínico, qual a conduta mais adequada para a paciente?

  • A Suplementar carbonato de cálcio com vitamina D.
  • B Prescrever restrição hídrica rigorosa para prevenir a progressão da DRC.
  • C Orientar a restrição de alimentos ricos em fosfato.
  • D Iniciar o quelante de fósforo.
  • E Iniciar calcitriol para inibir a paratireoide.

Mulher de 22 anos procura atendimento médico referindo disúria há 5 dias, associada à febre e dor lombar à direita nos últimos 2 dias. Nega outras queixas, hospitalizações recentes ou doenças prévias. Ao exame físico, a paciente encontrase consciente, eupneica, corada e hidratada. Sinais vitais: FC 106 bpm, PA 90 x 60 mmHg e FR 22 irpm. Ausculta cardíaca sem alterações e pulmões limpos. Ao exame abdominal, apresenta dor à palpação no flanco direito e sinal de punhopercussão lombar positivo à direita.


Exames laboratoriais: Urina rotina: pH 7,4, densidade 1020, nitrito positivo, leucócitos 50/campo (normal < 5), hemácias 10/campo (normal < 5) e bacteriúria.


Hemograma: leucocitose leve com desvio à esquerda.


Qual a conduta terapêutica inicial mais adequada para essa paciente?

  • A Cefuroxima intravenosa
  • B Cefalotina intravenosa.
  • C Sulfametoxazol/trimetoprima oral.
  • D Meropenem intravenoso.
  • E Amoxicilina oral.

Paciente feminina, 72 anos, com histórico de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica, submetida há 12 dias à cirurgia de revascularização do miocárdio e troca valvar mitral por prótese biológica, evoluiu com infecção de sítio cirúrgico (mediastinite) e choque séptico. Encontra-se em Unidade de Terapia Intensiva, intubada e em ventilação mecânica, sob sedação contínua. Recebe noradrenalina 0,4 mcg/kg/min e vasopressina 0,03 U/min para manutenção da pressão arterial média (PAM) acima de 65 mmHg. Desenvolveu oligúria nas últimas 72 horas, com diurese inferior a 0,3 mL/kg/h, apesar do uso de furosemida em dose alta (200 mg/dia). Apresenta balanço hídrico positivo acumulado de 8 litros, congestão pulmonar importante e edema de membros inferiores. Exames laboratoriais recentes: creatinina 4,2 mg/dL (nível basal de 0,8 mg/dL), ureia 250 mg/dL, potássio 6,1 mEq/L, pH 7,20, bicarbonato 12 mEq/L e lactato arterial 3,5 mmol/L. Qual a modalidade de terapia renal substitutiva mais adequada para essa paciente nesse momento?

  • A Diálise peritoneal contínua ambulatorial.
  • B Hemodiálise intermitente.
  • C Hemodiálise prolongada.
  • D Terapia substitutiva renal contínua.
  • E Ultrafiltração lenta.