Questões de Perícia Psiquiátrica (Psiquiatria)

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Na prática forense, a avaliação da imputabilidade ou da responsabilidade penal é sempre retroativa e visa avaliar o estado mental do réu ao tempo da prática do delito. A lei brasileira adota o critério biopsicológico para a avaliação, sendo necessário para esse procedimento pericial o conhecimento dos seus variados conceitos.

Assinale abaixo a alternativa INCORRETA sobre a responsabilidade penal e a avaliação de imputabilidade.

  • A A capacidade de entendimento corresponde ao elemento cognitivo da ação humana, ou seja, a possibilidade ou faculdade de compreender que o fato é reprovado pela moral jurídica e de entender o caráter ilícito do fato.
  • B A capacidade de autodeterminação corresponde ao elemento volitivo da ação humana, sendo a capacidade de dirigir a conduta de acordo com o entendimento ético-jurídico, ou seja, de se determinar conforme esse entendimento.
  • C O termo doença mental, utilizado pelo código penal brasileiro, engloba os conceitos de alienação mental, desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental retardado.
  • D Perturbação da saúde mental não corresponde a uma categoria psiquiátrica, mas é uma expressão utilizada pela lei penal que serve para englobar todos os transtornos mentais que não implicam quebra do juízo de realidade, ou seja, representa os quadros psiquiátricos menos graves.
  • E A lei brasileira prevê a possibilidade de semi-imputabilidade, categoria na qual se enquadram aqueles que, em função de transtorno mental, tinham reduzida capacidade de entendimento ou de determinação na ocasião da prática do crime.

Um homem de 35 anos é acusado de homicídio após matar um colega de trabalho. Durante a avaliação psiquiátrica, ele alega que estava seguindo ordens de vozes que acreditava serem de anjos, instruindo-o a eliminar uma ameaça para salvar a humanidade. O exame revela que ele tem um histórico de esquizofrenia não tratada.
Com base no teste de M'Naghten, como a defesa poderia argumentar a sua inimputabilidade?

  • A A defesa poderia argumentar que o réu não compreendia a natureza e a qualidade do ato que estava cometendo devido às suas alucinações auditivas.
  • B A defesa poderia argumentar que o réu estava sofrendo de um estado temporário de insanidade induzido por estresse extremo no ambiente de trabalho.
  • C A defesa poderia argumentar que o réu estava sob a influência de substâncias psicoativas no momento do crime, comprometendo sua capacidade de julgamento.
  • D A defesa poderia argumentar que o réu tinha um transtorno de personalidade antissocial, levando-o a agir sem remorso ou consciência moral.
  • E A defesa poderia argumentar que o réu estava experimentando um episódio de mania, levando a um comportamento impulsivo e agressivo.

Leia o caso a seguir.


Mulher, G.N, 18 anos, solteira, é presa, acusada de infanticídio. Nos autos do processo, constam que G.N deu a luz a um bebê, em uma sexta-feira, às 19 horas. Voltou para a casa dos pais no dia seguinte, abatida, em mutismo importante, evitando pegar a criança para amamentar. Dois dias depois, abandonou a criança em casa e saiu andando a esmo pela rua, em desalinho, com corte e sangramento nos pulsos, ainda em mutismo. A família a reconduziu para casa e a obrigou a cuidar da criança. No quinto dia após o parto, a família encontrou G.N no quarto cantarolando canções de ninar, com palavras sem nexo, com o bebê nos braços, sem respirar, em cianose. O laudo do IML apontou asfixia mecânica como causa da morte do bebê. Na entrevista com a polícia, G.N permaneceu calada, com olhar longínquo e, nas poucas vezes que falava, parecia desconexa e dizia que não aguentava mais “os barulhos” e os “choros” de bebê na sua cabeça: “– Estão ouvindo? O bebê chorar? Alguém segura ele... Não aguento mais”. Ainda na prisão, começou a se machucar, batendo a cabeça na parede, dizendo que os “choros do bebê a mandavam se matar”. Foi encaminhada para uma clínica psiquiátrica. O pai da criança, que havia sido o primeiro namorado de G.N e com quem ela havia perdido a virgindade, negou a paternidade desde o início da gravidez e se afastou. Na curva vital, G.N nunca havia apresentado alterações de comportamento ou indícios de transtorno de personalidade. Sempre muito recatada e religiosa, com pais opressivos, escondeu a gravidez dos pais até o dia do parto. O juiz, na fase processual do inquérito, solicitou perícia psiquiátrica para o caso.


O psiquiatra perito concluiu que se trata de caso de

  • A inimputabilidade, pois G.N apresentava mudanças de humor, com conhecimento parcial da ilicitude do fato, sem nexo causal com o delito por ela praticado.
  • B imputabilidade, pois sem antecedentes psiquiátricos, G.N tinha pleno conhecimento da ilicitude do fato, sem nexo causal com o delito praticado.
  • C semi-imputabilidade, pois G.N apresentava depressão pós-parto, com conhecimento parcial da ilicitude do fato, sem nexo causal com o delito praticado.
  • D inimputabilidade, pois G.N apresentava estado puerperal grave, com pleno conhecimento da ilicitude do fato, com nexo causal com o delito praticado.

Em relação a transtorno factício e simulação, assinale a opção correta.

  • A Não há autoprodução de lesões no quadro de transtorno factício.
  • B A presença de um ganho externo, como, por exemplo, aposentadoria, é o principal fator que diferencia a simulação do transtorno factício.
  • C A comunicação de ideação suicida é forte indício de que o paciente não é um simulador.
  • D No transtorno factício, os pacientes se submetem a menos riscos de iatrogenia ao acessarem os serviços de saúde.
  • E Há alto grau de empatia das equipes que tratam pacientes com transtorno factício, de forma que eles são rapidamente referenciados para tratamento, sem que as equipes se sintam ludibriadas.

O clínico psiquiatra é um profissional que atua constantemente em processos administrativos, previdenciários, judiciais, etc., emitindo pareceres tanto como perito, mas também como médico assistente.
Nesse contexto, avalie as afirmativas a seguir.

I. As perícias previdenciárias podem ser divididas em dois grupos com aspectos distintos: administrativas e judiciárias realizadas, respectivamente, por médicos do INSS e por peritos nomeados pelo juiz.
II. Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenerativa; a inerente a grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
III. A Previdência Social regulamenta o nexo de causalidade profissional para quadros de transtorno de estresse pós-traumático, síndrome de Burnout e transtorno do sono-vigília, quando relacionados com o trabalho.
Está correto o que se afirma em

  • A I, apenas.
  • B I e II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E I, II e III.