Questões de Pré-História ou História Não-Escrita (História)

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Leia o trecho a seguir.


Por milênios, o homem foi caçador. Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu a reconstruir as formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama, ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pelos, plumas emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a fazer operações mentais complexas com rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas. O que caracteriza esse saber é a capacidade de, a partir de dados aparentemente negligenciáveis, remontar a uma realidade complexa não experimentável diretamente.



GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. Morfologia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 151-152. (Adaptado).


Sobre o paradigma indiciário na História, com base na leitura do trecho acima, assinale a afirmativa correta.

  • A Decifra épocas passadas através da experiência do historiador, que seleciona as fontes com base em formulações preconcebidas para facilitar a investigação.
  • B Investiga os eventos históricos por meio da análise de documentos de diversas naturezas, descontruindo suas intencionalidades.
  • C Revela processos históricos ao respeitar o conteúdo da documentação oficial e primária, entendendo-a como um registro do passado inquestionável.
  • D Narra um passado a partir da observação de pistas e sinais, elaborando uma visão superficial devido à limitação de informações disponíveis.
  • E Estuda contextos históricos com base em registros seriais, que permitem uma compreensão completa do passado e de sua evolução.

Ainda não há um consenso entre os cientistas sobre a ocupação da América e a origem do homem americano. Uma das hipóteses explicativas é a “Teoria Clóvis”. Sobre o tema, analise as assertivas abaixo:
I. Na década de 1930, foram descobertos artefatos de pedra perto da cidade de Clóvis, no México. Essas evidências de ocupação humana datavam de 12 mil anos e eram as mais antigas encontradas até o momento. II. A chamada “cultura Clóvis” era constituída por povos caçadores que produziam ferramentas em pedra com uma técnica complexa e possuíam traços semelhantes aos das populações asiáticas. III. A partir da década de 1970, novas descobertas arqueológicas em outras regiões da América (incluindo o Brasil) indicavam ocupações anteriores à cultura de Clóvis, que chegavam até 14.500 anos atrás. IV. A análise dos restos humanos encontrados nos novos sítios arqueológicos apresentou as mesmas características que identificavam as populações asiáticas, corroborando a teoria de que o homem havia chegado à América através do Estreito de Bering.
Quais estão corretas? 

  • A Apenas I e II.
  • B Apenas I e IV.
  • C Apenas II e III.
  • D Apenas III e IV.
  • E I, II, III e IV.

Julgue o item a seguir.


O conceito de pré-história designa o período que precede a existência de registros históricos formais, caracterizado pela ausência de sistemas de escrita desenvolvidos. Essa periodização é alvo de críticas por parte de alguns historiadores que argumentam que tal terminologia é inadequada, pois sugere uma anterioridade à própria história humana, quando na verdade o que se verifica é uma anterioridade à escrita. Eles defendem que todas as sociedades, independentemente do desenvolvimento da escrita, possuem uma historicidade intrínseca que deve ser reconhecida e valorizada através de múltiplas formas de evidências, sejam elas materiais, orais ou iconográficas.

  • Certo
  • Errado

Julgue o item a seguir.


São conquistas tecnológicas do Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida: primeiras ferramentas de pedra, uso do fogo e o surgimento da linguagem oral, dos rituais religiosos e das manifestações artísticas. 

  • Certo
  • Errado

O historiador italiano Alessandro Portelli, ao desenvolver uma pesquisa fundamentada na história oral, realizou uma entrevista com Alfredo Filipponi, antigo operário e secretário da resistência comunista contra o fascismo entre 1943 e 1944. A entrevista ocorreu em 1973, quando Filipponi já se encontrava muito doente e faleceu pouco tempo depois. No decorrer da entrevista ocorreu o seguinte diálogo:

Portelli: Durante a resistência, você pensava apenas na liberdade nacional ou desejava alguma coisa mais?
Filipponi: Pensavámos na libertação nacional do fascismo e, após isso tínhamos esperança de alcançar o socialismo, o qual ainda não havíamos atingido. Depois que a guerra terminou - Terni foi onze meses mais cedo do que o resto do país -, o camarada Palmiro Togliatti [secretário do Partido Comunista italiano no pós-guerra] convocou uma reunião com os líderes do Partido em todas as províncias da Itália. Togliatti fez um discurso e adiantou que haveria eleições e pediu o meu apoio para ganharmos a eleição. Houve aceitação ao discurso feito, mas eu levantei minha mão: “Camarada Togliatti, eu discordo”, porque, como Lenine disse: quando o tordo voa, é o momento de atirar nele. Hoje o tordo está voando: todos os chefes fascistas estão se escondendo ou fugindo, tanto em Terni como em qualquer outro lugar. Este é o momento: nós atacamos e construímos o socialismo. Togliatti colocou a sua moção e a minha em votação e a dele obteve quatro votos a mais do que a minha, e assim foi vencedora.
Adaptado de: PORTELLI, Alessandro. Sonhos Ucrônicos, Memória e Possíveis Mundos dos Trabalhadores. Projeto História, n. 10, São Paulo: Educ, 1993. p. 42-43.


Segundo Portelli, a confrontação entre Filliponi e Togliatti nunca aconteceu. Com base nos estudos atuais sobre a oralidade como fonte de pesquisa, essa constatação indica que a História Oral

  • A favorece a produção de mentiras históricas, estimulando a ideia de que, para narrar o passado histórico, qualquer um conta um fato da maneira que for lhe for conveniente.
  • B oferece a possibilidade de versões imaginárias sobre um evento, apontando que os fatos poderiam ter sido diferentes se outros caminhos tivessem sido escolhidos.
  • C precisa ser confrontada com outras fontes para a obtenção do conhecimento histórico, tendo em vista que a oralidade é sempre constituída por uma visão interessada do sujeito.
  • D tem sido questionada pela historiografia contemporânea se é um instrumento confiável para a reconstrução do fato, uma vez que o depoimento individual apresenta muitas subjetividades.