“Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos — aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.” (Trecho de Vidas Secas, de Graciliano Ramos). Qual das seguintes alternativas melhor resume a reflexão presente no trecho de "Vidas Secas" de Graciliano Ramos?
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A O protagonista aceita resignadamente seu destino, conformando-se com a ideia de que sua condição de vida é determinada pela herança genética e social, sem perspectiva de mudança.
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B O protagonista nutre uma revolta silenciosa contra sua condição de vida, questionando por que pessoas ricas têm o direito de tomar parte de seus escassos recursos.
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C O protagonista lamenta sua sorte, mas mantém a esperança de que um dia sua situação possa melhorar significativamente, apesar das adversidades enfrentadas.
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D O protagonista mostra-se resignado com sua condição de vida, aceitando-a como uma inevitável consequência da vontade divina e da ordem social estabelecida.