Questões comentadas de Concursos para Aluno Oficial

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A religião dos romanos era politeísta e antropomórfica com nítidas influências das crenças etrusca e grega. Ao dominar grande parte do mundo conhecido, os romanos entraram em contato com diversas religiões e tiveram por elas grande respeito. Algumas chegaram a erigir seus templos na própria cidade de Roma. O Panteão, ou conjunto de deuses, dos romanos chegou a incorporar alguns dos deuses gregos, com nomes trocados para nomes latinos, mas com os mesmos atributos.

(FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011)

A tolerância que os romanos tiveram para com diversas religiões do mundo por eles conquistadas não existiu, entretanto, para com a religião cristã, pois

  • A o universo simbólico do cristianismo era muito próximo da religiosidade romana, inclusive em relação ao monoteísmo, o que acabou gerando certa competição entre as religiões.
  • B no momento em que surgiu o cristianismo, a sociedade romana vivia o período mais agudo da sua crise política, social e econômica, o que aumentou a repressão à nova religião
  • C o cristianismo era, à época, uma religião fechada à conversão, assim como o judaísmo, o que contrariava o esforço de expansão e a perspectiva universalizante da sociedade romana.
  • D a figura do Papa e das outras autoridades da Igreja Católica, tais como cardeais, bispos e arcebispos, ameaçavam simbolicamente a ordem, a hierarquia e a própria existência do império.
  • E de início os cristãos foram perseguidos principalmente por motivos políticos, ainda que mais tarde, no contexto de crise da sociedade romana, o cristianismo tenha se expandido.

Sabe-se hoje que a visão retrospectiva da Europa medieval como uma “idade das trevas” foi elaborada por eruditos renascentistas e, sobretudo, por eruditos iluministas. Sabe-se que essa visão esteve condicionada por uma perspectiva racionalista, liberal e anticlerical, num momento em que ser humanista significa colocar em questão os pressupostos teocêntricos defendidos pelos representantes da Igreja, defender o avanço das “luzes”, da razão e do progresso.

(MACEDO, José Rivair, Repensando a Idade Média no ensino de História, In Leandro Karnal (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas)

Entre as marcas do mundo medieval que contradizem a visão retrospectiva discutida no trecho, é correto identificar

  • A o aparecimento das formas democráticas de governo.
  • B a proibição do trabalho infantil.
  • C o surgimento das universidades.
  • D a conquista de direitos políticos pelas mulheres.
  • E a invenção da ideia de República.

As palavras de Lutero não foram ao encontro apenas das angústias espirituais de uma Alemanha dividida mas, também, revelaram-se interessantes às controvérsias humanas. Cavaleiros, nobres, mercadores, muitos nutriam desconfianças por Roma, e, ao mesmo tempo, mostravam-se ávidos por incorporarem suas riquezas. A defesa que Lutero fazia da dependência exclusiva de Deus atraiu esses indivíduos.

(Patrícia Woolley, Um destino. Revista de História da Biblioteca Nacional, 08.01.2013. Adaptado)

Entre outros fatores, as desconfianças de que trata o texto estavam relacionadas

  • A às críticas feitas pelos protestantes à aproximação dos católicos com os pobres.
  • B ao excessivo poder eclesiástico e ao vasto patrimônio territorial da Igreja.
  • C ao discurso da Igreja que questionava a escravidão e a exploração do trabalho.
  • D ao questionamento que os católicos faziam ao modo de vida da nobreza.
  • E à oposição de Roma ao movimento anabatista, ala radical dos reformadores.

“Um boato corre, há dias, pela cidade que tem enchido a uns de pavor, e a outros de indignação, em cujo último número me coloco”, desabafou o médico Joaquim Cândido Soares de Meirelles (1797-1868), diante do clima de pânico instaurado no Rio de Janeiro em 1831. Rumores crescentes garantiam estar em andamento, na capital do Império, uma trama conspiratória inspirada na Revolução do Haiti (1791-1825).

(Iuri Lapa, O Haiti é aqui?. Revista de História da Biblioteca Nacional, 03.03.2010)

O clima instaurado na ocasião tinha origem

  • A na propaganda abolicionista promovida pelos revolucionários haitianos e pela população do norte dos EUA, mais afeita ao trabalho livre, à pequena propriedade e à policultura, e defensora da libertação dos escravos em todo o continente americano.
  • B na defesa da revolução realizada pelos herdeiros políticos da Revolução Francesa, que defendiam que o governo francês exportasse a radicalidade revolucionária para o outro lado do Atlântico, ameaçando a existência institucional do Império no Brasil.
  • C na aproximação política entre os líderes republicanos da independência de alguns países da América Latina, como Bolivar (Venezuela), San Martin (Argentina) e Toussaint- -Louverture (Haiti), que queriam transformar o Brasil em uma República.
  • D no fantasma que assombrou por décadas os senhores escravistas do Brasil, receosos de que se repetisse aqui o movimento haitiano, no qual convergiram abolição da escravidão e proclamação da independência, incluindo o massacre de brancos.
  • E no sentimento anticomunista existente no Brasil desde o início do século XIX, quando a elite escravista assistiu assustada à tomada do poder no Haiti por revolucionários socialistas, inspirados nas ideias do socialismo utópico de Saint-Simon.

Certa vez, um velho Tupinambá me perguntou: “Por que vocês, mairs [franceses] e perós [portugueses], vêm de tão longe para buscar lenha? Por acaso não existem árvores na sua terra?” Respondi que sim, que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não as queimávamos, como ele supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir. “E precisam de tanta assim?”, retrucou o velho Tupinambá. “Sim”, respondi, “pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que se possa imaginar, e um só deles compra todo o pau-brasil que possamos carregar.” “Ah!”, tornou a retrucar o selvagem. “Você me conta maravilhas. Mas me diga: esse homem tão rico de quem você me fala, não morre?” “Sim”, disse eu, “morre como os outros”. Aqueles selva- gens são grandes debatedores e gostam de ir ao fim em qualquer assunto. Por isso, o velho indígena me inquiriu outra vez: “E quando morrem os ricos, para quem fica o que deixam?” “Para seus filhos, se os têm”, respondi. “Na falta destes, para os irmãos e parentes próximos.” “Bem vejo agora que vocês, mairs, são mesmo uns grandes tolos. Sofrem tanto para cruzar o mar, suportando todas as privações e incômodos dos quais sempre falam quando aqui chegam, e trabalham dessa maneira apenas para amontoar riquezas para seus filhos ou para aqueles que vão sucedê-los? A terra que os alimenta não será por acaso suficiente para alimentar a eles? Nós também temos filhos a quem ama- mos. Mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu nutrirá também a eles. Por isso, descansamos sem maiores preocupações.”

(BUENO, Eduardo. Pau Brasil. São Paulo: Axis Mundi, 2002)

O diálogo entre o pastor calvinista Jean de Léry (1534-1611) e o velho Tupinambá, travado em algum momento da estada de Léry no Rio de Janeiro, entre março de 1557 e janeiro de 1558, é revelador

  • A da aliança entre portugueses e franceses no Atlântico sul, o que permitiu aos dois países explorarem conjuntamente as riquezas da América e, ao mesmo tempo, isolarem os espanhóis na porção mais ocidental do continente.
  • B da necessidade que Portugal tinha em exigir do papado um posicionamento favorável à partilha das terras “recém- -descobertas e por descobrir” apenas entre portugueses e espanhóis, o que só aconteceu no final do século XVII.
  • C do permanente conflito ocorrido entre os povos nativos da América e os colonizadores europeus, que não conseguiram estabelecer nenhuma forma de diálogo com os povos indígenas e participaram de constantes guerras de extermínio.
  • D da importância econômica que o pau-brasil tinha para os europeus no início da colonização e das intensas disputas entre portugueses e franceses pelas terras da América do Sul no século XVI, há pouco descobertas pela Coroa Portuguesa.
  • E da proximidade de pensamento entre os povos indígenas e os franceses, em geral mais respeitosos na relação com a natureza e com os nativos da América do que os portugueses, responsáveis por uma prática econômica predatória.