Questões comentadas de Concursos para Coordenador Pedagógico Padrão P - Grau III - para Escolas Indígenas

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Os povos indígenas amazônicos sofreram durante séculos o constante impacto da colonização e dos aculturadores, que pensam que, para serem reconhecidos como cidadãos, os indígenas devem adotar modelos da cultura ocidental. No entanto, nos últimos anos os modelos de vida nativos têm ganhado reconhecimento, visto que oferecem contribuições muito interessantes para o desenvolvimento sustentável, considerando os milênios vividos em constante adaptação à heterogênea e complexa situação ecológica da Amazônia. Somos conscientes de que a cultura é um elemento de identidade viva, dinâmica e que tende a criar sincretismos com outras culturas próximas. Consequentemente, é lógico pensar que os traços culturais de cada grupo indígena foram e seguem variando de tal forma que comunidades de um mesmo grupo étnico podem mostrar diferenças significativas entre si. Essa é uma das riquezas de manter um mosaico de diversidade cultural: nada permanece, tudo se transforma.
(RENGIFO (YAHUA), Roberto Suarez. A interpretação dos desenhos Kene Shipibo Conibo. In: Rezende, Justino Sarmento (org.) Paneiro de saberes: transbordando reflexividades indígenas, Brasília, DF: Mil Folhas, 2021, p. 39)

O pesquisador indígena Roberto Yahua reflete sobre cultura ocidental e cultura indígena. No trecho, o autor afirma que
  • A os colonizadores exaltaram a cultura indígena.
  • B os povos indígenas adotaram a cultura ocidental.
  • C a cultura muda em contato com outra cultura.
  • D o conceito cultura é igual ao conceito identidade.
  • E a cultura indígena é invariável.

O Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI) indica que são características da educação escolar indígena ser diferenciada, ser específica, ter caráter comunitário, ser intercultural, ser bilíngue/multilíngue. A escola com essas características

  • A segue a forma de funcionamento e as orientações das escolas não indígenas.
  • B define os espaços e momentos utilizados para a educação escolarizada.
  • C considera que há culturas superiores e culturas inferiores.
  • D avalia o uso de mais de uma língua como prejudicial aos estudantes indígenas.
  • E prioriza o uso da língua portuguesa como língua de instrução.
Vivo pensando que todas as crises da sociedade ocidental moderna, com suas grandes ideias de desenvolvimento e tecnologias, são frutos da ideia do ser humano (não indígena) como centro do mundo e do esquecimento da importância do planeta que está em conexão múltipla, permitindo a emergência da diversidade dos seres. Nós, povos indígenas, somos os guardiões das florestas, dos rios, da terra e de toda a ecologia que permite a existência da diversidade da vida e, por isso, não devolver a nossa terra é como aprisionar e envenenar a nossa mãe. Todas as ações/políticas e formação visam a nossa resistência, luta e a possibilidade de reaver o nosso grande território tradicional para que a memória e os guardiões voltem a conduzir a existência do nosso povo Guarani e Kaiowá.
(BENITES, Eliel. A educação Indígena como ferramenta de resistência, 1 de setembro de 2022. Disponível em: https://www.dw.com)
O professor indígena Eliel Benites, do povo Guarani Kaiowá, faz uma reflexão sobre educação escolar indígena como instrumento de resistência. Para o autor, a formação indígena contribui para
  • A colocar o ser humano como centro do mundo.
  • B aprisionar e envenenar a mãe Terra.
  • C retomar as terras tradicionais indígenas.
  • D impedir a existência do povo indígena.
  • E criar crises na sociedade ocidental moderna.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas informam no artigo 8 que Os projetos pedagógicos de cursos da formação de professores indígenas devem ser construídos no âmbito das instituições formadoras de modo coletivo, possibilitando uma ampla participação dos povos indígenas envolvidos com a proposta formativa e a valorização dos seus conhecimentos e saberes. Considerando as Diretrizes, os projetos pedagógicos devem

  • A relacionar territorialidade e escola, contribuindo para a continuidade dos povos em seus territórios e para a viabilização dos seus projetos de bem-viver.
  • B uniformizar as formas de educar, cuidar e socializar nas comunidades indígenas.
  • C decompor os saberes, as práticas da formação docente e os interesses etnopolíticos, culturais, ambientais e linguísticos dos respectivos povos e comunidades indígenas.
  • D priorizar as semelhanças culturais e sociolinguísticas dos povos indígenas, valorizando suas formas de organização social, cultural e linguística.
  • E definir a relação dos povos e comunidades indígenas com outras culturas e seus respectivos saberes.
O respeito, então, ao saber popular implica necessariamente o respeito ao contexto cultural. A localidade dos educandos é o ponto de partida para o conhecimento que eles vão criando do mundo. “Seu” mundo, em última análise é a primeira e inevitável face do mundo mesmo.
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 86)
Com base no trecho acima, é correto afirmar que, para Paulo Freire,
  • A a escola deve considerar a realidade do estudante.
  • B a educação escolar deve ser bancária.
  • C o estudante é um receptor passivo de conhecimentos.
  • D a escola deve formar mão de obra para o mercado de trabalho.
  • E o professor é o centro do processo de ensino.