Leia o texto.
Capítulo V O agregado
Nem sempre ia naquele passo vagaroso e rígido. Também se descompunha em acionados, era muita vez rápido e lépido nos movimentos, tão natural nesta como naquela maneira. Outrossim, ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo, a tal ponto as bochechas, os dentes, os olhos, toda a cara, toda a pessoa, todo o mundo pareciam rir nele. Nos lances graves, gravíssimo. Era nosso agregado desde muitos anos; meu pai ainda estava na antiga fazenda de Itaguaí, e eu acabava de nascer. Um dia apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; levava um Manual e uma botica. Havia então um andaço de febres; José Dias curou o feitor e uma escrava, e não quis receber nenhuma remuneração. Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. José Dias recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre. ASSIS, M. Dom Casmurro.
Observando a relação entre as estruturas morfossintáticas e os sentidos do texto, é possível inferir que
- A em “...dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre” o adjetivo “justo” tem função acessória no período em que ocorre.
- B quanto à tipologia textual, ambos os parágrafos são predominantemente descritivos, o que se pode comprovar pela quantidade de adjetivos que caracterizam o mesmo “objeto” do narrador: José Dias, o agregado.
- C o uso facultativo do acento indicativo de crase em “...à casa de sapé do pobre” se dá porque as locuções adjetivas “de sapé” e “do pobre” obrigam (“forçam”) o substantivo “casa” a ser antecedido de um artigo definido, já que essa casa foi caracterizada.
- D “gravíssimo” é um adjetivo e se encontra no grau superlativo absoluto sintético, assim como bravíssimo, macérrimo, tristíssimo etc. Essa forma de se graduar o “peso” do adjetivo tem função, na maioria das vezes, de aprofundar o valor do adjetivo. Dependendo do contexto, essas formas podem indicar ironia.