Considere o texto abaixo, que aborda a relação entre ética empresarial e sustentabilidade.
Muitas empresas trataram inicialmente o tema da ética estritamente em termos de mercado: investir mercadologicamente na ética. [...] Fizeram da Responsabilidade Social e do Código de Ética uma peça publicitária. [...] Outras empresas foram apercebendo-se de que havia um outro desafio. Levantou-se a hipótese de que o mercado (assim como a política) estivesse esbarrando num limite de sustentabilidade que requereria um outro tipo de atitude diante das questões ambientais, sociais, éticas. [...] Isso significaria apostar num novo padrão de relação com todos os stakeholders, num compromisso efetivo com a sociedade, a cultura, a comunidade local, o meio ambiente, a vida dos colaboradores da empresa, sem inviabilizarem seus negócios. Essas empresas são as que olham mais à frente, para uma necessária, ainda que precária, reconciliação entre economia e sociedade, produtividade e desenvolvimento, lucro e justiça social, empreendedorismo e ética. [...] Mobilizam suas Relações Públicas nesse sentido de comunicação e de compromisso público.
CASALI, A. Ética e sustentabilidade nas Relações Públicas. In. Organicom, ano 5, n.8, 2008.
Levando-se em conta a fundamental importância da função do profissional de Relações Públicas na gestão das relações organizacionais e na comunicação entre as empresas e seu público, verifica-se que
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A a estratégia mais viável para empresas é reduzir aspectos éticos e de responsabilidade social à propaganda publicitária, pois esse é o único meio eficiente de comunicação entre a marca e seus consumidores e, consequentemente, de viabilização financeira dos negócios.
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B o profissional de relações públicas pode contribuir na transmissão dos valores da empresa associados a um compromisso ético efetivo com a sociedade, apresentando, por exemplo, suas iniciativas alinhadas às diretrizes desenhadas pelos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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C a aposta a ser feita, em nossos dias, é em um novo padrão de relação entre os negócios e as partes interessadas (stakeholders), desassociando lucro e justiça social, empreendedorismo e ética, sustentabilidade e redução de desigualdades, subordinando, assim, à lógica do capital e do lucro a curto prazo as ações sociais e de impacto ambiental das empresas.
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D a função da empresa é formular um código de Ética Empresarial que dê conta de suas iniciativas de responsabilidade social, apostando que este seja o único e principal instrumento de comunicação de valores, avaliação e mensuração de riscos e impactos ambientais.
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E os valores sociais são sempre individualizáveis — o que é bom para um pode ser mau para o outro —; portanto, recomenda-se reconhecer que as iniciativas sustentáveis de cada empresa, bem como os impactos socioambientais de seus negócios, devem ser pautados pelo sigilo e raramente comunicados ao público.