A economia política da comunicação é uma teoria que começa a se desenvolver nos anos 1960. Um de seus principais expoentes na América Latina é César Bolaño, que escreveu em 2007 um artigo de onde foi retirado o texto abaixo.
A problemática da subsunção do trabalho é, portanto, crucial, e a expropriação recorrente do conhecimento produzido pela classe trabalhadora faz parte, de uma ou de outra forma, dessa problemática, desde o início. A sua acumulação primitiva, primeiro, é que permite, de fato, o real domínio do capital sobre processos de trabalho que ele próprio não inventou, mas herdou do artesanato, aperfeiçoando-os, ao adicionar-lhes o trabalho de mecânicos, engenheiros e outros intelectuais. Essa reorganização dos processos de trabalho tinha como objetivo ampliar a produtividade e redundou, com a Primeira Revolução Industrial, na desqualificação generalizada da classe trabalhadora e a decorrente concentração do conhecimento no interior do capital. A isto Marx chama subsunção real do trabalho no capital, e a Segunda Revolução Industrial é definida por ele como a extensão desse processo ao setor produtor das próprias máquinas, com o que as potências do trabalho, a serviço da acumulação capitalista, ampliam- -se de forma exponencial. [...] O significado último do desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), vinculadas à Terceira Revolução Industrial, reside justamente na subsunção desse trabalho intelectual, o que vem acompanhado de uma intelectualização geral de todos os processos de trabalho convencionais e do consumo, de modo que o conjunto das relações de produção e das relações sociais em geral se altera para adequar-se às novas exigências da acumulação capitalista.
BOLAÑO, C. Trabalho, comunicação e desenvolvimento. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.3, n.1, mar. 2007, p.33-42. Disponível em: http://www.ibict.br/liinc. Acesso em: 20 dez. 2023. Adaptado.
O ponto central discutido no texto é a(o)
- A acumulação crescente de dinheiro pelos trabalhadores por conta do uso de máquinas e equipamentos.
- B devolução do conhecimento ao trabalhador na Terceira Revolução Industrial, ao contrário do que ocorreu na primeira e na segunda revoluções industriais.
- C atuação libertadora das tecnologias da informação e da comunicação,TIC, no que diz respeito à descentralização dos meios de produção, ao contrário do que ocorria no capitalismo monopolista.
- D incorporação do conhecimento do trabalhador às máquinas usadas pelos donos dos meios de produção para conseguir mais produtividade/receita, o que explica o uso atual da inteligência artificial.
- E estudo feito por Marx sobre o taylorismo/fordismo na indústria, depois substituído pelo toyotismo.