No período “Para isso, deverá não se deixar trair pela vaidade excessiva nem acreditar em tudo o que ouve, principalmente quando parte dos bajuladores que costumam estar à volta, como a mosca azul que insiste em rondar o banquete para tirar vantagem da porção que apodreceu” (5º parágrafo, texto 1), a referência à “mosca azul” pode ser lida numa relação de intertextualidade com o poema A Mosca Azul , de Machado de Assis, cuja primeira estrofe é: “Era uma mosca azul, asas de ouro e granada, / Filha da China ou do Indostão, / Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada, / Em certa noite de verão.”. Levando-se em conta essa relação de intertextualidade e a descrição damosca azul feita por Machado de Assis, pode-se afirmar que a “mosca azul” significa:
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A a tentação relacionada à riqueza e ao poder que, inoculada na alma humana, leva a pessoa a agir de modo a obter, por qualquer preço, os meios para atingir os seus fins.
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B a falsidade, a demagogia e outros contravalores praticados por aqueles que, no exercício do poder, oprimem as pessoas e as mantêm subjugadas às suas ordens.
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C a ação dos bajuladores interessados em obter vantagens junto às autoridades constituídas, com o fim de usufruir as regalias que lhe são oferecidas, enquanto estas durarem.
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D a vaidade excessiva que pode tomar conta do homem público quando, no exercício do poder, passa a se considerar senhor absoluto da verdade, só aceitando a opinião dos bajuladores.
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E a negação da própria fragilidade enquanto ser humano, levando a pessoa a considerar-se quase perfeita, ou não sujeita a erro, numa atitude de autodivinização.