A literatura brasileira é reconhecida em todo o mundo por seus romancistas, cronistas e poetas. Dentre eles, destaca-se Carlos Drummond de Andrade (1902 — 1987), mineiro de uma pequena cidade que apesar de ser mais conhecido como poeta também escreveu algumas crônicas. Dentre elas, “Furto de flor”, que foi publicada na obra Contos Plausíveis (1985) que parte de uma ação simples, um episódio do cotidiano que acaba suscitando reflexões e sentimentos profundos. A crônica está transcrita abaixo.
“Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico das flores. Eu a furtara, eu a via morrer. Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me: – Que idéia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!”
As crônicas são textos fictícios que retratam e nos fazem refletir sobre ações cotidianas. Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação correta da crônica lida.
- A Quando queremos cultivar alguma planta em casa, devemos estar atentos aos locais apropriados. O copo utilizado no conto fez com que a flor murchasse, já que não é o local apropriado para o cultivo de flores.
- B O texto chama a atenção para o ato de “furtar”. Não devemos roubar coisas que não nos pertencem. Assim como na crônica. Se um dia fizermos tal ato devemos devolver o objeto furtado ao seu lugar de origem.
- C Num gesto espontâneo, o homem colhe uma flor do jardim. Nos dias seguintes, ele acompanha o seu processo de decomposição, sendo levado a pensar sobre a passagem do tempo, a fragilidade e efemeridade da vida.
- D As pessoas não dão importância para as flores. O porteiro achou que era lixo o que o homem estava devolvendo. Conclui-se que falta consciência ambiental às pessoas.