Prova da Assembléia legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) - Procurador Jurídico - FGV (2017) - Questões Comentadas

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Em seu livro Verissimas, Luis Fernando Verissimo faz a seguinte observação:

“Dizem que Kurosawa nunca teve no Japão o prestígio que teve no Ocidente. Talvez não tenha sido um dos melhores diretores do Japão, mas foi um dos melhores diretores do mundo. Kurosawa nunca fez o espetáculo só pelo espetáculo e até uma carga de cavalaria num filme seu podia ser uma reflexão humanista”.

Sobre a estruturação argumentativa desse texto, somente é correto afirmar que:

  • A toda a argumentação de Verissimo se apoia exclusivamente em sua própria opinião;
  • B Verissimo, ainda que discorde da opinião japonesa sobre Kurosawa, faz uma concessão aos que pensam de forma diferente;
  • C segundo Verissimo, a opinião universal, particularmente do Ocidente, atribui um valor oposto ao que Kurosawa recebe no Japão;
  • D a afirmação de que Kurosawa é o melhor diretor cinematográfico do Japão se apoia na flagrante defesa do humanismo na produção de cenas comuns;
  • E de acordo com Verissimo, o cinema é um tipo de arte que deve apoiar-se na produção do espetáculo pelo espetáculo, por não ser um veículo adequado à Filosofia.

“Minha irmãzinha de 8 anos morreu, e minha mãe queria que sua sepultura estivesse sempre enfeitada de flores. Nem sempre era fácil arranjar flores naquele lugar em que a gente vivia – Pitangueiras, perto de Ribeirão Preto, em São Paulo – e por isso, minha mãe plantou um jardim, me chamou e disse: ‘Você é que vai tomar conta disso’. Eu tinha 9 anos e não gostei da tarefa, mas obedeci. Acabei tomando gosto por essa coisa de plantas...”.

Esse é um depoimento de José Zanine Caldas, um dos nossos melhores paisagistas, citado por Rubem Braga em uma de suas crônicas.

Sobre o processo de construção desse texto, é correto afirmar que:

  • A trata-se de um texto de base estrutural argumentativa, que justifica a adoção de uma profissão;
  • B ainda que relate um fato passado, o texto se apoia numa descrição do lugar de origem do paisagista;
  • C a estruturação do texto é claramente narrativa, pois se fundamenta numa sucessão cronológica de fatos do passado;
  • D o texto mostra uma organização de base dramática, pela presença do diálogo de base afetiva entre mãe e filho;
  • E o texto apresenta uma estrutura de base descritiva, fornecendo informações sobre o futuro paisagista.

“Sou dos que acham que as cidades são territórios em disputa. O jogo que envolve essa disputa se estabelece em teias tecidas pela construção de lugares de memória, confrontos de narrativas, permanências, rupturas, ressignificações, práticas cotidianas, estratégias de afirmação, vozes amplificadas e outras tantas silenciadas. A história de uma cidade, afinal de contas, também pode ser entendida por aquilo que ela já não é”. (Luiz Antonio Simas, na orelha do livro O Rio antes do Rio, de Rafael Freitas da Silva)

Um texto progride por encadeamento de ideias que se vão materializando por meio de ligações linguísticas.

A ligação entre termos desse segmento de texto que está corretamente indicada é:

  • A o vocábulo “que” sublinhado se refere ao termo anterior “os que”;
  • B o termo “essa disputa” se refere ao que é dito a seguir;
  • C o segmento “outras tantas” se liga semanticamente a “estratégias”;
  • D o elemento “uma cidade” se prende à cidade citada anteriormente;
  • E o pronome “ela” repete o termo “cidade”.

Uma das marcas da textualidade é a intertextualidade, que mostra um diálogo entre textos. O segmento abaixo, de Millôr Fernandes, que tem sua significação apoiada num texto alheio é:

  • A “Os fatos, na verdade, já não acontecem. São fabricados nas poderosas oficinas da comunicação de massa”.
  • B “Todos somos corruptos. Ninguém pode atirar a primeira pedra”.
  • C “O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”.
  • D “No dia em que morre um dos cônjuges, aí começa a felicidade conjugal”.
  • E “Para inveja das minhas amigas mantenho a mesma silhueta há vinte anos. Vestida, é claro!”.

Segundo Mattoso Câmara, um dos nossos maiores linguistas, estrangeirismo se refere aos empréstimos não integrados na língua nacional, revelando-se estrangeiros nos fonemas, na flexão e até na grafia.

Nesse caso, o único caso de estrangeirismo, entre os vocábulos sublinhados abaixo, é:

  • A Os clientes solicitaram musse de sobremesa.
  • B O filme mostrava cenas ousadas.
  • C Não serviram cachorro-quente na festa.
  • D O menino comeu um hamburger saboroso.
  • E A menina desligou o abajur e foi dormir.