Prova da Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo - Área II - Tarde - FGV (2023) - Questões Comentadas

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Como execução de seu planejamento sucessório, Ricardo e Maria doaram para sua filha caçula, Raquel, o direito real de propriedade de um de seus imóveis no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). No mesmo ato, Raquel constituiu direito real de usufruto vitalício e gratuito em favor dos doadores, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Os outros filhos, Tiago e Murilo, não aquiesceram com a doação.

Dois meses após a celebração do negócio jurídico cumulativo, que foi devidamente registrado na matrícula do imóvel, a União declarou o bem de utilidade pública e, sem sucesso na composição extrajudicial, ajuizou ação de desapropriação do direito real de propriedade.

No que toca à indenização pela desapropriação, Ricardo e Maria

  • A permanecem titulares do direito real de usufruto.
  • B não fazem jus a nenhum valor, pois a doação é nula.
  • C recebem indenização equivalente à nua-propriedade.
  • D não fazem jus a nenhum valor, pois a doação é ineficaz.
  • E recebem indenização equivalente à avaliação do usufruto.

Em um lançamento de um condomínio de lotes de terrenos, Jaqueline adquire o Lote 3 da Quadra 5 pelo valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Um mês após a aquisição, Jaqueline construiu sua casa por meio de empreitada, de lavor e material, que consumiu R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais de sua economia) de suas economias. Três anos após o início da obra, Jaqueline recebeu notificação extrajudicial de Marcos reclamando a posse do imóvel, sob a alegação de ser proprietário do terreno em que a casa foi construída. Aturdida, Jaqueline descobre que, de fato, construiu, por total descuido, sobre terreno que julgava ser o Lote 3. Contudo, após análise técnica, verificou que sua casa estava, de fato, construída sobre o lote 4, titularizado por Marcos.

Sem chegar a uma composição amigável, Jaqueline

  • A faz jus à retenção do terreno, enquanto não for indenizada pela benfeitoria.
  • B adquirirá a propriedade, independentemente da vontade de Marcos, indenizando-o pelo solo.
  • C deve devolver o terreno a Marcos de forma livre e desembaraçada de pessoas e coisas.
  • D faz jus à propriedade do Lote 4 por força de usucapião especial.
  • E tem direito à indenização, após transferir a posse a Marcos.

Marta, casada sob o regime da separação voluntária de bens com Antônio, herda da sua mãe um apartamento, e pretende destiná-lo à moradia gratuita da filha única do casal.

Diante disso, assinale a opção que apresenta a forma de atender à intenção de Marta, sem a necessidade do consentimento de Antônio para sua constituição.

  • A Uso.
  • B Servidão.
  • C Comodato.
  • D Habitação.
  • E Constituição de renda.

Joaquim, sócio administrador de ABC Ltda., contraiu empréstimo com Arnaldo, e com este valor integralizou as quotas da referida sociedade. Como garantia do empréstimo, Joaquim constituiu penhor sobre as suas quotas.

Passado certo tempo, Joaquim aceitou proposta consubstanciada na cessão de suas quotas a Ricardo, que lhe pagaria certa quantia e assumiria a dívida ainda existente perante Arnaldo, sob a modalidade de delegação. Concluído o negócio jurídico de forma incondicional, Ricardo notificou o credor acerca da assunção de dívida, mas Arnaldo quedou-se inerte.

A respeito da situação narrada, assinale a afirmativa correta.

  • A O silêncio, nesta hipótese, é considerado como assentimento, e o penhor subsistirá.
  • B A recusa de Arnaldo torna o negócio jurídico anulável.
  • C A ausência de consentimento deve ser tida como uma promessa de liberação da dívida por Joaquim.
  • D O penhor, com a assunção de dívida tacitamente consentida, é considerado extinto.
  • E A recusa de Arnaldo torna Joaquim e Ricardo seus devedores, com a manutenção do penhor.

De forma a pôr fim a uma potencial demanda judicial, Henrique, proprietário da Fazenda Santa Cruz, reconheceu ser devida indenização a Tatiana, vizinha e proprietária da Fazenda Algodões, em razão de dano material ocasionado ao imóvel fronteiriço.

Na composição, Henrique pagaria a indenização em 60 (sessenta) parcelas mensais, cuja obrigação deveria ser garantida por uma hipoteca. Em razão de Fazenda Santa Cruz ser seu único imóvel e ter valor muito superior à indenização, Henrique ofereceu a Tatiana, como garantia da obrigação, um conjunto de salas comerciais pertencente a Paula, irmã do devedor.

Sem nenhuma disposição especial a mais, o acordo foi celebrado por meio de escritura pública subscrita pelos três envolvidos. Contudo, logo após a constituição da garantia na matrícula dos imóveis, as salas vieram a perecer, em razão de desabamento do edifício. Apesar de o condomínio contar com seguro pelas acessões sobre o terreno, o solo em si não estava abrangido por proteção contratual, tal como decidido em assembleia própria.

Diante destes fatos, a garantia do negócio jurídico descrito

  • A fica integralmente extinta.
  • B será restringida ao valor da indenização do seguro.
  • C será restringida à hipoteca da fração ideal do terreno.
  • D deverá ser recomposta por Henrique, em razão de determinação legal.
  • E é sub-rogada pelo valor da indenização do seguro e mantida sobre a fração ideal do terreno.