Prova do (2009) - Questões Comentadas

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Assinale a alternativa correta sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis.
  • A O romance em si é um simples acidente, sendo fundamentais e orgânicas na obra a descrição dos costumes e a filosofia social que lhe está implícita.
  • B Com este romance o escritor faz a liquidação dos saldos do Segundo Reinado e estabelece o divisor de águas entre o tipo patriarcal e o tipo burguês de civilização, representados no terreno da organização política, respectivamente, pela Monarquia e pela República.
  • C Romance complexo e ambicioso, Dom Casmurro faz um estudo da desagregação psicológica do protagonista, cuja loucura é tratada com agudeza humorística.
  • D A situação criada no romance já é por si mesma absurda, sugerindo uma espécie de mascarada confessa, em que o verdadeiro autor ajusta ou retira a máscara nas barbas do leitor, como quem não leva a sério os compromissos de artífice, isto é, fabricando uma ilusão romanesca e criando um ambiente que dê aos leitores certo simulacro de vida a evolver no tempo.
  • E Por meio de um discurso ordenado e lógico, o protagonista procura resolver sua angústia existencial, incorrendo em duas falácias, ao estabelecer sua verdade: do ponto de vista estritamente jurídico, peca por basear sua persuasão no verossímil e, do ponto de vista moral-religioso, por sustentar suas justificativas pelo provável.
Assinale a alternativa que apresenta a análise crítica do excerto do capítulo XXXIII (“O penteado”), de Dom Casmurro, de Machado de Assis, apresentado a seguir.
– Pronto! – Estará bom? – Veja no espelho. Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto, que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclineime depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de um na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu. – Levanta, Capitu! Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
  • A Quase toda a obra de Machado de Assis é um pretexto para o improviso de borboleteios maliciosos, digressões e parênteses felizes. (Augusto Meyer).
  • B Que excelente, e penetrante, e fino estudo da mulher nos deu, como a brincar, recobrindo-o de riso e de ironia, o sr. Machado de Assis, nesta sua Capitu! (José Veríssimo).
  • C A problemática de Dom Casmurro ultrapassa, por assim dizer, o esquema rígido das relações propostas apenas por este romance, pois não é só ele que reflete o problema do amor/ casamento/ciúme na sociedade patriarcal brasileira. (Silviano Santiago).
  • D A grande contribuição do humorismo na obra de Machado de Assis foi permitir-lhe revelar as tacanhas proporções da sua gente sem resvalar nem para a declamação nem para a caricatura. (Lúcia Miguel Pereira).
  • E Na obra de Machado de Assis as mulheres são piores que os homens, mais perversas. (Mário de Andrade).
Assinale a alternativa correta sobre Luuanda, de José Luandino Vieira.
  • A Nas três narrativas do livro, o leitor tem à disposição um precioso trabalho com a linguagem que torce e retorce a língua portuguesa, explorando a capacidade de refletir esse outro universo cultural que o escritor tem como objeto de seu inquieto olhar.
  • B A escolha do espaço está associada à opção por personagens que acabam por se integrar à ordem que regula a sociedade colonial. Vavó Xixi e Zeca Santos, seu neto; as vizinhas Bina e Zefa; o menino Beto; Xico Futa; Lomelino dos Reis; Garrido e Inácia são personagens que organizam modos muito singulares de sobrevivência.
  • C O trabalho de elaboração da linguagem nas estórias é capaz de preservar o mundo português da presença dos outros mundos que a cidade guarda, abolidos pela prolongada e feroz dominação.
  • D Ocupando quase sempre o papel de protagonistas da literatura portuguesa, os angolanos cedem, por conta da complexidade cultural em que estava imerso o país, lugar e voz nessas narrativas para os portugueses, que estão dispostos a justificar o processo de colonização.
  • E A alteração do nome da capital de Angola tem implicações na abordagem do espaço que foi, desde muito cedo, um ponto fundamental no império lusitano. O autor valoriza, assim, o ponto de vista dominante, o dos negros, mestiços e brancos pobres que apagaram os vestígios da colonização portuguesa naquele país.
Assinale a alternativa correta sobre o excerto da “Estória do ladrão e do papagaio”, que integra o livro Luuanda, de José Luandino Vieira, apresentado a seguir.
“Nem uazekele kié-uazeka kiambote, nem nada, era só assim a outra maneira civilizada como ele dizia; mas também depois ficava na boa conversa de patrícios e, então, aí o quimbundo já podia se assentar no meio de todas as palavras, ele até queria, porque para falar bem-bem português não podia, o exame da terceira é que estava lhe tirar agora e por isso não aceitava falar um português de toda a gente, só queria falar o mais superior.”
  • A Escrito em quimbundo, o texto registra expressões em português, a fim de criar um estranhamento significativo para a compreensão da lógica que move o livro.
  • B A linguagem dos musseques (os bairros pobres de Luanda) é reproduzida aqui fielmente, constituindo um precioso documento historiográfico que dá conta de explicar a dominação portuguesa em Angola.
  • C O esforço de recriação do registro escrito culto da linguagem pode ser comparado ao de Guimarães Rosa e representa uma profunda reflexão sobre a arte de contar histórias.
  • D O português sólido e cerrado, mas ao mesmo tempo transparente, que surge no texto está a serviço de registrar a história de um povo empenhado em sua emancipação política e cultural.
  • E Diante do texto, logo percebemos não estar em contato com um escritor português. O esforço de nacionalização da língua, que também se manifesta no recurso a uma sintaxe diferente, procura exprimir a ruptura com a norma lusitana e indiciar outras rupturas que precisam acontecer.
Assinale a alternativa correta sobre A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade.
  • A Os poemas do livro constituem uma síntese definidora do que representam as paisagens mineiras para o poeta, situado distante delas, mas sentindo-as em si mesmo na cidade confusa e tumultuada.
  • B A obra é o depoimento de um poeta menino modificado pelo tempo. Assim, o menino faz-se antigo, colocando o presente e o passado numa continuidade para distanciá-los.
  • C Ao longo dos poemas, o poeta percorre o interior de versos sóbrios, secos e contemplativos, mas impregnados de paixão e sentimento, baseado em uma dualidade: a aristocracia da expressão e o esforço generoso para a compreensão do que é popular.
  • D O livro representa um sugestivo testemunho da luta que um poeta de vanguarda tem de travar contra o conservadorismo ignorante, a inércia burguesa e a estupidez instituída.
  • E No conjunto de poemas, o poeta recupera o humorismo da fase inicial de sua carreira e um interesse renovado pela anedota e pelo fato corrente, tratados com relativa gratuidade.