Prova do Junta Comercial do Estado do Paraná (JUCEPAR) - Administrador - PUC-PR (2017) - Questões Comentadas

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O trecho da coluna semanal de Contardo Calligaris reproduzido a seguir é referência para a próxima questão.

Domingo, 10 de setembro, em Porto Alegre, o Santander Cultural encerrou a exposição "Queermuseu". O banco se apavorou diante das ameaças de boicote por clientes indignados com algumas das obras expostas – as quais ofenderiam a moral e instigariam pensamentos e atos impuros.

Uma parte, ao menos, dos protestos veio de pessoas que se declaram "liberais". Mamma mia. Liberal é quem defende, antes de mais nada, a liberdade do indivíduo (limitada apenas pelo Código Penal). Um liberal que não gostasse das obras expostas visitaria outra exposição. Ponto. Pretender boicotar o banco se a exposição não for fechada, essa é a conduta de grupos confessionais ou totalitários (fascistas ou comunistas).

Folha de S. Paulo, 15/09/17. (excerto).


Ao afirmar que a conduta descrita no texto é tanto de grupos fascistas quanto comunistas, o autor

  • A recrimina quem não gosta da exposição.
  • B concorda com os que culpam o banco pelo evento.
  • C define esses comportamentos como radicais.
  • D confunde os conceitos de liberal e fascista.

Leia o excerto da apresentação de uma reportagem, reproduzido a seguir.


Afinal, por que (1) é que o Brasil nunca deixa de ser pobre?

Spoiler: porque (2) o único caminho para enriquecer é diluir a concentração de poder político-econômico. E o que fazemos é justamente o contrário.

Mais de 40 milhões de brasileiros moram em residências sem acesso a água potável, mesmo estando no país com as maiores reservas de água doce do mundo. Em um terço dos 1.444 municípios do semi árido nordestino, mais de 10% das crianças sofre de desnutrição – no país que mais produz proteína animal no planeta.

Mergulhando um pouco mais na história brasileira, não é difícil perceber que riquezas naturais e qualidade de vida para a população não são necessariamente coisas que andam lado a lado. Nosso imenso potencial tem feito justamente o contrário, nos ajudando a empacar em uma nada agradável 80ª posição mundial quando o assunto é a riqueza produzida por cada cidadão. Não faz sentido. Lendo a próxima página, no entanto, você vai entender os porquês(3).

Disponível em: <https://super.abril.com.br/sociedade/afinal-por-que-e-que-o-brasil-nunca-deixa-de-ser-pobre/>. Acesso em: 10/9/17.


Algumas palavras podem ser pronunciadas da mesma maneira, mas sua grafia e significado são diferentes. É o que acontece com “por que”, conforme se pode ver no excerto lido. A respeito das diferentes possibilidades de emprego de “por que”, assinale a análise CORRETA.

  • A Na terceira ocorrência, a grafia se justifica por se tratar de um emprego da palavra como substantivo.
  • B Na primeira ocorrência, por se tratar de uma pergunta indireta, a grafia aceita poderia ser por quê.
  • C Na primeira ocorrência, caso a frase não estivesse deslocada, a grafia deveria ser junta.
  • D Na segunda ocorrência, a grafia se justifica por preceder uma consequência.

Pesquisadores das universidades da Califórnia e do Texas, ambas nos Estados Unidos, descobriram que os smartphones podem diminuir a capacidade cerebral das pessoas — mesmo quando não são usados. O estudo, publicado no periódico Journal of the Association for Consumer Research, foi feito com mais de 500 jovens, e seus resultados mostram que aqueles que estavam mais próximos de seus aparelhos telefônicos, mesmo que desligados, estavam mais atentos aos dispositivos e preocupados com isso.

Os voluntários da pesquisa alegaram se sentirem distraídos pelos celulares, mesmo quando não estavam com eles. “Temos recursos limitados de atenção e utilizamos alguns deles para apontar o resto na direção certa”, conta Adrian Ward, um dos autores da pesquisa, ao The Atlantic.

Entretanto, o estudo de Ward e seus colegas não foi replicado, o que é um problema, já que há uma grande discussão na atualidade que defende a replicação de todos os estudos psicológicos antes de maiores conclusões. A recomendação do especialista, mesmo assim, é colocar o smartphone em outro cômodo em momentos de descanso e necessidade de maior concentração.

Disponível em: <http://revistagalileu.globo.Ciencia/noticia/2017/08/smartphones-diminuem-capacidade-cerebral-das-pessoas-apontaestudo.html>. Acesso em: 16/08/17.


O conectivo “Entretanto”, no início do último parágrafo, indica

  • A uma consequência do estudo feito, que não pôde ser confirmado por falta de evidências e de aplicação científica.
  • B uma ressalva ao conteúdo anterior, já que o estudo em questão não foi reproduzido em busca de resultados semelhantes.
  • C uma oposição aos resultados do estudo, pois a comunidade científica não comprovou a eficácia do experimento conduzido.
  • D uma concessão aos indícios coletados, que não eram conclusivos ou deixavam brechas para outras análises possíveis.

Se saber contar uma história de amor é uma arte, saber viver uma história de amor é igualmente arte maior e rara. Arte igualmente bela, dificílima e necessária. Verdade é que nem sempre essa história é contada na mesa do bar. Possivelmente o mundo, dela não tomará conhecimento. Pouco importa. Os que a viveram, embora não a alardeiem, se comprazem em vivê-la, em lembrá-la ou em ver na representação do amor alheio seu realizado amor.

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Ler o mundo. São Paulo: Global, 2011, p. 112.


A forma verbal alardeiem pode ser corretamente substituída, mantendo-se o sentido inicial do texto, por

  • A congratulassem.
  • B aparentam.
  • C divirtam-se.
  • D ostentem.

Num congresso que celebra o valor da palavra, o tema da minha intervenção é o modo como critérios hoje dominantes desvalorizam palavra e pensamento em nome do lucro fácil e imediato. Falo de razões comerciais que se fecham a outras culturas, outras línguas, outras lógicas. A palavra de hoje é cada vez mais aquela que se despiu da dimensão poética e que não carrega nenhuma utopia sobre um mundo diferente. O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os africanos voltaram a ser os “outros”, os que vendem pouco e os que compram ainda menos. Os autores africanos que não escrevem em inglês (e em especial os que escrevem em língua portuguesa) moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.

COUTO. Mia. E se Obama fosse africano? e outras intervenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 13.


Uma das maneiras de retomar palavras e expressões já empregadas em um texto é utilizando pronomes. Assinale a alternativa que indica CORRETAMENTE a possível substituição ou retomada para o excerto lido.

  • A Caso o autor desejasse retomar, no período seguinte, as palavras “palavra” e “pensamento”, nessa ordem, poderia empregar esta e aquele.
  • B A palavra “se” apresentada no segundo período funciona como pronome reflexivo para razões comerciais.
  • C Ao empregar o pronome “nossa”, o autor se distancia do objeto de atenção do texto, revelando a exclusão que pretende evidenciar.
  • D O pronome “outros”, entre aspas no texto, confere destaque positivo ao grupo que representa – os africanos.