Consta, expressamente, como ideias e conclusões trazidas pelo texto acima:
- A Longe de ser um empreendimento amador, o “novo cangaço” é uma articulação entre especialistas. Muito diferente do que ocorre em gangues de bairro ou em facções criminosas estabelecidas, os assaltantes se conectam em “coalisões temporárias”, sem uma identidade coletiva que os representem. As efêmeras articulações são construídas no próprio processo de planejamento do assalto. Com base nesse modo de operação, poderíamos, então, esquematizar os recursos mobilizados pelos “neocangaceiros” em torno de quatro grupos primordiais: 1) a capacidade de planejamento; 2) o capital humano especializado; e 3) o acesso a aparatos bélicos; e 4) os meios de lavagem de dinheiro. Todos eles dependem da articulação de uma rede criminal.
- B A pesquisadora Jania Perla Diógenes de Aquino, em entrevista concedida ao podcast do Centro de Estudos de Criminalidade a Segurança Pública da UFMG -o Crisp Entrevista -, afirma que os assaltos a instituições financeiras, diferentemente dos assaltos de rua, por exemplo, envolvem uma espécie de “elite do crime”. Isso porque, como surgiu em seu trabalho de campo, existe uma seleção de quem poderá integrar os grupos: são sujeitos entendidos como experientes, capazes de controlar as próprias emoções, confiáveis, racionais, discretos. Essas habilidades, desenvolvidas ao longo de trajetórias de vida no “crime”, são importantes para o sucesso da ação.
- C É preciso repensar a aplicação de pena de privação de liberdade a sujeitos condenados por esse tipo de assalto, em especial nos casos em que não há feridos, já que, longe de interromper o ciclo “neocangaceiro”, a cadeia o retroalimenta e e complexifica. Ou seja, acabamos por chegar, mais uma vez, à mesma conclusão que vem sendo incansavelmente repetida por estudiosos do campo da criminalidade e da Segurança Pública: se queremos, de fato, construir uma cultura de paz, devemos investir na prevenção e na inteligência, e tirar o foco da punição e do encarceramento.
- D A ideia trazida pelo autor do texto acerca das ações realizadas pelo novo cangaço é de que são iniciativas deflagradas por grandes grupos com materiais de guerra avançados, que planejam um assalto a ser realizado em instituição financeira de cidade pequena ou média, buscam neutralizar as polícias, exercem um domínio territorial momentâneo a partir do bloqueio de vias de acesso ao local, fazem reféns e tem como objetivo (muitas vezes alcançado) a apropriação de enormes quantias de dinheiro.