Prova da Prefeitura de Brasília de Minas-2 - Médico - COTEC (2024) - Questões Comentadas

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Caso clínico: Paciente Joana, 48 anos de idade, tabagista, etilista, em tratamento de câncer de pulmão metastático, evoluiu nos últimos dias com quadro sugestivo de pneumonia bacteriana, sendo tentado tratamento antibiótico oral pela equipe de oncologia em nível ambulatorial. Porém, paciente não obteve resposta clínica desejada, evoluindo com piora dos sintomas respiratórios, sonolência, oligúria e febre persistente nas últimas 12 horas, sendo então levada ao prontosocorro pela equipe do SAMU. Na admissão na sala vermelha, paciente apresentava-se sonolenta, mas responsiva e orientada, glasgow 14 perdendo ponto apenas na abertura ocular, pupilas isofotorreativas, estável hemodinamicamente com pressão arterial de 130/80 mmHg, taquicardia regular (FC 125 bpm), taquidispneica (FR 36 irpm) e com esforço respiratório importante, saturando 82% em ar ambiente, febril (temperatura axilar de 38,5 graus Celsius). Foi prontamente monitorizada, iniciada oxigenoterapia por máscara de alto fluxo não reinalante a 10 l/min com melhora da saturação periférica de oxigênio para 99%, mas mantendo esforço respiratório, realizada reposição volêmica, aberto pacote de sepse, coletadas culturas gerais e iniciada antibioticoterapia venosa de amplo espectro de forma precoce. Os exames evidenciaram leucocitose com desvio à esquerda, PCR elevado, aumento de escórias renais (ureia: 128 e creatinina: 3,2 mg/dL), potássio sérico: 5,2 mEq/dL, sódio: 144 mEq/dL, lactato: 4 mmOl/L e gasometria arterial com pH 7,13 pCO2 45 pO2 143 HCO3 16 BE -14,2. Diante do quadro clínico descrito, assinale a alternativa CORRETA com relação ao manejo respiratório dessa paciente.
  • A A paciente apresenta disfunção renal e consequente acidose metabólica compensada, já que o PCO2 esperado é 42, o qual, associado ao quadro clínico descrito, sugere fadiga respiratória, sendo indicada a realização de ventilação não invasiva.
  • B A paciente apresenta disfunção renal e consequente acidose respiratória compensada, já que o HCO3 esperado é 13, o qual, associado ao quadro descrito, sugere fadiga respiratória, sendo iniciadas a intubação orotraqueal e a ventilação invasiva.
  • C A paciente apresenta disfunção renal e consequente acidose metabólica não compensada, já que o PCO2 esperado é 22, configurando um distúrbio misto que sugere fadiga respiratória, sendo indicada a realização de ventilação não invasiva.
  • D A paciente apresenta disfunção renal e consequente acidose metabólica não compensada, já que o PCO2 esperado é 32, configurando um distúrbio misto que sugere fadiga respiratória, sendo indicadas a realização de intubação orotraqueal e a ventilação invasiva.
  • E A paciente apresenta disfunção renal e consequente acidose respiratória compensada, já que o HCO3 esperado é 30, o qual, associado ao quadro descrito, sugere fadiga respiratória, sendo iniciada a intubação orotraqueal e a ventilação invasiva.
Caso clínico: Paciente feminina, 49 anos, trazida pelo SAMU após relato de cefaleia intensa, crise convulsiva tônicoclônica generalizada, permanecia com escala de coma de Glasgow de 4 pontos após a crise, anisocórica. Foi realizado o atendimento inicial primário com intubação orotraqueal e início de sedoanalgesia contínua com midazolam e fentanil, estabilização hemodinâmica e encaminhada para TC do crânio na urgência, a qual revelou hemorragia subaracnoidea difusa com inundação ventricular (Fisher IV). A paciente foi submetida à neurocirurgia de emergência para implante de derivação ventricular-externa e monitorização da pressão intracraniana, realizada arteriografia, que revelou aneurisma roto de artéria cerebral média direita e sinais de vasoespasmo cerebral. Assim, ela foi conduzida à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para suporte intensivo, em uso de nimodipino 60mg 4/4h. No 6º dia de internação, durante a avaliação clínica no plantão, o médico percebeu que a paciente se encontrava com pupilas midriáticas e arreativas, sem reflexo de tosse. Encaminhada, novamente, para TC do crânio na urgência, o exame revelou extensa isquemia bilateral com edema cerebral e sinais de hipertensão intracraniana compatível com suspeita de morte encefálica. Foi, então, suspensa a sedoanalgesia contínua e acionada a equipe da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante (CIHDOTT), pois a paciente apresentava função renal e hepática preservadas. Diante desse relato, assinale a alternativa CORRETA quanto ao seguimento do protocolo de morte encefálica.
  • A Deve haver o período mínimo de tratamento e observação hospitalar de 8 horas e, em caso de encefalopatia hipóxico-isquêmica, o período passa para 24 horas.
  • B Deve haver, pelo menos, dois exames clínicos, realizados em intervalos de 6 horas, comprovando coma aperceptivo e ausência de reflexos de tronco por médicos capacitados.
  • C Deve-se aguardar o tempo de 5x a meia vida das drogas sedativas após a suspensão delas, para o início do protocolo; logo, no caso descrito, deve-se aguardar 10 horas da suspensão.
  • D Deve a paciente apresentar temperatura corporal superior a 36 ºC, SatO2 acima de 92%, PA sistólica acima de 90mmHg ou PA média acima de 65 mmHg.
  • E Deve-se realizar o teste de apneia como parte do protocolo, o qual é considerado positivo quando há ausência de movimentos respiratórios com PaCO2 > 65 mmHg.
Caso clínico: Um paciente, de 55 anos, é admitido na UTI com bradiarritmia instável. O médico responsável decide iniciar o tratamento com uma droga vasoativa para melhorar a frequência cardíaca. Com base no conhecimento dos efeitos das principais drogas vasoativas, qual das alternativas a seguir é a melhor escolha para o tratamento desse paciente e qual é o mecanismo de ação dessa droga?
  • A Adrenalina – a adrenalina é uma catecolamina sintética que estimula os receptores adrenérgicos alfa e beta, aumenta a frequência cardíaca e a contratilidade, e promove vasoconstrição periférica.
  • B Dopamina – a dopamina em doses mais altas (> 10 mcg/kg/min) estimula os receptores beta-adrenérgicos, aumentando a frequência cardíaca e a contratilidade.
  • C Dobutamina – a dobutamina é um agonista seletivo dos receptores beta-1 adrenérgicos que aumenta a contratilidade cardíaca sem causar vasoconstrição significativa.
  • D Noradrenalina – a noradrenalina promove vasoconstrição periférica, aumentando a resistência vascular sistêmica e, consequentemente, a pressão arterial e a frequência cardíaca, embora em menor medida.
  • E Isoproterenol – o isoproterenol causa relaxamento dos músculos lisos das vias respiratórias, além de aumentar a frequência cardíaca e a contratilidade.
Caso clínico: Um médico está de plantão na UTI e acaba de ser admitido o seguinte paciente no BOX 2 proveniente do pronto-socorro: homem de 67 anos, 65kg (peso real), hipertenso, diabético, cirrótico de etiologia etanólica, internado com quadro de sepse de foco abdominal devido à peritonite bacteriana espontânea, sendo prescrito ceftriaxone IV. O quadro evoluiu nas últimas horas para choque circulatório com necessidade de noradrenalina para estabilização hemodinâmica, além de insuficiência respiratória aguda. O paciente foi intubado ainda na sala de emergência e solicitada a sua transferência à UTI para suporte intensivo. Ele é admitido em estado grave, sedado com propofol e fentanil na bomba de infusão contínua, em RASS -4, pupilas isocóricas e fotorreagentes, PA 70/40 mmHg (PAM 50mmHg), FC 126 bpm, em uso de noradrenalina a 0,4 mcg/kg/min (já em acesso venoso central em veia subclávia direita), intubado na ventilação mecânica em modo VCV com Vt 450ml, FiO2 0,80, PEEP 5, SatO2 92%, diurese em sonda vesical de demora oligúrico (50ml/6h), afebril. Exames apresentam leucocitose com desvio à esquerda, PCR elevado e aumento de escórias renais, hiponatremia moderada, K sérico normal, lactato aumentado. Do ponto de vista hemodinâmico, a próxima conduta recomendada, baseado nas diretrizes mais atuais do Surviving Sepsis Campaign (2021), seria
  • A associar adrenalina (epinefrina) na dose de 2 a 10 mcg/kg/min.
  • B associar vasopressina (titular a dose entre 0,01 e 0,04 UI/min) e hidrocortisona 50 mg IV 6/6h.
  • C associar dobutamina e manter a dose da noradrenalina em curso.
  • D manter a dose da noradrenalina em curso e associar hidrocortisona 50mg IV 6/6h.
  • E aumentar a dose da noradrenalina para 0,80 mcg/kg/min e associar vasopressina 0,01 a 0,06 UI/min.
Caso clínico: Um homem de 70 anos, com histórico de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, é admitido no pronto-socorro após uma queda em casa, resultando em fratura de quadril. Ele foi submetido à cirurgia para correção da fratura e desenvolveu complicações pós-operatórias, incluindo choque séptico devido à infecção do sítio cirúrgico. No terceiro dia pós-operatório, ele apresenta oligúria progressiva e deterioração do estado mental. A gasometria arterial revela os seguintes resultados: pH: 7,15; PaCO2: 25 mmHg; PaO2: 85 mmHg; HCO3-: 14 mEq/L. Além disso, os eletrólitos séricos mostram sódio: 135 mEq/L; potássio: 5,5 mEq/L; cloreto: 102 mEq/L; creatinina: 4,0 mg/dL (aumento significativo em relação à creatinina de base). Diante dos distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos nesse caso, qual a conduta CORRETA?
  • A Monitorização do pH e HCO3- com observação clínica sem intervenção imediata.
  • B Administração de bicarbonato de sódio apenas se o pH cair abaixo de 7,10.
  • C Indicação da administração de bicarbonato de sódio.
  • D Reposição de bicarbonato descartada e solicitação de nefrologia urgente para hemodiálise.
  • E Administração de diuréticos tiazídicos para excreção de potássio