Leia:
O preconceito é um fenômeno que se verifica quando um sujeito discrimina ou exclui outro, a partir de concepções equivocadas, oriundas de hábitos, costumes, sentimentos ou impressões. O preconceito decorre de incompatibilidades entre a pessoa e o ato que ela executa. Isso quer dizer que, se houver uma ideia favorável de uma pessoa, tudo o que ela fizer ou disser pode ser aceito, mesmo que o que disser ou fizer seja errado, falso ou impreciso. Inversamente, se houver uma ideia desfavorável sobre alguém, tudo o que essa pessoa disser ou fizer pode ser rejeitado, mesmo que diga verdades ou se comporte corretamente. A ideia favorável ou desfavorável sobre a pessoa vem de fatos exteriores, e isso afeta, positiva ou negativamente, no caso do comportamento preconceituoso, o julgamento sobre a pessoa ou seus atos. O preconceito, portanto, pode ser positivo ou negativo. Preconceito positivo acontece quando características consideradas positivas da pessoa se estendem para seus atos, ou vice-versa, mesmo quando não são corretos. Em geral, o preconceito positivo não é percebido pela sociedade (ou pelo menos não provoca reações). O que incomoda é o preconceito negativo, acompanhado de reação discriminatória. LEITE, M. Q. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: Contexto, 2012, p. 27-9 (adaptado).
Observando os aspectos da coesão, da coerência e sua relação com as estruturas morfossintáticas do texto acima, é possível inferir que
- A as estruturas “que se verifica” e “que ela executa”, embora não sejam exatamente adjetivos, desempenham essa função em forma de oração e estabelecem uma restrição aos elementos a que os pronomes relativos (que) se referem.
- B as estruturas “O preconceito decorre...” e “O preconceito é...” têm o mesmo substantivo abstrato (preconceito) e afirmam, juntamente com os verbos, uma ação verbal denotativa, ou seja, real.
- C as estruturas “Preconceito positivo...” e “...preconceito negativo...” são marcadas por forte teor adjetivo, cuja função semântica, para a autora do texto, expõe um paradoxo.
- D as estruturas “...mesmo que o que disser ou fizer...” e “...se houver uma ideia desfavorável...” veiculam cargas semânticas adverbiais de naturezas similares.