Prova do Vestibular - COPEPS (2011) - Questões Comentadas

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Lisbela e o Prisioneiro foi encenada em 1961 e publicada, em livro, em 1964. Nos trechos da peça, transcritos abaixo, apenas dois trazem referências comprovando, de fato, que a ação se passa antes dos anos 60 do século passado, conforme as respectivas justifcativas.

LEIA
com atenção cada trecho e assinale, a seguir, a alternativa que indica CORRETAMENTE essas duas referências.

I “Ô cabra leso danado! Só pensa em fta de série. Esse daí, se o cinematógrafo deixasse de existir, ele morria.”: um dos personagens, o praça Jaborandi, costuma ir ao cinema para assistir flmes seriados, gênero que a partir dos anos 60 deixou de ser exibido no cinema, migrando, depois, para a TV.

II “Eu digo cela com cê-cedilha.”: o personagem afrma como se grafava a palavra cela conforme ortografa vigente na primeira metade do século XX.

III “Um dia, a gente ouviu dizer que o Zepelim ia passar por lá. Foi um alvoroço! (...) Eu tinha uns oito anos. Quando vi, foi aquela beleza atravessando o céu. Me esqueci de tudo e saí andando atrás daquela claridade. (...) E assim tem sido a minha vida, sempre me perdendo atrás do que é bonito.”: Leléu, o personagem central, tem no máximo 30 anos e se lembra de quando, ainda criança, viu o Zepelim, transporte que se extinguiu antes de 1940.

IV “Não aceito esse pensar. Compaixão de bicho, por quê? Pra que é que são os bichos? Pra gente derrubar com tiros, pegar com armadilhas, sangrar, montar neles, botar carga, sela...O homem é o dono das coisas, Doutor... Ter compaixão de bicho é vício.” : essa fala de Leléu, o protagonista, mostra que os maus tratos dispensados aos animais, atitude hoje considerada politicamente incorreta, era prática normal e aceitável até a metade do século passado.

V “Pois pode acreditar. Sou vegetariano e tenho muito orgulho disto.”: como afrma o advogado, Dr. Noêmio, um dos antagonistas, até 1960, entre as pessoas instruídas, era moda não comer carne.
  • A I e III
  • B II e IV
  • C III e V
  • D IV e V

“O regionalismo de Lisbela e o Prisioneiro, fundado no aproveitamento de incidentes testemunhados por amigos, por familiares e por Osman Lins bem como apoiado na transposição de ditados, expressões populares e dísticos encontrados em para-choques de caminhões, é transfgurado sob a pena de seu autor.” (Sandra Nitrini, S.Paulo, junho de 2003.)

Assinale, abaixo, a alternativa cujo trecho citado NÃO confrma a análise de Sandra Nitrini:

  • A “Ia pra bem dez ou oito anos que eu não topava um boi, delegado.”
  • B “No mês passado, sim. Vendi um desse que diz padre-flho-espírito-santo. Mas isso é muito vasqueiro. Agora curió, eu tenho bom.
  • C “Quando é ontem, eu fui lá buscar a roupa e ele, com licença da palavra, me jogou um capitão cheio. Saí de lá ensopado e com o cheiro mais horroroso do mundo.”
  • D “Hoje mesmo eu vou em Glória do Goitá receber dinheiro de um freguês. (...) Depois, eu tenho de ir na Boa Vista, que fca meio longe, é quase na fronteira com a Bahia.”

Quanto à organização do texto teatral ou dramático, ao seu desenvolvimento e ao tipo de público a que se dirige, verifca-se que a obra Lisbela e o Prisioneiro

  • A divide-se em capítulos, a história é desenvolvida pela narrativa e destina-se a um público alfabetizado.
  • B divide-se em atos, a história desenrola-se pelos diálogos das personagens e destina-se ao público em geral.
  • C divide-se em parágrafos, desenrola-se em narração e diálogos, e dirige-se a um leitor especializado.
  • D divide-se em tópicos, a narrativa desenrola-se em diálogos indiretos e dirige-se a um leitor acadêmico.

Ainda em relação ao trecho da peça, transcrito na questão anterior, também ocorre metalinguagem, pois

  • A a peça refere-se ao modo de se representar algumas outras peças nas próprias falas de alguns dos seus personagens.
  • B a peça refere-se a outras peças e alguns personagens revelam-se, eles próprios, atores que representam outros personagens.
  • C a peça apresenta personagens que dão indicações explícitas de como eles próprios devem ser representados.
  • D a peça trata de assuntos inerentes ao gênero dramático, inserindo, na própria trama, problemas que costumam ocorrer em cena.
Lisbela e o Prisioneiro é uma obra que, por ser escrita para o teatro e retratar personagens populares típicos da Região Nordeste, apresenta um aproveitamento literário recorrente dos modos de falar, muitas vezes diferindo do que prescreve a norma culta.

Entre os trechos transcritos a seguir, isso só NÃO se observa em:
  • A “Tenho passado a minha vida toda (...), tratando todo mundo bem, sem fazer mal a uma mosca, nem carne eu como ...”
  • B “ Liás, cabra safado não serve pra morrer, só serve pra apanhar. E apanhar entre os bicos do peito e o caroço do imbigo que é pra não deixar marcas da surra.”
  • C “Pois voincê agora me tirou um peso de cima. Ô homem dum juízo escanzinado. Por que é que voincê não assume essa delegacia?”
  • D “Não adianta, rapaz. Tenente Guedes Lima não está aqui, de modo que de maneiras tais, você está perdendo o seu latim.”