Prova do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região - Minas Gerais - Biblioteconomista - FCC (2015) - Questões Comentadas

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Compreende-se corretamente do texto: O autor

  • A defende a ideia de que jornais instigantes são os que contam com um leitor crítico e atualizado, disposto a preencher as involuntárias lacunas das matérias veiculadas.
  • B atribui interpretações grosseiras de notícias e o desejo de enxergar a não-notícia à prática constante de analisá-las sob perspectiva cética, resultado de juízo crítico muito aguçado e resistente à distensão.
  • C considera a leitura de jornais um exercício divertido sempre que a matéria se dispõe a adivinhações, desvendamentos relacionados tanto à construção do texto, quanto aos fatos reais que a teriam inspirado.
  • D mostra que matérias jornalísticas informam não só pelo que explicitamente comunicam, mas também pelo que evitam comunicar; esse modo de noticiar, em sua concretude, permite o desvendamento de propósitos de autores e editores.
  • E expõe a ambiguidade que a imprensa pode manifestar quando é imprecisa no trato do assunto, falta de precisão originada por "palavras cruzadas", isto é, intrincadas conexões na estrutura verbal.

Sobre a frase "o leitor pode apreciar duas opiniões diferentes" (linhas 9 e 10), na situação em que está inserida, comenta-se com propriedade:

  • A o contexto e as aspas justificam que a consideremos o título da seção de um dado jornal em que dois analistas se expressam sobre o mesmo tema.
  • B é ela que determina que as análises, sem outra possibilidade, se cumpram de modo diametralmente oposto.
  • C é ponto de apoio do raciocínio que conduz à denúncia de falso pluralismo da imprensa.
  • D é frase emblemática do que, segundo o autor, uma linha editorial deveria ter como objetivo.
  • E considerado o tom irônico que pode ser imprimido a ela, expressa que autor considera legítimo esse tipo de pluralismo, mas não atingível pela imprensa brasileira.

Considerando os parágrafos 5 e 6, em seu contexto, é correto afirmar que o autor

  • A vê o maniqueísmo como algo inerente à prática jornalística no Brasil, produto de um sistema social manipulador que chega a deturpar o valor maior do jornalismo − a objetividade.
  • B não isenta os financiadores da imprensa brasileira pelos desvios que nota na prática jornalística nacional, pois eles aceitam pagar altos custos pelo trabalho encomendado e mal realizado.
  • C indaga Por que a imprensa brasileira tenta pintar tudo em preto e branco [...]?, responde imediatamente com convicção (expressa por Ora) e depois tenta outras formulações para solucionar equívocos da primeira resposta precipitada.
  • D usa a expressão arriscaria afirmar (linha 21) como estratégia, pois, ao revelar consciência de que sua afirmação tem probabilidade de ser refutada, busca minimizar a força das eventuais contestações.
  • E entende que a narrativa jornalística está condenada a não mais atingir os leitores de modo expressivo, na medida em que não há modo possível de abarcar o mundo global.

É legítimo o seguinte comentário:

  • A (linha 8) O aspecto ambíguo da imprensa é apreendido em decorrência de uma leitura reversa, aquela que vai do que está na superfície da página ao ponto de partida do texto.
  • B (linha 15) Em Por que a árvore caiu?, tem-se exemplo de pergunta retórica, aquela que se formula sem objetivo de receber uma resposta, pois a questão proposta é insolúvel.
  • C (linhas 17 e 18) Se o segmento sem considerar as muitas tonalidades entre os dois extremos fosse redigido de outra forma − "sem que as muitas tonalidades entre os dois extremos possam ser consideradas" −, seu sentido original estaria preservado.
  • D (linha 22) Em já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade, a substituição de por "de imediato" preserva o sentido original da frase.
  • E (linhas 22 e 23) O segmento amplificada pelo domínio da imagem transmitida globalmente em tempo real representa, segundo o autor, uma qualidade distintiva da realidade que pode ou não se fazer presente.

Mas pode-se elaborar melhor essa análise. O observador arriscaria afirmar que a narrativa jornalística, tal como foi construída ao longo do tempo, já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade, amplificada pelo domínio da imagem transmitida globalmente em tempo real. Como notou o filósofo Vilém Flusser, a superfície ínfima da tela substitui o mundo real. O que a imprensa faz é comentar essa superficialidade, não a realidade.


É adequada a seguinte assertiva sobre o trecho acima:

  • A Martins Costa considerou estar melhorando a análise pelo fato de citar o filósofo Vilém Flusser.
  • B Vilém Flusser faz uma constatação que legitima o emprego da palavra superficialidade, por Martins Costa, com mais de um sentido.
  • C O fator já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade é a causa do fato expresso em a superfície ínfima da tela substitui o mundo real.
  • D A frase que cita a observação de Vilém Flusser dá relevo ao contraste entre dois fatores, antítese expressa pela oposição entre ínfima e real.
  • E A frase O que a imprensa faz é comentar essa superficialidade, não a realidade equivale, quanto ao sentido, a "A imprensa comenta essa superficialidade, não a realidade" e esta redação não implica perda de noção presente no original.