Prova do - UEMG (2022) - Questões Comentadas

Limpar Busca
Considerando a forma e o conteúdo dos Textos I e II, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta a(s) correta(s).
I. A charge da cartunista Laerte e o poema de estrutura não fixa de Camões relacionam-se de modo intertextual, uma vez que abordam uma mesma temática: mudanças.
II. O poema de Camões apresenta um eu lírico que se centra nas mudanças ocorridas na natureza, conforme se observa nos versos “O tempo cobre o chão de verde manto/ Que já coberto foi de neve fria”.
III. Na charge, apesar desta retratar um contexto positivo para a personagem ao evidenciar que todo fim (primeiro quadrinho) traz com ele um recomeço (terceiro quadrinho), Laerte convoca o leitor a refletir sobre a temática da solidão, já que apresenta a personagem solitária nos dois ambientes ilustrados.
IV. Com foco no indivíduo, a charge sugere que a mudança está em cada um, independente do local onde se estiver; já o poema propõe uma reflexão mais coletiva sobre o tema, como se pode confirmar no verso “Todo o mundo é composto de mudança”.
  • A Apenas I e IV.
  • B Apenas II e III.
  • C Apenas I.
  • D Apenas IV.
Assinale a alternativa correta a respeito de elementos linguísticos presentes no Texto II.
  • A No verso “Continuamente vemos novidades [...],”, o advérbio em destaque poderia ser substituído por “progressivamente”, sem prejuízo de sentido.
  • B Em “O tempo cobre o chão de verde manto, / Que já coberto foi de neve fria[...],”, o pronome destacado retoma referencialmente seu antecedente “verde manto”.
  • C Em “E do bem, se algum houve, as saudades.”, as vírgulas foram empregadas para isolar uma oração adverbial. Em todo caso, mesmo sem essa oração ali, haveria vírgula nesse verso, pois há elipse em “as saudades”.
  • D No verso “Que não se muda já como soía.”, pode-se mudar a posição do pronome destacado, por exemplo: “Que não muda-se já como soía”, sem prejuízos gramaticais.

Analise o excerto a seguir, extraído do Texto II, e assinale a alternativa INCORRETA.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Muda-se o ser, muda-se a confiança;”.

  • A O pronome “se” destacado, em todas as vezes em que foi empregado nesse excerto, funciona como partícula expletiva ou de realce, isto é, poderia ser retirado sem que houvesse mudança de sentido e/ou gramatical.
  • B Os termos “os tempos”, “as vontades”, “o ser” e “a confiança” têm a mesma função sintática nesse excerto, isto é, todos eles funcionam como sujeito do verbo “mudar”.
  • C Esse excerto poderia ser reescrito como: “Os tempos são mudados, as vontades são mudadas, o ser é mudado, a confiança é mudada.”, mantendo a passividade da voz verbal empregada no trecho original.
  • D O verbo “mudar”, em todas as vezes em que foi empregado nesse excerto, foi conjugado no presente do indicativo, indicando ações habituais e em curso.
Com base no conteúdo e nos aspectos textuais dos Textos I e II, assinale a alternativa correta. 
  • A Em conjunto, os elementos verbais e os não verbais presentes na charge fornecem os dados necessários para se compreender a real intenção da cartunista: evidenciar como se dá a mudança no indivíduo, necessariamente, começando pela mudança de ambiente (casa, lar).
  • B O termo “mudanças”, que aparece no segundo quadrinho da charge, pode ser lido tanto no plano material quanto no imaterial e poderia ser substituído por “variações”, sem qualquer alteração de sentido no contexto em questão.
  • C No poema, os versos “Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem, se algum houve, as saudades.”, se colocados em ordem direta, seriam redigidos da seguinte forma:” “As mágoas do mal ficam na lembrança” e “As saudades do bem, se houve algum”.
  • D Na quarta e última estrofe do poema, o eu lírico trata de outra mudança também comum: as transformações que o tempo realiza na natureza, as quais assumem formas distintas através dos tempos, conforme se atesta em “Que não se muda já como soía.”.

Com base no seguinte excerto de Vidas Secas, assinale a alternativa correta.


[...]

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

[...]

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 144ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2020.

  • A A obra pertence à Primeira Geração Modernista, posto que trata dos assuntos nacionais e foca a idealização da realidade brasileira.
  • B Graciliano Ramos preza pelo uso da linguagem metafórica, evitando ser direto na descrição do espaço e das ações das personagens.
  • C Vidas Secas possui como algumas de suas marcas o regionalismo e o realismo, com tom crítico ao abordar temáticas sociais, denunciando as desigualdades.
  • D Vidas Secas pertence à Terceira Geração Modernista, conhecida como Geração de 45, na qual prevalece a sondagem psicológica e a crítica social.