Prova da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) - Advogado - CPCON (2017) - Questões Comentadas

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Texto II

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Disponível em: >https://www.google.com.br/searchbiw=1366&bih=638&tbm=isch&sa=1&q=propagandas+do+corpo&oq=

propagandas+do+corpo&gs<. Data da consulta: 10/09/2017.

Julgue o que se afirma abaixo acerca dos textos I e II e, em seguida, responda ao que se pede.


I- Ambos os textos, a partir de diferentes estratégias de manipulação midiática, de uma forma ou de outra, tratam da mesma temática: o forte e agressivo apelo ao consumo exacerbado promovido pelos diversos suportes midiáticos, que coisificam o ser humano – inclusive o seu corpo – e o transformam em mercadoria e objeto de exposição do consumo.

II- Além de constituírem diferentes gêneros textuais – portanto, de estruturas distintas – os textos I e II também apresentam diferentes propostas temáticas: enquanto o primeiro reflete acerca do processo de coisificação a que o ser humano vem sendo historicamente submetido por vias da imposição midiática, que induz ao consumo exacerbado e predador, o segundo se limita a infantilizar o apelo publicitário, no momento em que, de forma ingênua e bem humorada, se utiliza do corpo dos bebês para expressão explícita do consumo.

III- O texto I traz como proposta um processo de escravização do ser humano, promovido pela mídia, que o induz a se transformar em objeto e coisa do consumo, este tido como senhor da contemporaneidade; já o texto II, trata do processo de encantamento e magia autônomos e livres a que a criança é submetida desde os primeiros dias de vida pelos encantos midiáticos impulsionadores do consumismo responsável e adequado a essa fase etária.

IV- Uma das grandes denúncias explicitadas no texto I se refere à perda da identidade humana a partir da força dos apelos consumistas: a perda da capacidade de escolha livre e independente é uma delas.

V- A “estamparia ambulante” na qual a criança se transforma (texto II), aliada ao fato de, na cena, estar sendo sustentada por mãos adultas, podem sugerir um processo de manipulação estrategicamente posto e comandado, não só pela indústria do consumo, mas também com o aval da própria família.


É VERDADEIRO o que se afirma apenas em:

  • A I e V.
  • B I, II e V.
  • C II, III e IV.
  • D I, IV e V.
  • E II, III, IV e V.

Texto II

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Apartir, ainda, da reflexão proposta nos textos I e II, pode-se deduzir que

  • A no texto II, o sorriso da criança, quando contraposto a todos os elementos de denúncia veiculados na imagem – que sugerem envolver, desde um aparato midiático calculado estrategicamente pelas grandes etiquetas de consumo, a exemplo da manipulação de crianças a consumir desde a sua mais tenra idade até a fase adulta, transformando-a, muitas vezes sob a tutela e concordância da família, em objeto material de consumo – sugere revolta e ironia.
  • B não se pode conceber nenhuma relação semântico-discursiva entre o título do texto I (Eu, etiqueta) e a imagem da criança, veiculada no texto II.
  • C o eu poético, no texto I, parece assumir, através da ambiguidade, uma ironia em relação a sua atitude de se entregar aos apelos consumistas: ao mesmo tempo em que reconhece que se ‘coisificou’ – no momento em que perdeu a capacidade de escolher e decidir por ele mesmo; de ser ele, individualizado, ter sua própria essência, pessoa e não máquina de consumo – também admite que assim agiu por deliberação própria e autônoma, como por exemplo, através dos versos a seguir: “Não sou – vê lá – anúncio contratado./Eu é que mimosamente pago/ Para anunciar, para vender/Em bares festas praias pérgulas piscinas.”
  • D dentre as muitas estratégias de constituição e reconhecimento de seu processo de “coisificação” a que fora submetido o eu poético, no texto I, pelas vias do consumo exacerbado, com a consequente perda da sua identidade de ser humano, com certeza a memória não está presente, já que não há pistas no texto poético de paradigmas temporais comparativos justificadores da memória.
  • E as pistas sugeridas no texto I ratificam que, embora reconhecendo a sua nova identidade (Coisa), o eu-poético mantém traços fortes de sua antiga identidade, homem.

Atente aos vocábulos em destaque nos versos a seguir, extraídos do texto I, e responda ao que se pede:


“Meu nome novo é Coisa. / Eu sou a Coisa, coisamente.”


Com base nas pistas semântico-discursivas propostas no texto, e fazendo-se as devidas adaptações morfossintáticas, as palavras que, na sequência, melhor podem substituir as sublinhadas são:

  • A Luz... – a luz... – luzentemente.
  • B Venda... – a venda... – vendamente.
  • C Realidade... – a realidade... – realmente.
  • D Objeto... – o objeto... – objetivamente.
  • E Vendido... – o vendido... – vendamente.

Texto II Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas Disponível em: >https://www.google.com.br/searchbiw=1366&bih=638&tbm=isch&sa=1&q=propagandas+do+corpo&oq= propagandas+do+corpo&gs<. Data da consulta: 10/09/2017.

Entre os textos I e II existe uma proximidade semântica. Observe os versos abaixo extraídos do texto I, e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta os versos que melhor ilustram as pistas temáticas propostas quando comparadas às do texto II.

  • A “Sou gravado de forma universal/ Saio da estamparia, não de casa”.
  • B “Agora sou anúncio/ Ora vulgar ora bizarro. / Em língua nacional ou em qualquer língua”.
  • C “Minhas meias falam de produtos/ Que nunca experimentei”.
  • D “Desde a cabeça ao bico dos sapatos/ São mensagens”.
  • E “Meu tênis é proclama colorido/ De alguma coisa não provada”.
Esta questão foi anulada pela banca organizadora.

Apartir dos textos III e IV, julgue cada uma das afirmações feitas a seguir à luz dos elementos de textualidade presentes em cada uma delas e em seguida responda ao que se pede.

I- No texto III o jogo semântico-discursivo, que envolve elementos sócio-históricos interrelacionados com os processos de colonização do Brasil podem ser inferidos, por exemplo, a partir do cruzamento do campo semântico das expressões RICO e AZEITE (referências a Portugal, local de grande produção de azeites no mundo e país colonizador do Brasil) com ESCURO e SEGURANÇA(alusão implícita ao processo de escravatura, comandado por este país, bem como ao fato de grande parte dos negros e afrodescendentes brasileiros, ainda hoje, estarem relegados a profissões que não transcendem a de segurança particular). Não obstante esse jogo semântico-discursivo marcado por pistas que denunciam tal relação, não se percebe, ainda, elementos textuais suficientes justificadores de coerência para afirmar que se trate efetivamente de um texto.

II- No texto IV, a polissemia da palavra “caravana” remete a um campo semântico vasto, complexo e marcado por um amálgama de elementos intertextuais, sócio-históricos, políticos e até geográficos que reatualizam o terror dos navios negreiros que transportavam escravos. A caravana contemporânea, agora, encabeçada pela elite carioca, é denunciada por via de um novo componente: o preconceito social, no caso em tela, da zona sul, contra os crioulos pobres e egressos das favelas, ‘escravos livres’ e cativos da opressão endêmica a que os pobres vêm sendo submetidos historicamente, fruto de um processo de ódio, raiva e covardia, segundo a denúncia veiculada, encabeçada por essa elite branca. Tais elementos são mais que justificadores para comprovar elevados graus de informatividade e coerência no poema, fatores de textualidade patentes e incontestáveis.

III- As caravanas e comboios denunciados no texto e advindos das mais longínquas periferias da cidade não são mais que ararás (espécie de cupim) devoradores, devastadores; de picas enormes e sacos explosivos comem tudo e de tudo. Por essa razão precisam ser expulsos da areia branca do Jardim de Alá e, de preferência, dizimados. Entretanto, expressões como “zoeira”, “quebradas”, “picas”, “É o bicho, é o buchicho”, “populacho” e “malocam” são construções que quebram coesivamente a harmonia do texto, tornando-o cada vez mais incoerente.

IV- Nos versos “Sol, a culpa deve ser do sol/ Que bate na moleira, o sol/ Que estoura as veias, o suor/ Que embaça os olhos e a razão” (texto IV), os itens em destaque, ao retomarem coesivamente a palavra “sol”, exemplificam, na superfície textual, através do jogo de referencialidades, um importante fator de textualidade denominada coesão textual, fundamental para dar a unidade formal ao texto.

V- Ainda no texto IV, pode-se afirmar que não há inferências a maiores riquezas polissêmicas, nem tampouco intencionalmente provocadoras e que minimamente conduzam a graus de informatividade mais expressivos. Nos versos “Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho/ A caminho do Jardim de Alá”, não há, do ponto de vista de coerência de mundo, sobretudo na contemporaneidade, qualquer relação semântica entre “suburbanos”, “muçulmanos” e “Jardim de Alá”.


É CORRETO o que se afirma em

  • A I e V.
  • B I, II e V.
  • C II, III e IV.
  • D II e IV.
  • E I, II, III e V.