Ideologia e saúde
A ideologia é um troço esquisito. Ela não se limita a turvar a visão das pessoas em relação aos assuntos de sempre, como papel do Estado, aborto, legalização das drogas, mas também está sempre em busca de novos temas sobre os quais possa lançar seus feitiços.
Um caso bem documentado desse fenômeno é a atitude dos norte-americanos em relação ao aquecimento global. Mais ou menos até os anos 80, a proteção ambiental em geral e o efeito estufa em particular não constituíam questões ideológicas. A probabilidade de um político norte-americano defender uma plataforma ambientalista era muito baixa, fosse ele democrata ou republicano.
Do final dos anos 90 para cá, porém, o panorama mudou bastante.
Agora, assistimos praticamente ao vivo a um movimento semelhante em relação a um tema improvável: as vacinas. Os EUA vivem hoje um surto de sarampo que pode ser diretamente ligado à queda nas taxas de vacinação. E há dois tipos de pais que deixam deliberadamente de vacinar seus filhos.
Pela direita, temos ultraconservadores religiosos que desconfiam de tudo o que venha de cientistas ou do governo e, pela esquerda, há, principalmente na Califórnia, bolsões de liberais desmiolados que acreditam sem base fática que a vacina tríplice viral está associada a casos de autismo.
Em comum, ambos colocam suas convicções, que têm muito mais de emocional que de racional, à frente de sólidas evidências científicas. Pior, sua obstinação faz com que ponham em risco não só seus próprios filhos como também terceiros. Nunca foi tão verdadeira a máxima segundo a qual a ideologia faz mal à saúde.
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. 08.02.2015. Adaptado)
Segundo a opinião do autor expressa no primeiro parágrafo do texto, a ideologia está sempre em busca de novos temas sobre os quais possa
- A ajudar as pessoas a concebê-los a partir de seu próprio ponto de vista, por meio do qual poderão formar suas próprias opiniões
- B criar obstáculos para que as pessoas os percebam com clareza, sendo esta essencial para que possam formar suas próprias opiniões.
- C fornecer elementos para que as pessoas possam compreendê-los de maneira imparcial, a fim de que possam formar suas próprias opiniões.
- D propiciar meios para que as pessoas os compreendam com base na percepção coerente da realidade, e possam formar suas próprias opiniões.
- E criar condições para que as pessoas os percebam a partir de suas impressões pessoais, com base nas quais poderão formar suas próprias opiniões.