Questão 15 do Concurso Banco do Brasil - Escriturário - FCC (2006)

Atenção: As questões de números 9 a 14 referem-se ao texto
abaixo.

Em todo o continente americano, a colonização européia
teve efeito devastador. Atingidos pelas armas, e mais ainda
pelas epidemias e por políticas de sujeição e transformação que
afetavam os mínimos aspectos de suas vidas, os povos
indígenas trataram de criar sentido em meio à devastação. Nas
primeiras décadas do século XVII, índios norte-americanos
comparavam a uma demolição aquilo que os missionários
jesuítas viam como "transformação de suas vidas pagãs e
bárbaras em uma vida civilizada e cristã." (Relações dos
jesuítas da Nova França
, 1636). No México, os índios
comparavam seu mundo revirado a uma rede esgarçada pela
invasão espanhola. A denúncia da violência da colonização,
sabemos, é contemporânea da destruição, e tem em Las Casas
seu representante mais famoso.
Posterior, e mais recente, foi a tentativa, por parte de
alguns historiadores, de abandonar uma visão eurocêntrica da
"conquista" da América, dedicando-se a retraçá-la a partir do
ponto de vista dos "vencidos", enquanto outros continuaram a
reconstituir histórias da instalação de sociedades européias em
solo americano. Antropólogos, por sua vez, buscaram nos
documentos produzidos no período colonial informações sobre
os mundos indígenas demolidos pela colonização.
A colonização do imaginário não busca nem uma coisa
nem outra.

(Adaptado de PERRONE-MOISÉS, Beatriz, Prefácio à
edição brasileira de GRUZINSKI, Serge, A colonização do
imaginário:
sociedades indígenas e ocidentalização no
México espanhol (séculos XVI-XVIII)).



Considerado corretamente o 2o parágrafo, o segmento grifado em A colonização do imaginário não busca nem uma coisa nem outra deve ser assim entendido:

  • A não tenta investigar nem o eurocentrismo, como o faria um historiador, nem a presença das sociedades européias em solo americano, como o faria um antropólogo.
  • B não quer reconstituir nada do que ocorreu em solo americano, visto que recentemente certos historiadores, ao contrário de outros, tentam contar a história do descobrimento da América do modo como foi visto pelos nativos.
  • C não pretende retraçar nenhum perfil - dos vencidos ou dos vencedores - nem a trajetória dos europeus na conquista da América.
  • D não busca continuar a tradição de pesquisar a estrutura dos mundos indígenas e do mundo europeu, nem mesmo o universo dos colonizadores da América.
  • E não se concentra nem na construção de uma sociedade européia na colônia - quer observada do ponto de vista do colonizador, quer do ponto de vista dos nativos -, nem no resgate dos mundos indígenas.