Os acádios foram povos nômades inspirados pela civilização dos sumérios, e construíram na Mesopotâmia um Estado centralizado por volta de 2234 a.C.
Para isso, investiram no avanço e desenvolvimento de técnicas militares
(lanças para os guerreiros) e táticas para mobilidade no deserto e para facilitar a resistência. Mais tarde, depois de dominarem a região, os acádios perderam força e a civilização mesopotâmica se dividiu entre duas grandes nações de língua acadiana.
O líder, rei Sargão da Acádia, por meio de grandes campanhas militares para a realidade da época, conseguiu conquistar o território que hoje abrange todo o Oriente Médio e ainda algumas regiões que cercavam o Mar Mediterrâneo. Da unificação entre acádios e sumérios
originou-se a conhecida região da Babilônia e uma cultura bilíngue que se estendeu aos outros povos que se originaram a partir deles.
Origem dos acádios
Para entender a origem dos acádios, é preciso ter conhecimento sobre a importância dos sumérios: primeiro povo que viveu e dominou os territórios que depois se tornariam parte do Império Acadiano.
Os sumérios formaram a primeira civilização da história,
por volta do quarto milênio antes de Cristo. Esse povo idealizou e pôs em funcionamento as primeiras cidades-estados a que o mundo tem conhecimento, separadas por terras, vilas e muralhas.
Comércio e agricultura eram as atividades predominantes na civilização suméria e existiam templos que cultuavam sua própria divindade em cada cidade. A teocracia era fator determinante na época e os reis sumérios funcionavam como uma espécie de canal entre os homens e os deuses.
O rei era a figura política principal, mas a população também tinha esse poder em mãos.
Depois de um bom tempo de hegemonia, algumas cidades começaram a se interessar pelo domínio do território e pela separação em relação às outras cidades, o que facilitou o enfraquecimento dos sumérios e permitiu a entrada dos acádios.
Os sumérios criaram um tipo de escrita denominada de escrita cuneiforme, que depois de desenvolvida se tornou a primeira língua da Antiguidade: a língua acadiana.
Essa linguagem foi utilizada internacionalmente em todo o Oriente Médio, tanto que o primeiro código penal registrado no mundo, o Código de Hamurabi, foi elaborado em acadiano.
Os acádios eram um povo nômade e transitavam na região central da antiga Mesopotâmia até o momento em que chegaram ao território dominado pelos sumérios, entre 2550 a.c e 2300 a.c.
No início, depois de se prepararem, entraram em guerra e conseguiram retirar o poder já concentrado e consolidado dos sumérios.
Os dois povos acabaram juntando esforços e unificando-se, formando assim o Império Acadiano, que também conquistou as regiões da Mesopotâmia meridional, o que resultou na criação dos estados de Babilônia, Isin e Larsa.
A cidade de Acádia, hoje localizada no centro do Iraque, era o lugar que a população acadiana tinha como base e se inspirava na religião, padrão, produção agrícola, escrita e governos sumérios
para definir a sua própria personalidade como povo.
O rei Sargão foi o responsável pelas conquistas acadianas e ficou conhecido como o “rei do mundo inteiro”, por seu domínio de quase todo o Oriente Médio. Mesmo com a unificação, os territórios sumérios ainda tinham seus governantes próprios nas cidades sumerianas, a condição era passar pelos padrões e pagarem impostos exigidos
pelos acadianos.
O politeísmo se destacava como crença religiosa, novos deuses eram admirados, inclusive o próprio rei Sargão I.
Economia, governo e comércio
O Império Acadiano, para se consolidar, dependia totalmente da atividade agrícola disponível na região da Mesopotâmia.
A irrigação era largamente utilizada devido ao clima seco em que a região se encontrava na maior parte do tempo.
Agricultores eram regularmente convocados para trabalharem em ações de irrigação, dessa forma o desemprego era controlado.
A Acádia concedeu uma pausa, por tempo determinado, na decadência populacional das cidades que entraram em guerra antes de seu domínio. Isso aconteceu pelo alto grau da produtividade de agricultura que resultou em um crescimento da densidade da população. Os acádios ainda contaram com a vantagem de poderem aumentar seu poderio militar.
A colheita de produtos era realizada nos meses de verão e primavera. Cabras e ovelhas faziam parte dos pastos e os pagamentos de taxas de lãs, queijo, carne e leite aos templos religiosos começavam a ganhar força marcando assim as atividades comerciais
da época.
A importação de trigo também era forte e ajudava a população em questões de recuperação da economia e crescimento em densidade.
Tratando-se de organização agrícola, existiam anos prósperos com boas colheitas e anos conflituosos entre nômades e agricultores que não se entendiam devido às pequenas invasões de pastagens e perda de grãos,
principalmente por questões de mudanças climáticas.
Nos anos favoráveis de colheita, os produtos agrícolas ficavam excedentes e precisavam ser importados, principalmente pedras usadas para construção, minerais, madeira e metais.
A expansão e hegemonia do governo acadiano (formado pela civilização suméria-acadiana) foram fatos oriundos da necessidade de sustentar o comando sob essas mercadorias.
Cultura, arte e tecnologia
A tecnologia na época da civilização acadiana era notada através da confecção de esculturas, estátuas de chumbo, cabeças e bustos de bronze e escritas em obeliscos. Na arte, era notado sempre um viés pautado na ideologia e na dinastia real,
provenientes da arte suméria que existiu antes.
A maioria das obras contava com um alto grau de realismo e vários selos cilíndricos eram confeccionados com o tema de humor sinistro e triste, que contava histórias de violência, conflitos, perigos e inconstâncias relacionados às divindades que os homens eram obrigados a seguir e servir, mas não podiam amar.
Artes visuais, decoração de animais no estilo tradicional, elementos mitológicos e figuras naturalistas em forma de esculturas eram parte da arquitetura artística dos acádios.
A associação entre os acádios e sumérios era tão forte e íntima que foi desenvolvido um bilinguismo
entre a Mesopotâmia. A população das cidades falava as línguas acadiana e suméria e compartilhava ligações entre costumes e cultura.
Morfologicamente e sintaticamente, as duas línguas estavam vinculadas, porém a língua acádia falada acabou dominando o cenário, embora a língua suméria continuasse sendo considerada como sagrada e tradicional, conferindo conceitos de literatura e ciência até o primeiro ano depois de Cristo.