O uso de “acima” ou “a cima” ainda provoca muitas dúvidas entre os usuários da língua portuguesa. As duas, apesar de possuírem a mesma sonoridade e por esse motivo causarem confusão, são utilizadas nas frases em contextos diferentes.
As duas formas da expressão são corretas e podem ser utilizadas, mas indicando sentidos diferentes para as orações.
Aprenda como empregar de forma correta os termos acima e a cima no texto.
Acima
A palavra acima é formada de uma composição por justaposição, que acontece quando duas palavras se unem em uma só, como a palavra “a + cima”.
A palavra “acima”, quando escrita junto, é caracterizada como um advérbio, que pode significar: em lugar superior; em lugar mais elevado; em posição de maior importância, entre outros significados. Portanto, acima é um advérbio de lugar.
Acima também pode ser usado como interjeição, expressando estímulo, como no lugar de “avante”, por exemplo.
Veja alguns exemplos com acima:
- A cidade se encontra acima do nível do mar;
- Carlos está um nível acima de Priscila na disputa por essa vaga de emprego;
- Veja o exemplo acima e entenda um pouco mais sobre o assunto proposto;
- Acima de tudo, é importante que você saiba o seu potencial;
- João ficou uma posição acima de Laura no concurso que prestaram para a prefeitura.
Por ser um advérbio de lugar, o termo “acima” modifica o verbo, os adjetivos, os substantivos ou até um outro advérbio, indicando algumas circunstancias específicas. No caso da palavra “acima”, indica uma posição.
Acima pode estar sozinho na frase ou acompanhado da preposição “de”. Nesse caso, ela forma uma locução prepositiva, a “acima de”, que é usada com frequência quando se faz uma comparação.
A cima
Quando escrita de forma separada “a cima” significa “para cima”
. Formada pela preposição “a” e pelo substantivo “cima”, é usada em locuções como: em cima de; por cima de; para cima de, etc. É o termo contrário de “para baixo”, ou “de baixo”, e não é necessário o uso da crase.
A expressão “a cima” quase sempre está acompanhada de “de baixo”. Veja os exemplos abaixo:
- Já percorri essa cidade de baixo a cima e não encontrei a peça para o meu computador;
- O prédio foi pintado de amarelo de baixo a cima;
- Foi muito constrangedor ser olhado de baixo a cima pelo dono da loja;
- De baixo a cima, fizemos o caminho inteiro de bicicleta;
- Olhamos o prédio de baixo a cima antes de fechar o aluguel.
Dica importante para não errar no uso de acima ou a cima
Existe uma dica importante para não errar no uso do acima ou a cima.
Para saber se a palavra que encaixa na frase é “acima”, a dica é trocar o advérbio pelo seu antônimo, que é a palavra “abaixo”.
Se a frase continuar com o mesmo sentido, a palavra que deve ser utilizada é acima.
Quando a dúvida é com a palavra “a cima”, a dica é substituir a expressão pelo seu sinônimo, que é “para cima”.
Se o sentido da frase também for mantido, usa-se o termo “a cima”.
Veja um pouco mais no vídeo abaixo:
Relembre o que é advérbio
O adverbio é a classe gramatical de palavras que tem o poder de modificar o verbo, o adjetivo ou outro advérbio presente na frase. Ele indica o momento da ação verbal, desempenhando então o papel de adjunto adverbial da oração.
Por apontar a circunstância em que ocorre a ação verbal, ele pode ser classificado como advérbio de modo, intensidade, lugar, tempo, negação, afirmação e dúvida.
Ele faz parte das palavras invariáveis, que são aquelas que não permitem alteração, porém, os advérbios de intensidade, de modo e de lugar permitem que seja feita a flexão de grau.
Veja mais sobre a classificação dos advérbios:
- De modo
São eles: os terminados em “mente”, como cuidadosamente, fielmente, levemente, calmamente, etc., e bem, mal, melhor, pior, devagar, depressa, entre outros.
Exemplo: Preciso que a encomenda chegue depressa ao destino, caso contrário, pagarei uma multa.
- De intensidade
São eles: demais, pouco, muito, tanto, tão, quanto, mais, menos, etc.
Exemplo: Acho que comi demais no aniversário da minha afilhada ontem, pois estou passando mal até hoje.
- De lugar
São eles: longe, perto, aqui, aí, ali, além, dentro, fora, junto, entre outros.
Exemplo: A minha casa é mais perto do novo supermercado da cidade do que a sua.
- De tempo
São eles: agora, depois, ontem, amanhã, cedo, tarde, enfim, doravante, outrora, primeiramente, constantemente, etc.
Exemplo: Amanhã é feriado nacional, portanto, poderemos dormir até mais tarde.
- De negação
São ele: nunca, jamais, não, nem, tampouco.
Exemplo: Jamais falaria dos meus assuntos pessoais com a sua vizinha.
- De afirmação
São eles: sim, certamente, decerto, certo, realmente, efetivamente, entre outros.
Exemplo: Certamente irei com você para a festa de aniversário de Maria Claudia amanhã.
- De dúvida
São eles: possivelmente, provavelmente, talvez, quiçá, acaso, etc.
Exemplo: Talvez eu não vá para a viagem de férias com a turma do colégio, pois pretendo viajar com a minha família.
Outras confusões da língua portuguesa
A gramática é cheia de pegadinhas, portanto é preciso ficar atento para não se confundir e errar no uso das palavras dentro das orações. Veja algumas outras confusões gramaticais que podem acontecer no dia a dia:
– A fim ou afim;
– Mal ou mau;
– Encima ou em cima;
– Por que ou porque;
– Trás ou traz;
– Sessão, secção, seção ou cessão;
– Onde e aonde;
– Embaixo ou em baixo;
– Há ou a;
– Enfim ou em fim;
– Demais ou de mais;
– Senão ou se não.