Resumo de História - Anarquismo

O Anarquismo é definido como um movimento político direcionado a um indivíduo ou a uma sociedade. A teoria anarquista defende a liberdade de usufruir de todos os direitos possíveis sem ser oprimido por uma autoridade (Estado), admitindo apenas a vontade da comunidade em geral.

O termo anarquia é de origem grega “ánarkhos”, que quer dizer “sem governo” e “sem poder”. Ele surge entre o fim do século XVIII e começo do século XIX, especialmente entre a Revolução Francesa e a industrialização da Europa.

Nesse período, surgiram outros movimentos análogos ao Anarquismo, que tinham demandas e modos operantes parecidos com o da teoria. As principais manifestações eram de cunho político, social e religioso.

Em outros contextos, a teoria da anarquia é entendida como uma situação política em que a Constituição, o Direito e as leis não têm razão para existir. Portanto, o Anarquismo é contra a lei desenvolvida por autoridades, porque o movimento defende que a lei deve ser elaborada por toda a sociedade.

Origem

O Anarquismo foi proposto pelo clérigo dissidente inglês William Goldwin (1756-1836). Ele quis sugerir um sistema político e econômico diferente do Capitalismo, que vigorava desde a Revolução Industrial.

Para o filósofo, a sociedade tinha a capacidade para viver sem as restrições de leis impostas pelo governo. Ele acreditava que era possível atingir o equilíbrio por meio da liberdade individual e assim representar o Estado ideal para uma sociedade.

Goldwin foi a favor de princípios que defendiam o fim da propriedade privada, da divisão das classes sociais e das instituições em geral. Dessa maneira, ele pretendia instituir uma gestão baseada na ausência do autoritarismo e da opressão.  

O Anarquismo encontrou os seus seguidores mais importantes entre os primeiros russos do Niilismo (doutrina filosófica), que defende o pessimismo de modo bem intenso e faz duras críticas às convenções sociais.

Vale ressaltar outros importantes representantes do Anarquismo, como Max Stirner (1806-1856), Joseph Proudhon (1809-1865), Leon Tolstoi (1828-1910) e Mikhail Bakunin (1814-1876). Eles deram seguimento aos estudos e defesa da teoria.

A teoria anarquista apresenta as seguintes características:

  • Propriedade coletiva;
  • Autogestão (forma de governo);
  • Autodisciplina e responsabilidade;
  • Educação libertária;
  • Liberdade e autonomia dos indivíduos;
  • Harmonia e solidariedade.

Apesar do Anarquismo ser uma teoria política, que rejeita o poder estatal e acredita que a convivência entre os seres humanos é simplesmente determinada pela vontade e pela razão de cada um, ela é dividida em duas correntes principais: Anarquismo individualista e comunista.

Anarquismo individualista

Também conhecido como anarcoindividualismo, o Anarquismo individualista é uma classificação que prioriza a vontade do indivíduo. A ideologia defende que cada cidadão pode ser o seu próprio mestre e as interações sociais podem acontecer de forma voluntária.

Com base nesse pensamento anarquista, o indivíduo tem prioridade no que se refere a qualquer determinação externa. O influente anarquista francês Émile Armand fez a seguinte afirmação sobre o Anarquismo individualista:

“O anarquista é aquele que nega a autoridade e rejeita seu corolário econômico: a exploração. E isso em todas as áreas de atividade humana. O anarquista deseja viver sem deuses nem mestres; sem patrões nem diretores; alegais, sem leis e preconceitos; amorais, sem obrigações e moralidades coletivas. Ele deseja viver em liberdade, viver sua concepção pessoal de vida”.

Ao contrário do Anarquismo comunista, o anarcoindividualismo não tem características de um movimento social, uma vez que ele é mais voltado à literatura e à filosofia. Portanto, não existe a defesa de uma revolução para a remoção do poder estatal.

Entre as principais características da teoria individualista é possível listar: a vontade do indivíduo sobrepondo conceitos, como a moralidade, vontade, religião e costumes da sociedade. Além disso,  o movimento é contra revoluções, visto que os movimentos de revolta trariam novas formas hierárquicas de governar.

Artistas

Os teóricos principais dessa divisão foram: Max Stirner, com ênfase no egoísmo; Herbert Spencer, Benjamin Tucker, Pierre Joseph Proudhon, Lysander Spooner, grupo que defendia o mutualismo; Josiah Warren, que era a favor da soberania do indivíduo e, por fim, Henry David Thoreau e William Godwin, com foco no tema do transcendentalismo.

O anarquismo individualista se opõe à teoria comunista por acreditar que a coletividade ou um grupo de indivíduos, ao se unirem, possa resultar em autoritarismo. Por outro lado, o anarquismo comunista acredita que o individualismo pode resultar na mesma ideia do Capitalismo.

Anarquismo comunista

Essa corrente defende a ideia de que as funções do governo devem ser reduzidas ao mínimo. Ela defende a abolição do Estado e do Capitalismo, argumentando a favor de associações voluntárias nas quais todos deverão ser livres para satisfazer suas próprias necessidades.

Em alguns pontos a teoria é uma junção dos preceitos da doutrina anarquista com a teoria comunista. Os anarco-comunistas afirmam que o ideal da organização política da sociedade é um estado de coisas, onde as funções do governo devem ser reduzidas ao mínimo, de modo que o indivíduo recupere sua plena liberdade de iniciativa, por meio de grupos livres e federações.

Artistas

Os representantes que marcaram essa corrente de pensamento foram: Peter (Piotr) Kopotkin, Errico Malatesta e Nestor Makhno. Dentre os três, Kropotkin é considerado o mais importante teórico do anarquismo comunista com destaque para as obras: “Em Busca do Pão” e “Campos, Fábricas e Oficinas”.

Influência da teoria no Brasil

O anarquismo no Brasil apareceu por volta de 1850 com a influência de imigrantes europeus, que favorecerem os movimentos sociais, como as greves de São Paulo e Rio de Janeiro nos anos de 1917, 1918 e 1919.

No país, o movimento atingiu seu ápice no século XX e foi uma doutrina bastante apreciada pelas classes operárias. Contudo, com a criação do partido Comunista, em 1922, o partido Anarquista ficou menos influente.

Diferença entre o Anarquismo, Comunismo e Socialismo

A diferença mais marcante do Anarquismo em relação às demais teorias é que o movimento é o único a defender o fim absoluto do Estado. Isso porque o Socialismo e o Comunismo pretendem alterar o Estado, pensando em valorizar o proletariado e tornar as propriedades coletivas.

O Anarquismo, por sua vez, defende que o Estado tem que ser completamente abolido, já que, para eles, qualquer forma de Estado poderá se transformar em um regime autoritário, opressor e de exclusão.