A arquitetura renascentista surgiu na Itália durante o Renascimento, no início do século XIV, e espalhou-se por toda a Europa, permanecendo até o século XVI.
Esse modelo arquitetônico distanciou-se dos modelos medievais e góticos, típicos das construções europeias, e construiu um estilo próprio, influenciado pelas artes greco-romanas.
Características da arquitetura renascentista
As principais características da arquitetura renascentista eram:
- A simetria e proporção das formas geométricas;
- O uso da matemática na geometria;
- A busca pela beleza e perfeição;
- O uso de temas mitológicos, religiosos e da natureza;
- Predomínio de linhas horizontais;
- Retomada dos modelos clássicos, porém com o uso de arcos, abóbodas, cúpulas e colunas em suas construções.
É importante compreender que esses aspectos tinham como base dois pilares principais: o Classicismo, movimento literário inspirado no Renascimento, e o Humanismo,
movimento intelectual que pregava a valorização do homem, colocando-o como centro do pensamento filosófico (antropocentrismo).
Tendo isso em vista, outro detalhe importante da arquitetura renascentista eram os tipos de colunas utilizadas nas construções denominadas: ordem dórica, ordem jônica e ordem coríntia, todas oriundas do Classicismo grego. A primeira caracterizava-se pela simplicidade e ausência de base; a jônica era mais alta e com linhas esculpidas em sua superfície; e a coríntia, mais elaborada, apresentava a forma básica de um sino invertido.
Vale ressaltar também que a aplicação dessas ordens não era arbitrária, pois representavam as seguintes proporções humanas: a base representando o pé, a coluna representando o corpo, e o capitel representando a cabeça.
De maneira geral, a arquitetura renascentista apresentou-se como uma arte voltada para pesquisas, inovações, invenções e aperfeiçoamentos técnicos. Além disso, ela esteve associada às descobertas que ocorreram na área da física, matemática, engenharia e filosofia.
Com isso, os arquitetos articularam a beleza das obras renascentistas, transformando-a em algo perfeito, complexo e fechado em si mesmo.
Arquitetos renascentistas
Os artistas da arquitetura renascentista tornaram-se conhecidos por apresentarem um estilo próprio de arte. Entre os que marcaram o início dessa fase, o que mais se destacou foi Filipo Brunelleschi (1377–1446), considerado por alguns estudiosos como o percussor desse novo estilo arquitetônico.
Antes de desenvolver seu próprio estilo, o artista estudou a fundo a arquitetura antiga. Detalhista que era, ele sempre media os monumentos rigorosamente para depois pensar em novos métodos. Assim, ele anotava todas a relações métricas em um papel.
Com base em estudos científicos e utilizando da própria criatividade, Brunelleschi soube mesclar os elementos da arquitetura clássica em suas obras.
Seguindo os princípios da arquitetura renascentista, ele criou um novo tipo de abóbada (construção em forma de arco), na qual a superfície curva era formada pela parte superior de uma cúpula de raio.
Para evitar as arestas e nervuras, Brunelleschi desenvolveu uma abóbada com uma única peça, simples e geometricamente regular, fazendo de cada trama uma unidade distinta.
A primeira obra realizada por Brunelleschi foi a construção da cúpula da Catedral de Florença, para qual ele inventou um sistema de andaimes e um método de construção
em tijolos.
Na mesma cidade, o artista projetou também a Capela Pazzi, onde utilizou a Seção Áurea (número secreto considerado número de ouro), que faz com que todo o conjunto da obra esteja em plena harmonia.
Além de arquiteto, Brunelleschi ainda era pintor e escultor
. Por fim, o ressurgimento das formas e proporções clássicas fizeram com que o artista transformasse a linguagem arquitetônica da época em um sistema estável e preciso.
Outro arquiteto que colaborou para a arquitetura renascentista foi Donato Bramante (1444-1514). Considerado o sucessor de Filipo Brunelleschi, ele projetou as gigantes e modernas dimensões da Basílica de São Pedro, em Roma.
A obra era parte de uma plataforma de três degraus, apresentando a rígida ordem dórica clássica em suas colunatas. Nas paredes, nichos profundos são contrabalançados pela forma convexa da cúpula e pelos modelados e cornijas acentuadas.
A basílica é um exemplo perfeito de igreja com planta central encimada por um domo, o que garante a expressão das ideias renascentistas de ordem, simplicidade e harmonia.
Além disso, o artista projetou a igreja de Santo André, em Mântua, cuja entrada é em forma de arco do triunfo romano. Outro projeto de destaque de Bramante foi a criação de um novo tipo de abóbada, que pode ser vista na igreja de Santa Maria das Graças.
Nessa época, tanto em igrejas como em obras não religiosas, os arquitetos baseavam-se no uso do quadrado, pois a figura geométrica era considerada a proporção perfeita para uma construção.
Do lado de fora, esses quadrados pareciam com um grande cubo de acabamento rústico. Mas, o principal detalhe das obras renascentistas concentrava-se na área interna e nas proporções das formas.
Embora Brunelleschi e Bramante tenham se destacado como grandes arquitetos da arquitetura renascentista, outros artistas colaboraram para a expansão desse estilo na Europa. Foram eles:
- Andrea Palladio (1508-1580): a arquiteta italiana se destacou pela construção do edifício da Villa Capra (La Rotonda), na região de Veneto, em Vicenza, além de ter participado de outros projetos durante o movimento renascentista.
- Leon Battista Alberti (1404-1472): teórico e arquiteto italiano, o artista participou da reforma feita na Basílica de Santo Estêvão Redondo, em Roma; e da construção da nova fachada da Igreja de Santa Maria Novella, na cidade de Florença.
- Giulio Romano (1499-1546): além de arquiteto, o pintor italiano participou do projeto de construção do Palácio do Té (Palazzo del Te), em Mântua, que, inclusive, foi uma de suas obras mais emblemáticas.
- Michelangelo di Lodovico (1475-1564): entre as obras de destaque desse arquiteto italiano, é possível listar a Biblioteca Laurenciana e a fachada para a Basílica de São Lourenço, ambas na cidade de Florença. além disso foi também um dos artistas que participaram para a reforma da Basílica de São Pedro, em Roma.
Por meio desses artistas, a arquitetura renascentista atingiu o auge na Europa. Em Roma, por exemplo, a alta Renascença difundiu-se já na metade do XVI, quando o talentoso arquiteto Giuliano de Sangallo (1445-1516) uniu o seu estilo ao do pintor Rafael Sanzio (1483-1520).
Já no norte da Itália, a arquiteta Andrea Palladio, graças ao trabalho original que vinha realizando, conseguiu influenciar arquitetura inglesa dos séculos XVII e XVII.