A arte bizantina foi um conjunto de manifestações artísticas desenvolvidas durante o Império Bizantino, entre os séculos V e XV. Guiada pela religião cristã, essa tendência artística se expandiu para outras regiões além das fronteiras do Império, devido a sua influência político-religiosa.
As raízes da arte bizantina vem da arte paleocristã, expressões artísticas que os convertidos na fé em Jesus Cristo realizaram por meio de pinturas nas catacumbas e nos sepulcros. Por sua vez, a arte bizantina nasceu após a aceitação do Cristianismo e que teve como propósito orientar as pessoas na devoção à religião.
Considerada o primeiro estilo de arte cristã, a arte bizantina era dirigida pelo clero, que tinha a função de organizar as artes tornando os artistas meros executores.
Desse modo, os artistas seguiam fielmente as tradições e os padrões estabelecidos pela Igreja, abrindo mão da imaginação e criatividade.
As manifestações artísticas que tiveram destaque nesse período foram na arquitetura, na pintura e no mosaico. Para além da função decorativa, a arte bizantina tinha a finalidade de educar e orientar os fiéis do Cristianismo sobre o entendimento das passagens bíblicas através de reproduções da vida de Jesus Cristo.
Dividida em dois momentos, a arte bizantina foi marcada pelo conflito de ideias. A arte bizantina do primeiro período vai aproximadamente do século IV ao século VIII; e o segundo momento vai mais ou menos do século IX ao século XV.
A ruptura entre esses dois momentos se deu em função de ideias e conflitos religiosos e filosóficos que acabaram com a destruição de grande parte das pinturas, esculturas e mosaicos das igrejas, por grupos contrários a qualquer imagem de natureza religiosa, chamados de iconoclastas.
Durante o século VIII se desencadeou uma luta contra a reprodução de imagens por Leão Isáurico. A ação dos iconoclastas terminou em 843 e somente por volta do século IX é que as imagens voltaram a decorar as Igrejas.
Contexto histórico
Com a invasão dos povos bárbaros em Roma, por volta do século IV, o imperador Constantino transferiu a capital do Império Romano para Bizâncio, cidade grega, que posteriormente foi chamada Constantinopla. A mudança da capital foi uma articulação que facilitou a formação dos reinos bárbaros, o que possibilitou o surgimento da arte bizantina.
Constantinopla reunia uma série de fatores que impulsionaram a ascensão da nova expressão artística.
Devido à localização de Constantinopla, a arte bizantina recebeu influências de Roma, Grécia e do Oriente, unindo elementos culturais que formaram um estilo artístico rico tanto em técnica como em cor.
A arte bizantina conheceu o seu apogeu no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano.
Esse período foi sucedido pela crise denominada Iconoclastia, que consistiu na destruição de todas as imagens religiosas, devido ao conflito político entre os imperadores e o clero.
Após a crise iconoclasta, a arte bizantina experimentou um novo auge que durou até final do Império Bizantino, no século XV. As tradições artísticas bizantinas permaneceram impregnadas na religião ortodoxa e em regiões como a Rússia, sofreram grande influência da cultura bizantina.
Características da arte bizantina
A localização de Constantinopla permitiu que a arte bizantina absorvesse influencias vindas de Roma, da Grécia e do Oriente, agregando os diversos elementos culturais em seu estilo.
A temática da arte Bizantina era religiosa com representação de eventos bíblicos e da vida dos santos. Sua função era representar as crenças teológicas, de modo que as imagens funcionavam como pontes de contato entre o homem e o divino.
Intimamente ligada à religião, a arte bizantina obedecia ao clero, que além das funções eclesiásticas, tinha a função de organizar as artes. Desse modo, os artistas bizantinos eram meros executores que deveriam seguir fielmente um padrão e as tradições.
Baseado no regime teocrático, no Império Bizantino, além dos poderes administrativos, o imperador possuía poderes espirituais. Considerado o representante de Deus na Terra, se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, sendo também retratado em mosaico com a esposa ao lado da Virgem Maria e do Menino Jesus.
As principais características da arte bizantina foram:
- Mistura de diferentes elementos da cultura greco-romana e oriental;
- Presença marcante do uso de cores;
- Forte influência do Cristianismo;
- Expressão de poder, grandiosidade e riqueza;
- Uso da frontalidade que passava ideia de autoridade e respeito ao personagem;
- Ausência de liberdade de expressão e de criatividade por parte dos artistas;
- Representações seguindo fielmente as recomendações dos sacerdotes;
- Representação de personalidades oficiais como personagens sagrados;
- Construção de basílicas em planos quadrados sobre uma grande cúpula, com equilíbrio entre as partes.
Arquitetura bizantina
O destaque na arquitetura é a construção de grandes e imponentes igrejas.
Planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, as igrejas eram caracterizadas pelas imensas cúpulas sustentadas por colunas, criando prédios enormes e espaçosos totalmente decorados.
A arquitetura foi uma das principais manifestações artísticas da arte bizantina, na qual houve importantes inovações. Herdeira do arco, da abóbada e da cúpula, a arquitetura bizantina inovou com o plano centrado de forma quadrada ou em cruz grega, com cúpula central e absides laterais.
As paredes eram feitas de tijolos revestidos por lajes e pedra na parte externa e com relevos na parte interna. Para as coberturas eram utilizadas abóbodas de berço, aresta e cúpula.
Pintura bizantina
A pintura na arte bizantina se destacou com pinturas feitas em paredes de igrejas, chamadas afrescos, miniaturas utilizadas para ilustrar livros e pinturas em painéis.
Marcada pela temática religiosa, as principais pinturas foram de imagens de Cristo e da Virgem.
A pintura bizantina não foi além do contexto religioso, sofrendo interferência do movimento iconoclasta, uma controvérsia sobre o uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa.
As representações humanas realistas foram consideradas uma violação ao mandamento de não adorar imagens. Desse modo, para acabar com o culto a figuras humanas, o imperador proibiu a reprodução e ordenou a destruição das obras artísticas que existissem nessas condições.
Mosaico bizantino
O mosaico foi a máxima expressão da arte bizantina. Eles eram criados a partir de pequenos pedaços de pedras coloridas, colocadas sobre cimento fresco em uma parede e que formavam, assim, um desenho.
Os mosaicos eram usados para decorar paredes e abóbodas, bem como serviam de orientação e guia espiritual para os cristãos, retratando cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores.
Bastante difundido durante o reinado de Justiniano, os mosaicos representavam pessoas de frente e verticalizadas, com o objetivo de criar certa espiritualidade. A perspectiva e o volume não foram valorizados no mosaico bizantino. A principal cor utilizada era o dourado, devido à sua associação a um dos maiores bens materiais, o ouro.