A Arte Conceitual é uma forma de expressão artística que defende que as ideias, reflexões e provocações são mais importantes em uma obra de arte do que os materiais que foram utilizados para compô-la.
Em 1963, a revista Anthology usou pela primeira vez o termo “Arte Conceito” para referir-se à arte conceitual. O artista Henry Flynt define essa nova forma de expressão como um tipo de arte na qual o material é a linguagem.
A Arte Conceitual surgiu como movimento na década de 60 e seguiu até por volta de 1970. Contudo, já na década de 50, Marcel Duchamp já iniciava os primeiros trabalhos que definiam essa forma de expressão artística, que veio para confrontar as vanguardas e teve seus antecedentes no Surrealismo, Minimalismo e Dadaísmo.
Entre seus principais e mais conhecidos artistas estão: Marcel Duchamp, Joseph Kosuth, Sol Lewitt, Yoko Ono e John Baldessari.
Os artistas conceituais utilizam de diversas ferramentas para compor a sua obra como, por exemplo: vídeos, performances, fotografias, instalações artísticas, textos, entre outros.
No Brasil, artistas como Lygia Clark, Iole de Freias, Hélio Oiticica, Cildo Meireles e Amilcar de Castro se destacaram com suas produções conceituais.
Para a Arte Conceitual o que importa não é a estética da obra, mas sim a ideia que envolve o trabalho. Para os artistas conceituais, o que realmente é relevante na arte é o que ela tem a dizer e os materiais utilizados.
Artes antecedentes à Arte conceitual
A “pré-história” da Arte Conceitual é formada por basicamente três importantes movimentos artísticos. São eles: o Surrealismo, o Minimalismo e o Dadaísmo.
O Surrealismo ajuda a formar a ideia de Arte Conceitual quando procura sempre enfatizar o papel do inconsciente presente na atividade criativa, ou seja, durante a produção de uma obra de arte.
Já o Minimalismo, contribui quando arte é feita através das estruturas bi ou tridimensionais, e não através de pinturas ou esculturas.
Por fim, o Dadaísmo contribui quando se opõe a todo e qualquer tipo de equilíbrio presente em uma obra de arte. Contribui também com a combinação do pessimismo irônico e a ingenuidade radical, e também com o ceticismo absoluto e a improvisação.
Principais Características
Na arte conceitual, a arte visual passa a ser considerada como ideia e pensamento
, em vez de meramente observada. Por isso, o indivíduo que observa esse tipo de obra tem um papel importante de observar e buscar captar a ideia presente nela.
O artista tem como foco a ideia, o conceito, o planejamento, podendo, muitas vezes, atribuir o trabalho físico a uma pessoa que tenha uma habilidade técnica específica.
Na Arte Conceitual é comum usar elementos não muito usuais e, por vezes, considerados inusitados tais como mapas e textos escritos, como por exemplo definições de dicionário, fotografias, e objetos do cotidiano como utensílios domésticos.
Para além desses elementos, a ideia é sempre o foco mais importante de uma obra conceitualista.
Discussões em torno desta arte
A Arte Conceitual em sua essência quebra um certo padrão de produzir e consumir arte
. Quando se pensa em arte, é comum associar a ideia de um quadro com uma pintura expressiva e detalhista.
Em sua composição, a Arte Conceitual traz o uso de objetos que não são convencionais, o que gera um questionamento em torno desse movimento. Algumas pessoas não consideram esse tipo de expressão como arte porque não aceitam essa ideia de que a arte vai além da obra.
Para entender esse tipo de arte é preciso fazer uma profunda reflexão e dar bastante atenção à técnica
e a ideia por trás dela.
Apesar de parecer “fácil” ou que é apenas um objeto, sempre existe por traz um conceito mais profundo. Para entender esse conceito, o espectador precisa se esforçar para compreender o que o artista quis apresentar com a obra.
Além disso, é preciso ter bastante conhecimento sobre várias áreas do conhecimento e de diversas formas.
A ideia de “belo” também é outro questionamento feito através das obras conceituais e também gera polêmica em torno do movimento. Primordialmente, um artista conceitual ignora tudo aquilo que é considerado regra para compor uma obra de arte. A ideia é sempre mais importante que a aparência.
Marcel Duchamp e a obra “A fonte”
Marcel Duchamp foi um artista, pintor, poeta e escultor francês. Ele é considerado um dos grandes percursores da arte conceitual, assim como o Expressionismo abstrato e o Surrealismo.
Duchamp foi o inventor dos “ready-made”, um importante conceito da Arte Conceitual.
O ready-made nada mais é que os objetos cotidianos e banais que foram criados para uma função específica e depois de descartados foram ressignificados para compor uma obra conceitualista. Exemplo: um pente, uma cadeira, uma corda, entre outros.
A obra “Fonte” foi criada no ano de 1917, considerada a obra mais importantes do pintor e uma das obras conceitualistas mais conhecidas. A obra é composta por um urinol branco invertido feito de cerâmica.
Duchamp conseguiu estabelecer a ideia de que um artista nem sempre precisa dominar técnicas detalhistas, às vezes é apenas preciso apresentar algo novo, que indague e questione o público e suas verdades.
Essa obra abriu uma série de discussões que questionavam o papel da arte.
Muitas pessoas também puderam refletir sobre o que é de fato arte através dessa obra que causou bastante impacto quando foi exposta pela primeira vez.
O artista assinou a obra com um pseudônimo de R. Mutt e justificou essa escolha dizendo que ele queria que as pessoas a observassem sem ter o peso do nome real dele, que já era um artista conhecido na época.
Assim como nessa obra, o artista sempre buscou em suas criações questionar o conceito de arte na sociedade. Outra obra bastante conhecida de Marcel é “Roda de Bicicleta”, feita antes da obra “Fonte”, em 1913.
Duchamp tem outras obras bastante conhecidas, exemplos: “Nu descendo a escada”, feita em 1912-1916, “A grande imagem de vidro”, feita em 1915-1923 e “Porta-garrafas”, feita em 1964.