A arte indígena brasileira é o resultado da miscigenação de culturas presentes nas tribos indígenas que habitam o Brasil.
Ela é expressa por meio do uso de objetos característicos dos índios brasileiros, como madeiras, fibras, caroços, palmas, palhas, cipó, sementes, casca de cocos, couros, ossos, dentes, conchas, garras, etc.
Os índios foram os primeiros habitantes a chegarem no Brasil. Atualmente existem cerca de 3 mil etnias espalhadas pelo país, apesar de algumas tribos terem seus territórios invadidos e desmatados pelas indústrias comerciais na Amazônia, local onde a maioria das tribos ainda reside.
Cada tribo possui particularidades que as diferenciam uma das outras, como os costumes próprios e comportamentos diferentes. No entanto, uma característica em comum é a arte tradicional produzida por eles.
Assim, a arte indígena brasileira guarda os aspectos individuais das diferentes tribos.
Elementos da arte indígena brasileira
A arte indígena brasileira é representada através dos seguintes elementos: cerâmica, pintura corporal, cestarias de palha, máscaras e plumagens
. Conheçam mais sobre cada uma delas.
Pintura corporal indígena
Um dos exemplos mais característicos da arte indígena brasileira é a pintura corporal
. Ela é uma forma dos índios se diferenciarem dos outros grupos, e também de indicar a posição hierárquica que cada um exerce dentro da tribo.
As tintas usadas para essa arte são naturais, obtidas através de plantas e frutos.
A tonalidade vermelha é conquistada por meio do urucum, já o branco é conseguido através da tabatinga. Além deles, o jenipapo também é um dos frutos mais usados.
Cada grupo indígena possui uma técnica particular de pintura. Existem tribos, por exemplo, que pintam as crianças com um tipo de tinta e os adultos com outro tipo.
Os desenhos da arte indígena brasileira carregam um valor simbólico dentro dos rituais, pois eles visam retratar um momento ou sentimento específico
. As mulheres ficam responsáveis por fazer a pintura no corpo dos homens e demais integrantes da tribo.
As pinturas mais bem elaboradas pertenciam a cultura Kadiwéu. No ano de 1560, inclusive, os desenhos gráficos impactaram os colonizadores, que ficaram deslumbrados com tamanha beleza e destreza.
Pouco tempo depois esse padrão de pintura corporal foi extinto da cultura da tribo, permanecendo apenas nas pinturas de cerâmicas.
Cerâmica indígena
Embora não seja um objeto típico de todas as tribos, dentro da arte indígena brasileira, a cerâmica possui um significado simbólico para alguns grupos que ainda a utilizam, como, por exemplo, a sua utilização para criar vasos e guardar as cinzas dos mortos.
Além de recipientes, a cerâmica ainda é utilizada para criar estátuas, esculturas e instrumentos. Nesse tipo de arte indígena, as mulheres também são as grandes dominadoras.
Nos períodos de seca, as índias coletam o barro das margens do rio e misturam à argila componentes orgânicos e mineiras para dar uma boa liga.
Uma curiosidade notável é que elas não utilizam a roda do oleiro para dar forma as peças, e mesmo assim conseguem esculpir objetos belíssimos.
Para torná-las mais atraentes, algumas tribos costumam fazer pinturas nas peças. A cerâmica indígena conquistou o gosto dos colonizadores portugueses da época e, até os dias atuais, é valorizada por muitos apreciadores desse estilo artístico.
Plumagem indígena
As plumas, tal como as pinturas, são acessórios característicos da arte indígena brasileira. A maioria delas são usadas em rituais e presas ao próprio corpo. Geralmente, elas são usadas pelos homens, já que, hierarquicamente, eles possuem um posição cultural maior que a das mulheres dentro da tribo.
Normalmente, as plumas e penas são tingidas depois de coletadas. Elas apresentam marcações e simbologias diferentes, assim algumas transmitem mensagem de sexo e idade, e outras transmitem de posição social e filiação.
Há tribos que usam plumas no dia a dia, enquanto outras deixam para usá-las durante as celebrações. Além disso, as plumas são usadas para enriquecer a ornamentação de máscaras, braçadeiras, brincos, colares, pulseiras e cocares (feitos de penas e de caudas de aves).
Cestaria indígena
Na arte indígena brasileira, os cestos são usados para transportar e armazenar alimentos
. Geralmente, eles são feitos de palhas e confeccionas pelas mulheres, que utilizaram de várias técnicas de traçado.
Há cestos específicos para cada atividade. Os cestos-tamises são usados para peneirar farinha; os cestos-coadores são usados para coar líquidos; os recipientes são usados para guardar materiais e os cargueiros para transportar materiais.
Máscaras indígenas
As máscaras produzidas pelos índios podem ser feitas com diversos materiais. Por isso, há modelos feitos com cascas de árvores, palhas e cabaças. Existem modelos cumpridos que chegam a cobrir todo o corpo, outras ainda recebem um acessório complementar em seus formato, que são as plumas.
Elas apresentam um simbolismo sobrenatural e, por isso, a maioria é usada em ritos cerimoniais. Algumas tribos como a Karajá, por exemplo, utiliza a máscaras em uma de suas danças com a intenção de representar heróis conservadores da ordem mundial.
Na arte indígena brasileira, há relatos lendários de que as máscaras também servem para representar entidades que conflitaram com os índios no passado. Por isso, durante as festas, elas são usadas para acalmar essas mesmas entidades.
Herança indígena
Não só os objetos produzidos pelos povos indígenas constituem elementos característicos da arte indígena brasileira, mas também os costumes e heranças que ajudam a construir a cultura tradicional desse povo
.
Entre os hábitos tradicionais dos índios estão: o uso da rede para dormir; a utilização de ervas medicinais; a queimação feita na terra antes de plantar; técnicas para produção de artefatos, a exemplo das flechas; e o uso de ervas medicinais para sarar feridas e curar doenças.
No vocabulário brasileiro, há diversas palavras de origem indígena, como: Jaci, Itu, Iara, Itapetininga, Anhanguera, tapioca, pamonha, beiju, gamela, puçá, arapuca, entre outras.
Os índios contribuíram para a formação da etnia no país. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), metade da população indígena concentra-se em dez principais grupos.
São eles: guajajaras, guaranis, ianomâmis, xavantes, pataxós e potiguaras, ticunas, caingangues, macuxis, terenas, tupis, tapuias, nuruaques e caraíbas. Grande parte desses povos indígenas são encontradas no estado do Amazonas, em meio às florestas, e ainda preservam suas culturas.