Os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil (1922 a 1930) fizeram parte do começo de um movimento que foi artístico, cultural, político e social. Vale lembrar que a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, foi o marco inicial do Modernismo no país.
O Modernismo no Brasil envolveu várias gerações de artistas, responsáveis por obras que tinham o objetivo de expor uma estética inovadora, baseada na vanguarda artística europeia do final do século XX.
Autores da primeira fase do Modernismo no Brasil
Para romper com o passado, os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil buscavam o original, o controverso, tudo aquilo que ainda não foi feito.
Diante de tal objetivo, essa geração criou obras que tinham as seguintes características básicas:
- Oposição ao parnasianismo no Brasil e ao academicismo;
- Nacionalismo crítico e ufanista;
- Críticas à realidade brasileira;
- Experimentação estética;
- Valorização do cotidiano.
Entre as principais produções artísticas com essas particularidades, está o quadro Abaporu (1928), pintado por Tarsila de Amaral. E por mencionar a artista, ela fez parte dos modernistas que se destacaram na primeira fase do movimento, formando o que ficou conhecido como o Grupo dos Cinco, composto por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Anita Malfatti.
Tarsila do Amaral
A artista plástica Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, interior de São Paulo, no dia 1 de setembro de 1886. Ela passou a infância nas fazendas do pai, José Estanilau do Amaral, a mãe era a Lydia Dias do Amaral.
Estudou em São Paulo e em Barcelona, na Espanha, onde fez o seu primeiro quadro, batizado de “Sagrado Coração de Jesus“, em 1904.
Após receber o convite da amiga Anita Malfatti, retornou ao Brasil para participar da Semana de Arte Moderna de 1922.
Aqui, Tarsila percorreu diferentes regiões e pintou obras na fase denominada de Pau Brasil, em que retratava as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora, folclore.
A iniciativa influenciou outros autores da primeira fase do Modernismo no Brasil.
Antropofagia
A artista Tarsila do Amaral é peça-chave do movimento antropofágico, pois ele tem como inspiração o quadro Abaporu, pintado como presente para o então marido Oswald de Andrade. O nome do quadro, escolhido por Oswald, significa homem que come carne humana, o antropófago.
Logo, o Abaporu passou a simbolizar o Movimento Antropofágico, que visava deglutir a cultura europeia vigente e transformá-la em algo brasileiro.
Outras informações
- Tarsila participou da I Bienal de São Paulo em 1951 e participou da Bienal de Veneza em 1964.
- Em 1969, a doutora e curadora Aracy Amaral realizou a exposição Tarsila 50 anos de pintura.
- Tarsila do Amaral faleceu em janeiro de 1973.
Mário de Andrade
Mario de Andrade foi poeta, escritor, crítico literário, musicólogo. Ele é um dos pioneiros da poesia moderna, ganhando destaque entre os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil. Ele nasceu em São Paulo, no dia 9 de outubro de 1893.
Em 1922, Andrade trabalhou com Malfatti e Oswald de Andrade na organização da Semana de Arte Moderna. Na ocasião, apresentou a projeto do ensaio A Escrava não é Isaura, texto publicado em 1925 sobre as tendências da poesia moderna.
A paixão pela literatura fez Mário lançar dois famosos romances brasileiros, Amar, verbo intransitivo (1927) e Macunaíma (1928). Nas obras, ele apresenta aspectos do folclore, da etnografia e da cultura do país.
Relação com a música
Desde a infância, Mário de Andrade sempre gostou de música, fato que o fez estudar para se tornar musicólogo. No ano de 1928, publicou a obra "Ensaio sobre a Música Brasileira".
Da relação com a área musical, é possível destacar momentos importantes:
- Em 1942, Andrade regeu a cadeira de História da Música no Conservatório Dramático e Musical, em São Paulo;
- Ele foi fundador do Departamento de Cultura de São Paulo, onde implantou o Coral Paulistano e a Discoteca Pública Municipal;
- Mario de Andrade é o patrono da cadeira de número 40 da Academia Brasileira de Música.
Nome de relevância entre os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil, Andrade morreu no dia 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos, em São Paulo.
Oswald de Andrade
Escritor e dramaturgo brasileiro, Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890. Ele é responsável por dois dos mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, ambos de cunho político.
O Manifesto Antropófago é considerado uma obra de embate por falar da criação de uma poesia brasileira que valoriza as origens, o passado histórico e cultural do país.
Na escrita dos manifestos, poemas e romances, Oswald de Andrade tem como características o deboche e a ironia com questões relacionadas a herança colonial do país, além de questionar a busca por padrões que estão “fora” da nossa geografia cultural.
Trabalhos para o teatro
No teatro, Oswald de Andrade começou escrevendo as peças Leur Âme e Mon Coeur Balance, em 1916. Elas foram escritas em francês.
A participação no teatro nacional aconteceu nos anos 30, quando escreveu três textos do gênero dramático: "O Homem e o Cavalo" (1934), "O Rei da Vela" (1937) e "A Morta" (1937).
Oswald de Andrade é considerado na literatura brasileira o escritor moderno mais polêmico e crítico, dentro do âmbito político e social. Ele morreu no dia 22 de outubro de 1954.
Menotti Del Picchia
Menotti Del Picchia foi político, poeta, pintor, cronista, romancista brasileiro. Filho de imigrantes italianos, é um dos principais autores da primeira fase do Modernismo no Brasil. Ele nasceu no dia 20 de março de 1892, em São Paulo.
O seu primeiro livro foi publicado em 1913, nomeado “Poemas do vício e da virtude“. Entre as outras principais obras – a maior parte com caráter lírico e romântico – vale destacar:
- “Moisés” (1917);
- “Máscaras” (1919);
- “A revolução paulista” (1932);
- “Kalum, o mistério do sertão” (1936).
Histórico político
Menotti Del Picchia foi membro do Partido Republicano Paulista (PRP) durante a República Velha e participou da Revolução de 1932.
Entre os cargos públicos exercidos, o modernista foi deputado estadual em São Paulo, por duas vezes, e deputado federal, nesse caso em três oportunidades.
Faleceu no dia 23 de agosto de 1988, aos 96 anos, deixando o seu nome entre os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil.
Anita Malfatti
A artista plástica Anita Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, na cidade de São Paulo. Ela estudou pintura na Europa e ficou cerca de quatro anos na cidade de Berlim, Alemanha (1910-1914).
No Brasil, a artista entrou para o Grupo dos Cinco com o objetivo de inovar o panorama artístico e cultural do país. Por esta razão, ela também participou da Semana de Arte Moderna, junto de outros autores da primeira fase do Modernismo no Brasil.
Principais obras
Nas obras de cores expressionistas, Anita visou expressar temas considerados do cotidiano, a exemplo do samba de roda ("Samba" – 1943-45) ou animais ("Burrinho Correndo" – 1909)
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As obras que ganharam destaques nas suas exposições, além de reconhecimento entre os autores da primeira fase do Modernismo no Brasil, foram:
- “O Homem Amarelo” (1916);
- “A Estudante Russa” (1915);
- “A Mulher de Cabelos Verdes” (1916);
- “O Farol” (1915);
- “A Ventania” (1917);
- “Tropical” (1917).
Anita morreu em 6 de novembro de 1964, aos 74 anos, na cidade de São Paulo.