Resumo de História - Baixa Idade Média

A Baixa Idade Média compreende o período entre os séculos XI e XVI, com suas crises e seus rearranjos, e representou exatamente o surgimento de novos tempos: a Modernidade.

A crise do século XIV, considerada orgânica, global, foi uma decorrência da vitalidade e da contínua expansão (demográfica, econômica, territorial) europeia.

Antes disso, a Europa passou por um longo período de instabilidade após a queda do Império Romano em 476. Conforme alguns historiadores, a formação do feudalismo se deu do século III (ainda em meio à crise do Império Romano) até o século IX. Todo esse período foi marcado por invasões e instabilidade.

Do século IX ao XI veio o período de consolidação do feudalismo, quando teve início a Baixa Idade Média. Nesse momento, a Europa passava por transformações, atingiria o apogeu do sistema feudal e logo após o declínio.

Vale destacar ainda que nesse período houve um grande crescimento demográfico e o ressurgimento do comércio, à medida que novas técnicas agrícolas permitiam maior produtividade de solos e colheitas.

Características da Baixa Idade Média

  • Diminuição das guerras feudais e das invasões de povos à Europa (a última grande invasão havia sido a dos Vikings no século IX);
  • Surgiram inovações técnicas e tecnológicas, como o surgimento dos moinhos de vento e de água, a rotação trienal dos campos, o arroteamento de terras (drenagens de pântanos e derrubada de florestas para novas áreas agrícolas) e o incremento da metalurgia (graças ao início das Cruzadas);
  • Aumento da produção agrícola, graças a estabilidade e as novas tecnologias;
  • Crescimento da população, com mais alimentação e menos conflitos, permitindo que a população aumentasse de 45 milhões para 75 milhões entre os séculos XI e XIV.

Arquitetura 

A arquitetura medieval teve características bem específicas que demonstravam o pensamento da época. Diferenciava-se entre o Românico e o Gótico. O primeiro predominou na Alta Idade Média, refletindo tanto a insegurança quanto a religiosidade do período

Já na Baixa Idade Média, surge a arquitetura gótica, marcada pela imponência e leveza, se comparado ao estilo românico.

As catedrais góticas eram construídas dentro das cidades, com novas técnicas que permitiam edificações mais elevadas e paredes menos espessas.

Renascimento comercial e urbano

O crescimento populacional e da produção permitiram que a realidade rural europeia começasse a se transformar aos poucos. Esse contexto possibilitou o surgimento das cidades e da burguesia.

Com o crescente comércio, os burgueses foram adquirindo mais poderes econômicos, passando também a lutar por direitos políticos e sociais. Com isso, foram conseguindo as emancipações das cidades (chamadas comunas), que passaram a não estar sujeitas ao mando da nobreza feudal. As cidades conseguiram autonomia e criaram corpo administrativo próprio, normalmente comandado pelos burgueses.

O conjunto de transformações ocorridas neste período (aumento do comércio, urbanização e o surgimento da burguesia) culminou no processo chamado de Revolução Comercial.

O comércio ganhou significativo impulso com o aumento da produção agrícola, maior produção artesanal urbana e o contato com os povos orientais. Desenvolveram-se tanto rotas locais de comércio quanto rotas internacionais.

O pensamento da Baixa Idade Média continuava, no entanto, sendo de cunho religioso, porém, passava-se a se dar mais ênfase a São Tomás de Aquino, que propunha a conciliação da fé e da razão.

Cruzadas na Baixa Idade Média

No fim do século XI, o papa Urbano II convocou o Concílio de Clermont, no qual invocava os cristãos europeus para que fossem lutar pela “Terra Santa” (Jerusalém), que havia sido tomada pelos “infiéis” muçulmanos. Iniciaria um período de quase 200 anos de guerra entre cristãos e muçulmanos, sobre o qual destacam-se as principais causas:

  • Os cristãos (tanto católicos quanto ortodoxos) visavam reaver o controle de Jerusalém, local de peregrinação tomado pelo império árabe-muçulmano; Jerusalém é a região do santo sepulcro, local do sepultamento de Jesus Cristo;
  • O papa ia em socorro dos bizantinos, que sofriam derrotas militares para os muçulmanos, mas visava a reunificação da cristandade sob seu comando, uma vez que os bizantinos haviam se separado do catolicismo há poucas décadas quando criaram a Igreja Ortodoxa;

Consequências 

Ao fim de oito grandes expedições na Baixa Idade Média, os católicos conseguiram vencer apenas a primeira Cruzada. A “Terra Santa” ficaria sob o poder muçulmano. Porém, em meio ao insucesso militar cristão, novas rotas comerciais se abriam.

Os caminhos usados pelos cavaleiros cruzados agora eram também usados para se trazer especiarias do Oriente. As cidades italianas desenvolviam seu comércio mediterrâneo e impulsionavam o Renascimento Comercial e Urbano.

Crise do feudalismo 

A Europa vivia seu período de estabilidade e o feudalismo, bem como suas instituições, iam bem desde o século XI. Porém, o século XIV apresentou uma devastadora crise que colocaria em xeque o sistema feudal e a organização política e econômica da Europa daquela época. Instaurava-se a crise do feudalismo.

Era uma crise vista como inerente ao próprio sistema e suas contradições internas, uma vez que o feudalismo por si só era de produção para subsistência, mas assistia a um crescimento populacional muito grande e via o embrionário capitalismo surgir, com a burguesia e o comércio internacional, seja de especiarias ou artigos regionais.

Mas o que desencadeou de fato foi a crise ecológica/agrícola da década de 1330, quando a produção mal dava para alimentar os camponeses que, subnutridos, ainda tinham que sustentar clero e nobreza. Dessa forma, iniciou a crise de fome, seguido do surgimento de pestes e revoltas, além da Guerra dos Cem Anos.

O feudalismo não resistiria, e alternativas foram aparecendo. Era época da formação das Monarquias Nacionais, do crescimento do comércio e da burguesia. Os reis, a nobreza e a burguesia teriam que se rearticular para resolver essa crise (o nascimento do Absolutismo).

Peste Negra

O nome é peste bubônica, mas naquela época foi chamada de “peste negra” devido às manchas negras que deixava pelo corpo da vítima atingida pela bactéria yersinia pestis, transmitida aos humanos por pulgas.

Aproximadamente 25 milhões de pessoas morreram em poucos anos. Era um terço do total da população europeia da época.

A peste negra causou, além das mortes, uma época de grande fervor religioso e de perseguição a grupos religiosos minoritários, como os hebreus (judeus).