O Barroco em Portugal desenvolveu-se entre os anos de entre 1580 e 1756. Esse estilo artístico teve seu início marcado pela unificação da Península Ibérica sob o domínio espanhol (1580). Já o fim, ocorreu com o fim da fundação Arcádia Lusitana (1756), que estabeleceu um novo estilo: o Arcadismo.
Durante 60 anos Portugal foi uma província da Espanha e somente em 1640 conquistou a sua independência. No período que desenvolveu-se o Barroco em Portugal, o país passava por uma enorme crise econômica, política e social
, provocada pelos conflitos com a Espanha e a Guerra de Restauração.
A Igreja Católica já não exercia tanto poder como antes. Com a Reforma Protestante de Martinho Lutero ela perdeu muitos fiéis na Europa.
Deste modo, o Barroco em Portugal surgiu em um contexto de dúvidas no campo religioso e desenvolvimento da ciência.
Características gerais do Barroco em Portugal
Na tentativa de recuperar o seu poder, no século XVIII, a Igreja Católica reagiu com uma Contrarreforma que tinha como objetivos: conter os ideais promovidos pela Reforma Protestante, recuperar o teocentrismo (Deus no centro de todas as coisas)
medieval e promover a expansão da fé católica.
Ao mesmo tempo, o homem barroco desejava manter a visão do antropocentrismo (Homem no centro de todas as coisas)
herdada do Renascimento. Nesse cenário, o Barroco em Portugal tentava racionalizar a religião, por meio da conciliação entre fé x razão.
O Barroco em Portugal tinha como principais características:
- Dualismo: as forças contrárias (fé e razão, corpo e alma, Deus e o Diabo, morte e vida, etc.) regulam a existência humana;
- Fugacidade: na concepção barroca, a vida e tudo que passa por ela é passageiro. As pessoas, as coisas e o mundo mudam;
- Feísmo: marcando a ruptura com o equilíbrio clássico, as obras barrocas eram compostas por imagens com aspectos cruéis, dolorosos e grotescos;
- Pessimismo: a fugacidade por muitas vezes coexistia com a ideia da morte. Justamente esse medo da morte e a incerteza da vida deram uma característica pessimista ao estilo.
Literatura
Um das faces literárias do Barroco em Portugal, o Cultismo ou Gongorismo – em referência aos textos do poeta espanhol Luís de Góngora – corresponde ao jogo de palavras que visa o rebuscamento e ornamentação do texto.
Nesse estilo é comum o uso de figuras de linguagem como metáforas, antíteses, hipérboles, hipérbatos, paradoxos, entre outras.
Os escritores também utilizavam nos textos figuras de sintaxe como trocadilhos, hipérbatos e dubiedades.
Já o Conceptismo, também chamado de Quevedismo – em referência às poesias do espanhol Francisco de Quevedo-, corresponde ao jogo de ideias e conceitos pautados em argumentos racionais.
Além da exacerbada minuciosidade dos textos, o conceptismo possuía características de silogismo (com base no raciocínio dedutivo, duas premissas geram uma terceira proposição lógica) e sofisma (baseado em um argumento lógico, o objetivo é desestimular a verdade por meio de regras lógicas)
.
Autores
O padre Antônio Vieira (1608 – 1697) foi um religioso, filósofo, escritor e orador português. Ele escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além das profecias.
Suas principais obras foram:
- “Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda”
- “Sermão dos Bons Anos”
- “Sermão de Santo António aos Peixes”
- “Sermão da Sexagésima”
Conhecido o Judeu, Antônio José da Silva (1705 – 1739) nasceu no Brasil, mas sua família era portuguesa emigrada para a colônia brasileira, fugindo da Inquisição por práticas judaizantes.
Suas principais obras foram:
- “Vida do grande D. Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança”
- “Os Encantos de Medeia”
- “Labirinto de Creta”
- “Guerras do Alecrim e Manjerona”
D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666) foi outro grande nome do Barroco em Portugal. Nascido em uma família nobre de Lisboa, D. Francisco era considerado um artista multifacetado pois foi militar, memorialista, historiador e cronista.
Suas principais obras foram:
- “Carta de Guia de Casados”
- “Apólogos Dialogais”
- “As Segundas Três Musas”
Arquitetura
A arquitetura barroca é fruto de várias influências externas, principalmente o domínio espanhol
. Na tentativa de criar um estilo próprio, o Barroco em Portugal tentou ao máximo se diferenciar das obras arquitetônicas já existentes na Europa.
Uma das particularidades da arquitetura barroca é a influência da Arquitetura Chã, um estilo marcado pela austeridade das obras. As construções eram marcadas por abóbadas, arcos e contrafortes.
Os principais artistas e suas respectivas obras arquitetônicas do período foram:
Nicolau Nasoni (1691 – 1773) foi um arquiteto italiano que desenvolveu grande parte das suas obras em Portugal, por meio dos estilos barroco e rococó. Suas principais construções foram:
- “Igreja de Santo Ildefonso”
- “Torre dos Clérigos”
- “Igreja da Misericórdia do Porto”
Diego de Arruda (14? – 1531), junto com seu irmão Francisco de Arruda, criou um estilo próprio que era muito ligado à arquitetura militar. Sua principal obra foi:
- “Paço da Ribeira”
João Frederico Ludovice (1673 – 1752) foi um arquiteto e ourives alemão, que teve passagens na Itália e Portugal, onde serviu ao rei D.Pedro II e construiu as seguintes obras:
- “Palácio Nacional de Mafra”
- “Convento de Mafra”
Pintura
O Barroco em Portugal se desenvolveu sob fortes influências da Igreja. As pinturas tinham como característica o realismo, concentrado nos retratos no interior das casas, nas paisagens da natureza morta e nas cenas populares.
Os principais pintores e suas respectivas obras do período foram:
André Reinoso (1610 e 1641) considerado o primeiro pintor do Barroco em Portugal foi autor de obras como:
- “Calvário”
- “Santa Paula (Mosteiro dos Jerônimos)”
- “Pregação de São Francisco Xavier em Goa”
Baltazar Gomes Figueira (1604 -1674) foi um pintor português famoso por suas obras de natureza morta. As principais foram:
- “Natureza morta com cordeiro e peças de caça”
- “Natureza morta com peixes, crustáceos, cebolas, laranjas e gato”
- “Um cesto de figos, com um papagaio a olhar”
Domingos da Cunha (1598 -1644), também conhecido como Cabrinha, foi um pinto e religioso português que pintou obras como:
- “Retrato de D. João IV”
- “Adoração dos Pastores”
- “Vida de Santo Inácio de Loyola”