O Barroco no Brasil foi um estilo artístico introduzido pelos jesuítas e que predominou durante o Período Colonial. O principal objetivo dos missionários católicos era catequizar os povos indígenas nativos.
Apesar da influência portuguesa, o movimento barroco no Brasil apresentou características próprias, afinal de contas, a realidade existente entre os dois países era muito diferente na época. Portugal exibia luxo, enquanto o território brasileiro enfrentava um período violento com a perseguição dos índios e a escravização dos negros.
Suas marcas, principalmente, na arquitetura são encontradas até hoje em muitas cidades brasileiras, como Recife, Ouro Preto, Salvador, Rio de Janeiro
, entre outras.
Contexto histórico
No início do século XVII, o território brasileiro era uma colônia de Portugal. A necessidade de doutrinar os índios e, assim, contribuir para o processo colonizador, levou os jesuítas a introduzir o Barroco no Brasil.
Nesse período, a religião exercia uma grande influência na vida das pessoas. Isso explica o fato de o legado barroco brasileiro estar na arte sacra, em especial, na decoração dos conventos e igrejas, na pintura e estatuária.
Vale destacar que nessa época, também conhecida como “Século do Ouro”, a exploração de minério era a principal atividade desenvolvida, principalmente, em Minas Gerais, onde muitas jazidas foram encontradas, sendo considerado um dos principais polos econômicos e culturais do Brasil.
Por conta disso, as cidades mineiras possuíam uma vida cultural e artística intensa, com representantes importantes no Barroco Mineiro, como o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho.
Características do Barroco no Brasil e na Europa
O Barroco surgiu do século XVI para o século XVII, na Itália, em aversão ao Classicismo, que prezava a proporcionalidade, racionalidade e simetria. Dessa forma, suas principais características eram opostas: assimetria, irregularidade, excesso, exagero, rebuscamento, cultismo, conceptismo, linguagem dramática
. Daí o nome “barroco”, que significa “pérola de formato anômalo”.
Essa estética ditou a cultura da época, sendo aproveitada pela Igreja Católica da Contrarreforma, que tentava se reerguer após a Reforma Protestante, e pelas monarquias absolutistas, que buscavam expressar seus ideais de poder e pomba.
Os palácios, igrejas e grandes teatros são um exemplo dessa necessidade de criar um impacto apoteótico na sociedade da época.
O Barroco em Portugal adotou essa estética, justamente por ser monárquica e católica. Consequentemente, o estilo foi levado ao Brasil, sua colônia, cerca de 100 anos após o início da colonização portuguesa, em meio ao crescimento da população, o surgimento das suas primeiras vilas e à resistência dos índios. Nesse momento também a escravatura foi instaurada.
Diante desse contexto, mais do que um movimento cultural, o Barroco no Brasil foi um estilo de vida que expressou as contradições da sociedade brasileira, ainda em formação.
Quando comparado ao europeu, o Barroco brasileiro era considerado pobre, apesar do ouro utilizado nas igrejas. O principal fator era a técnica rudimentar utilizada pelos escravos e índios, responsáveis pela originalidade identificada nas obras nacionais, tanto nas artes plásticas, como na literatura, teatro e música.
Artes Barrocas no Brasil
O Barroco deixou legados importantes no Brasil até os dias atuais, principalmente na arquitetura, pintura e estatuária.
Arquitetura
Na arquitetura, podemos destacar os edifícios sacros. Os primeiros foram construídos na metade do século XVI, em Salvador e Olinda, com técnicas como o pau-a-pique, cobertas com folhas de palmeiras. Depois foram utilizadas a alvenaria, taipa e adobe. As principais características dessas construções eram os frontões triangulares sobre uma base retangular, sem capelas laterais. Muitos desses edifícios foram destruídos durante a invasão holandesa.
Em Minas Gerais – estado com maior acervo barroco no Brasil –, a arquitetura possui detalhes espetaculares, com muitos elementos coberturas por uma fina camada de ouro, além de pinturas em cores fortes, altares de madeira com detalhes em espirais ou florais e figuras de anjos.
Pintura
No período Pós-Reforma Protestante, quando surgiu o Barroco no Brasil, a igreja tinha a necessidade de se posicionar e reaproximar os fiéis, que se sentiam cada vez mais distantes da religião. A pintura barroca reflete esse momento.
As imagens pintadas nos textos das igrejas possuíam muita profundidade, com o primeiro plano super dimensionado e os elementos de plano de fundo reduzidos, passando aos fiéis a sensação de proximidade com o divino.
Suas principais características cromáticas eram o uso do vermelho, azul, brando e dourado, além do chiaroscuro ou claro escuro, típico das pinturas europeias.
Vale destacar também a pintura em azulejos, trazida de Portugal, que descrevia cenas narradas na Bíblia.
Estatuária
Difundida em parte do litoral e interior brasileiro, as esculturas eram consideradas símbolos de devoção. Encontradas tanto em igrejas como nas casas, as primeiras obras estatuárias barrocas chegaram de Portugal, e com o passar do tempo, franciscanos e beneditinos ensinavam a arte de esculpir no barro, enquanto os jesuítas treinavam os índios com o uso da madeira.
Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde são os principais artistas da estatuária barroca no Brasil. Eles criaram um estilo próprio, sem qualquer característica europeia, com obras feitas em pedra-sabão e madeiras.
Principais nomes do Barroco no Brasil
Na literatura, o marco considerado inicial do Barroco no Brasil foi em 1601, com a publicação do poema épico “Prosopopeia”, de Bento Teixeira (1633-1696). Suas 94 estrofes exaltam a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.
Gregório de Matos (1633-1696) foi outro nome de peso da época. Considerado um dos maiores poetas do Barroco brasileiro, conhecido como “Boca do Inferno”, se destacou por utilizar a ironia na sua poesia religiosa, satírica, lírica e erótica.
Nas artes plásticas, Aleijadinho (1730 – 1814) é conhecido como o maior expoente da arte colonial brasileira. Utilizava como material de suas obras a pedra-sabão e a madeira, com características do Rococó e estilos clássico e gótico. Outro destaque é Manuel da Costa Ataíde e (1762 - 1830), que se inspirava em estampas e gravuras missais usando recursos barrocos como colunas, conchas, vasos e flores.
O primeiro autor nascido no Brasil a publicar versos no estilo barroco foi Manuel Botelho de Oliveira (1636 – 1711). Em 1705, seu livro “Música do Parnaso”, uma coletânea de poesias escritas em português, castelhano, italiano e latim, foi publicado em Lisboa.
O frade franciscano Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768) foi outro destaque da poesia barroca com “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”.