Resumo de História - Bloqueio Continental

O Bloqueio Continental foi uma determinação do imperador da França, Napoleão Bonaparte, para que todos os países da Europa fechassem seus portos para o comércio da Inglaterra. O decreto consistia em desfavorecer a economia britânica e enfraquecer seu poder no continente.

O acordo obrigatório e autoritarista aconteceu pouco depois da Revolução Francesa, em 1806, e durou pouco mais de um ano. A premissa de que o mercado europeu estava sob o monopólio dos ingleses fez com que o imperador tomasse essa atitude, com o intuito de defender sua economia interna.

Para que essa tática tivesse sucesso, Napoleão Bonaparte precisaria do apoio dos países que detinham os principais portos de embarcações, onde as relações comerciais eram intensas.

Como pequeno país colonizador e com importante abertura de entrada de navios, Portugal ficou indeciso nas suas decisões, já que a Inglaterra era seu principal fornecedor.

História e motivação para o Bloqueio Continental

O domínio napoleônico causava enorme efervescência política e militar na Europa, no início do século XIX. A França passava por um processo revolucionário de transformação econômica, conquistando diversos territórios, o que desagradava outras monarquias como a Inglaterra, a qual também possuía uma conjuntura bélica e econômica à altura.

Ameaçado pelo poder da oponente, Napoleão Bonaparte assinou um decreto que desfavorecia a rival, chamado de Bloqueio Continental. Essa medida de teor absolutista determinava o fechamento de todos os portos da Europa para a Inglaterra, impedindo a entrada comercial dos navios britânicos no continente.

O documento foi redigido em 21 de novembro de 1806, com a intenção de derrubar a economia inglesa. Dessa forma, a França aumentaria a expansão do mercado consumidor interno e externo, enquanto a Inglaterra perderia forças.

No entanto, tal solicitação prejudicava outros países europeus como era o caso de Portugal que, além de necessitar amplamente dos produtos industriais trazidos pelos ingleses, servia de porta de entrada para as embarcações.

Inicialmente, as exigências do Bloqueio Continental também não poderiam ser cumpridas por alguns países, por causa dessa dependência financeira.

O império russo firmou o Acordo de Tilsit, que garantiu a Napoleão o bloqueio do extremo leste da Europa. Na Península Ibérica faltava o acordo com os portos de Lisboa e Porto. Como era uma convocação obrigatória, a França queria fechar esses portos de qualquer jeito, tanto por acordo quanto por invasão militar.

Decisão de Portugal

De um lado, Portugal não tinha suporte para entrar no campo de batalha contra os franceses, do outro não havia a possibilidade de interromper o consumo das mercadorias manufaturadas britânicas.

Devido à pressão das duas grandes potências, encontrava-se em um enorme impasse, o que lhe fez se manter indefinido em relação aos dois países por um tempo.

No entanto, preferiu se aliar à Inglaterra. Desse modo, transferiu o governo português para o Brasil colônia através de uma convenção secreta assinada pelo príncipe regente Dom João VI. Os termos previam a cooperação entre Portugal e Inglaterra para evitar uma guerra entre eles.

O acordo era que o país lusitano permitisse a entrada da Inglaterra nos portos brasileiros, ao passo que os britânicos defenderiam o território português da invasão dos franceses.

A família real e a nobreza portuguesa embarcaram para o Rio de Janeiro, em 1807. Anos mais tarde, essa instalação da Coroa Portuguesa culminaria no processo de independência do Brasil.

Efeitos do bloqueio portuário

O Bloqueio Continental se mostrou sem sucesso para Napoleão Bonaparte, pois uma das principais cidades portuárias não aderiu ao pacto e ainda se aliou ao inimigo.

As nações aliadas a França também não viam o decreto com bons olhos, o que reduziu bastante sua influência entre os territórios conquistados.

Outra questão foi como o país tratou àqueles que se mostravam contra. A repressão militar e a violência foram as medidas tomadas pelo imperador como forma de exigir respeito ao Bloqueio Continental.

A Espanha também vivia do comércio marítimo e não podia se opor a maior potência marítima da época, a Inglaterra. No entanto, Napoleão encabeçou intervenções de imposição ao respeito das regras no país, o que resultou na Guerra Peninsular.

Bloqueio Continental: reação britânica

Com a ofensiva da França, o Reino Unido começou a agir. Navios neutros que carregavam mercadorias com destino aos portos franceses eram abordados e detidos em alto mar pelos britânicos. A carga era vendida em leilão e impedida de entrar na França.

Os países que apoiavam o Bloqueio Continental começaram a dar por falta de uma variedade de mercadoria colonial. A medida tomada pela Grã-Bretanha estava sendo eficaz e já começava a incomodar o grupo de países aliados a Bonaparte.

No entanto, depois que o navio de guerra britânico HMS Leopard bombardeou o navio americano USS Chesapeake, os Estados Unidos da América aprovaram a Lei de Embargo de 1807, ordenando que todas as embarcações britânicas se retirasse das águas americanas. Os EUA faziam parte dos países neutros, mas negociavam escondidos com os dois lados em guerra.

Fim do decreto

A fiscalização de cargas nos portos franceses era frequente, pois se o navio de uma nação neutra saísse do Reino Unido com destino à França, teria carga confiscada. Dessa forma, os países que não tinham lado estavam sujeitos à captura de seus navios em alto mar pelos próprios franceses.

Isso foi uma das circunstâncias que motivou o Czar Alexandre I, da Rússia, a concordar com o Bloqueio Continental, influenciando também a Áustria. No entanto, havia muita corrupção e suborno no sistema implantado, o que ocasionava a perca de credibilidade por parte de Napoleão Bonaparte.

Outra consequência foram os terríveis castigos executados contra as nações que não queriam obedecer à lei imposta obrigatoriamente. Punir, assegurar o Bloqueio Continental e ocupar portos trouxe muitos gastos para a França, contribuindo para derrota na guerra de 1815.

O bloqueio durou pouco mais e um ano para alguns países. Outros, a exemplo da Rússia, voltaram a ter relações comerciais com a Inglaterra em 1812, decisão que gerou guerra com os franceses.

O período de conflitos entre Inglaterra e França ficou conhecido como Guerras Napoleônicas, sendo encerradas com Tratado de Paris depois da Batalha de Waterloo.