Resumo de Educação Artística - Bumba meu boi

O bumba meu boi ou boi bumbá, como também é chamado, é uma manifestação artística típica do folclore brasileiro, que une a dança, a música e o teatro. No Brasil, a tradição costuma ser mais forte na região Norte e Nordeste do país.

Embora seja típica dessas duas regiões, é possível encontrar apresentações do bumba meu boi em diversos locais do país. A dança é representada por um boi, no qual sua alegoria é produzida por uma armação feita em madeira e revestida por tecidos bordados. O homem que veste a fantasia é chamado de “miolo do boi”.

Origem do Bumba meu boi

Conforme alguns historiadores e folcloristas, a manifestação teve origem na cultura europeia, mais precisamente na tradição luso-ibérica do século XVI. Eles contam que a dança foi trazida para o Brasil através dos colonizadores portugueses e, dessa forma, foi modificada por algumas influências da cultura indígena e africana.

No início, o bumba meu boi sofreu grande repressão por ser considerada uma festa de origem escrava. Assim, entre 1861 e 1868, a tradição foi perseguida pelas elites nordestinas, bem como pela polícia, que chegou a proibir as apresentações por um tempo.

História da lenda

A tradição do bumba meu boi pode variar conforme cada região, apresentando algumas modificações. Na região Nordeste,  a apresentação, interpretada com dança e cantoria, foi inspirada na lenda da Mãe Catirina e do Pai Francisco (Chico).

A lenda conta a história de um casal de escravos, Francisco e Catirina, que fica grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Dedicado em atender as vontades de sua mulher, Francisco decide matar o boi mais bonito do rebanho, que, por sinal, era o preferido do dono da fazenda.

Ao perceber a situação e sentir falta do boi, o fazendeiro pede que outros escravos vá atrás do animal. Entretanto, ele é encontrado morto. Nessa versão, que mistura elementos indígenas e africanos, o boi é ressuscitado com o ritual feito por um pajé, tido como um curandeiro na cultura dos índios brasileiros.

Já em outras versões, a ressuscitação do boi está associada ao conceito de milagre pregado pelo Catolicismo. Mas no final, quando o boi volta à vida, o que se tem em comum é a celebração de toda a comunidade.

Portanto, é nesse contexto de escravidão e fazendas de criação de gado que nasce os festejos do bumba meu boi no Brasil, misturados às influências da cultura africana, a exemplo do boi geroa, e à cultura francesa e portuguesa, com influência da tourada espanhola.

Festas

 Com base na lenda principal, a história do bumba meu boi ganha uma interpretação diferente conforme a tradição da cultura de cada povo. No Brasil, o festejo se expandiu, ganhou destaque e virou tradição, principalmente no estado do Maranhão, no Nordeste, e na cidade de Parintins, no estado do Amazonas, Norte do país.

Nessas regiões, a apresentação do bumba meu boi é algo tão marcante que as apresentações atraem milhares de turistas nos meses em que acontece os festejos, fortalecendo o turismo e a economia das cidades.

Maranhão

No Maranhão, a apresentação faz parte de uma das danças folclóricas mais populares do estado. A festa acontece nos meses de junho e julho como forma de homenagear o santo São João. Contudo, ela também acontece em vários eventos fora de época.

Na cidade de São Luís, a festa é dividida em quatro etapas. Os ensaios e o primeiro estágio começam ainda na fase da preparação. Eles iniciam no sábado de aleluia e terminam no dia 13 de junho, data em que comemora-se o dia do Santo Antônio, ou então no sábado mais próximo dessa data.

O batismo acontece na segunda fase, quando o boi recebe todas as bênçãos do padroeiro da festa. Na terceira etapa ocorre as celebrações com brincadeiras em arraiais durante toda a festa junina. Por último, na quarta etapa, já no fim do mês de julho, acontece a morte do boi.

Apenas na cidade de São Luís existem mais de cem grupos de bumba meu boi. Cada um com o seu sotaque, ou seja, com características próprias na maneira de se expressar, de se vestir, de dançar as coreografias e de escolher os instrumentos para a música.

Dessa forma, os cinco sotaques mais famosos da região são: matraca, orquestra, baixada, costa de mão e zambumba, que inclusive acredita-se que a origem do nome bumba meu boi tenha relação com esse tipo de tambor usado nos festejos.

O bumba, por outro lado, pode ter sido originado da expressão “zabumba meu boi”. Além disso, existe o verbo bumbar, que quer dizer: bater com força. Assim, Bumba teria o sentido de uma exclamação como: Bate, meu boi! Bate Chifra, meu boi!

Conheça mais um pouco dessa tradição no vídeo abaixo:

Parintins

Na região da Amazônia, a tradição do bumba meu boi chegou por meio de imigrantes vindos do Maranhão que foram para a região extrair borracha. No início, o boi de Parintins foi chamado de toada amazônica, devido as influências indígenas que deram a ele características próprias.

Com isso, a apresentação do boi de Parintins é algo que acontece desde 1965. A apresentação acontece sempre no último final de semana de junho, a céu aberto, em uma arena com formato da cabeça de um boi, chamada de Bumbódromo.

No entanto, os festejos de Parintins acontece de forma bem irreverente com a participação de duas agremiações: O Boi Garantido (o coração vermelho) e o Boi Caprichoso (a estrela azul). Ambos dançam ao som de letras e mitos da floresta amazônica que são cantadas e tocadas por mais de 400 ritmistas.

A disputa entre os Bois Caprichoso e Garantido é tão grande que a torcida de um, não pronuncia o nome do outro. Quando uma agremiação quer se referir ao boi adversário, ela o chama de “contrário”, ao invés de usar o nome.

Essa tradição já existe há muitos anos. No fim de semana que acontece a festa, a população da cidade, conhecida por suas ruas tranquilas, chega a dobrar com a chegada dos turistas. A festa costuma reunir cerca de 50 mil pessoas para assistir ao duelo dos bois.

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