Resumo de História - Calvinismo

O calvinismo foi um movimento religioso iniciado na Suíça, no século XVI, pelo francês e adepto do Protestantismo, João Calvino (1509-1564). Ele aplicou em sua teoria religiosa os elementos pregados pela Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero nos países europeus.

Mas, antes de compreendermos os motivos que deram início ao calvinismo, é importante saber um pouco do contexto da Reforma Protestante e as ideias religiosas pregadas por Lutero (Luteranismo).

Reforma Protestante

A Reforma Protestante foi um movimento religioso que surgiu em resposta ao domínio espiritual e político-administrativo exercido pela Igreja Católica sobre as civilizações europeias, ao final da Idade Média.

A Reforma teve como líder principal Martinho Lutero, um monge agostiniano alemão, que se mostrou contrário às práticas do cristianismo. Diante disso, ele elaborou e fixou 95 teses na porta de uma Igreja Católica.

Para Lutero, uma das práticas mais absurdas exercidas pela Igreja Católica era a venda de indulgências, na qual o perdão era concedido em troca de pagamento feito em dinheiro. Isso, portanto, formou o cenário ideal para que as ideias de Lutero fossem difundidas na Europa.  

Repercussões na Suíça

Com a Reforma Protestante, muitos seguidores de Lutero foram perseguidos pela Inquisição (Tribunal do santo ofício). Para tentar fugir da perseguição e escapar das mortes, alguns fugiram para a Suíça.

No país, Huldrych Zwingli deu início às primeiras reformas religiosas. Como apoiador de Lutero, ele propagava as suas ideias livremente. Entre outras coisas, o teólogo rejeitava o sacramento da confissão, do cristianismo, e defendia a premissa da predestinação, principal característica do calvinismo.

Várias regiões da Suíça foram agitadas por seus pensamentos, o que chegou, inclusive, a provocar a Guerra Civil de 1531 (entre protestantes e católicos), na qual ele morreu. Após esse episódio, foi proposto o acordo “Paz de Kappel“, que previa o estabelecimento da tolerância religiosa na Suíça.

Embora a Suíça tivesse conquistado sua independência, desmembrando-se do Sacro Império Romano-Germânico, a organização política do país não era unitária, ou seja, havia concentração de poder em várias cidades.

Tais concentrações, no entanto, eram como verdadeiros centros ou polos comerciais de uma burguesia que só aumentava a sua ascensão, mas que era marcada pela falta de legitimidade ideológica. Isso criou um cenário perfeito para que os defensores das ideias luteranas se espalhassem pelo país.

Calvino desenvolveu um conhecimento sobre as ideias humanistas e teve acesso à literatura grega antiga. Essa aproximação foi muito valiosa para o que ele pretendia desenvolver em sua teologia.

Contudo, foi na cidade de Genebra que Calvino se destacou como um personagem de grande importância dentro do protestantismo, através da publicação do livro “Instituições da religião cristã. Assim como Zwingli, ele era um grande entusiasta das ideias de Lutero, assim, levou a predestinação como uma das suas premissas às últimas consequências teológicas.

O calvinismo

Em sua teoria, João Calvino manteve quase todos os princípios formulados por Martinho Lutero, no entanto, ele desenvolveu uma teologia própria: a doutrina da Predestinação Absoluta.  Assista no vídeo abaixo o que afirmava essa teoria:

Nesta teoria, Calvino afirmava que Deus já sabia, desde sempre, quem eram as pessoas que seriam salvas por ele, bem como as que não seriam. Diante disso, o ensinamento principal do Calvinismo era de que Deus era o soberano de tudo e que todas coisas aconteciam conforme a sua vontade.

Com base nesses princípios, os calvinistas defendem cinco pontos principais, afirmados no Sínodo de Dordt. O acróstico é formado pelas iniciais TULIP. São eles:

T-otal Depravity ou depravação total

Esse ponto indica que todas as pessoas pecam e são poluídas pelo pecado, herdado de Adão e Eva. Por conta disso, tudo se tornou corrompido e as pessoas viraram escravas do pecado. Sozinhas, as pessoas não têm capacidade para se salvar, pois apenas a intervenção de Deus pode mudar essa situação.

U-nconditional Election ou Eleição Incondicional

Esse ponto explica que Deus escolhe quem ele quer salvar. Logo, essa escolha não é feita por mérito ou com base nas boas ações realizadas durante toda a vida, mas na decisão soberana e incondicional de Deus, pois ele escolhe os homens que levará para o céu.

L-imited Atonement ou Expiação Limitada

Esse ponto explica que a morte de Cristo na cruz não foi para salvar toda a humanidade, mas apenas os seus escolhidos. Com isso, os calvinistas afirmam que a expiação é limitada na medida em que foi destinada para alguns e não para todos.

I-rresistible Grace ou Graça Irresistível

Também chamada de vocação eficaz, este ponto explica que a salvação do espírito é irresistível. Isto é, supera toda e qualquer resistência. Sendo assim, quando alguém é predestinado a ser salvo por Deus, esse não consegue resistir.

P-erseverance of the Saints ou Perseverança dos Santos

O último ponto explica que a salvação não será perdida, permanecendo assim até o fim. Isso porque a salvação é concedida pela vontade de Deus e não pela vontade da pessoa.

Assim, a doutrina é baseada no princípio de que a salvação é uma obra de Deus do começo ao fim, pois ele é fiel às suas promessas, nada e nem ninguém pode impedir seus propósitos.

Vale ressaltar que, ao contrário do que o senso comum acredita, esses pontos não foram elaborados por João Calvino, mas sim pelos seguidores do calvinismo. Eles foram escritos muitos anos depois da morte de Calvino.

Além disso, o calvinismo defendia outros princípios morais. A doutrina enxergava no trabalho e na poupança, por exemplo, virtudes a serem valorizadas pelo verdadeiro cristão. A riqueza e o lucro deixavam de ser pecado, como eram vistos no cristianismo, e passavam a ser uma forma de glorificar a Deus.

Como a igreja católica condenava os lucros e a riqueza pessoal, Calvino conseguiu rapidamente influenciar os burgueses do país. Assim, em pouco tempo conseguiu uma vertiginosa ascensão política e religiosa, o que lhe garantiu o controle da nova Igreja e do governo suíço.

Após um tempo, as ideias do calvinismo espalharam-se para outras países da Europa, em especial a Escócia, a Inglaterra e a França.