Componente da célula vegetal utilizado pela indústria
A celulose é um dos principais componentes da célula vegetal e é matéria-prima para diversos produtos usados no cotidiano, em especial, o papel. Nas células, sua principal função é garantir a rigidez da parede celular. Desse modo, ela permite que as plantas possam sobreviver às condições ambientais a que são expostas.
Na indústria, a produção de celulose possui grande importância econômica. A substância é matéria-prima para diversos produtos, como papel, tecidos, fraldas descartáveis, estabilizantes de alimentos industrializados, biocombustíveis e outros. Apesar de estar presente em todas as plantas, a extração dessa substância no Brasil é, majoritariamente, feita a partir do eucalipto (65%) e do pinus (31%).
A estrutura química da celulose
Como dito anteriormente, a celulose é um polímero de cadeia linear. Sua estrutura química é formada por ligações de hidrogênio com grupos hidroxilas. Além disso, ela possui monômeros de glicoses interligados por ligações glicosídicas. Cada molécula de celulose pode ter entre 15 e 15000 moléculas de glicose. Por isso, ela é definida como um polímero de glicose de cadeia linear. A representação química desse componente da célula vegetal é dada pela fórmula (C6H10O5)n.
Quando dispostas na célula, as moléculas de celulose se organizam de modo a criar feixes de fibras. Esse arranjo atribui às ligações que as moléculas estabelecem entre si uma rigidez que impossibilita sua digestão pelo organismo humano. Essa capacidade é restrita às bactérias e aos fungos. Mesmo nos ruminantes, a quebra das moléculas acontece porque esse grupo de mamíferos possui, em seu aparelho digestório, microrganismos capazes de digeri-la.
Outra consequência da rigidez dos feixes de fibras criados pela organização das moléculas de glicose é a rigidez da própria parede celular e, consequentemente, das plantas. Não fosse assim, as plantas não conseguiriam resistir às intempéries que enfrentam em seus habitats. Elas seriam destruídas pelo calor do sol ou ação da chuva sempre que esses eventos se manifestassem.
Uso da celulose na indústria brasileira
Indústria alimentícia, têxtil, farmacêutica, etc. São diversos os tipos de indústria que utilizam a celulose como matéria-prima. Desse modo, a substância logo se destacou pelo seu valor comercial. Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição do dos maiores produtores de celulose no mundo e a primeira posição quando se avalia apenas o tipo celulose de fibra curta.
De acordo com informações da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), em 2017, quando o país se consolidou como segundo maior produtor de celulose, a produção nacional ultrapassava a marca de 18,8 milhões de toneladas. Contudo, aproximadamente, 70% do total produzido no país atendia às necessidades do mercado externo. No ano seguinte, o volume total de árvores plantadas para extração de celulose foi 13,1% e isso gerou uma receita de R$ 86,6 bilhões.
Outro dado que comprova a importância dessa matéria-prima para a economia brasileira é sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) Com o crescimento apresentado no ano de 2018, o setor registrou aumento de 1,1% na participação no PIB, enquanto a agropecuária cresceu apenas 0,1%, a indústria geral, 0,6%, e o setor de serviços, 1,3%. Nesse ano, o setor de árvores foi equivalente a 1,3% do PIB nacional e 6,9% do PIB industrial.
O processo de extração da celulose
Para extração da celulose são utilizados troncos de madeira. No Brasil, o processo é realizado com uso majoritário do eucalipto e do pinus. Após o corte, os troncos são descascados e picados de modo a formar o que se denomina cavacos. Esses pequenos pedaços de madeira são cozidos para extração da polpa. No processo de cozimento, é utilizado um composto líquido formado pela mistura de água com agentes químicos.
A polpa resultante da etapa de cozimento é lavada para extração das sujidades e dos pedaços de madeira que não foram dissolvidos. Os cavacos são queimados para produção de energia elétrica e a polpa é colocada em descanso em outros recipientes para que seja possível separar a celulose de outras substâncias. Esse estágio da produção é denominado branqueamento.
O estágio seguinte é a conversão da polpa aquosa em uma folha contínua e lisa. Para isso, é utilizada uma máquina chamada mesa plana, na qual a substância é depositada. A folha produzida pela mesa plana é submetida aos processos de prensagem e secagem para extração do excesso de água e compactação da folha. Findado todas essas etapas, as folhas são cortadas em pedaços menores, embaladas e distribuídas para as indústrias.
No Brasil, são produzidos três tipos de celulose: fibra curta, fibra longa e fluff. A celulose de fibra curta é extraída do eucalipto. Ela possui menor resistência, são mais macias e possuem alta capacidade de absorção. Por isso, é utilizada nas indústrias produtoras de papel higiênico, guardanapo, seda artificial e papel de escrever.
A celulose de fibra longa, por outro lado, é usada na produção de papeis de maior resistência, a exemplo de embalagens, cartão e papel jornal. Ela é obtida do pínus. Por fim, a tluff é ideal para lenços higiênicos, fraldas descartáveis, absorvente feminino e lenços umedecidos.