Resumo de Português - Charge

Charge é um dos gêneros textuais voltados para a crítica. Através das sátiras, situações específicas de interesse público são debatidos. Por isso, é considerada um gênero jornalístico, sendo intensamente utilizadas por jornais e revistas com teor político e social.

O termo é de origem italiana, e vem da palavra “charger”, que significa “carga”. Ou seja, a representação exagerada de um acontecimento carregado de comicidade para chacota e o riso.

“A Campanha e o Cujo” foi a primeira charge publicada no Brasil, em 1837, criada por Manuel José de Araújo, em Porto alegre.

Produzida no século XIX, por pessoas que queriam expressar indignação e insatisfação com os governantes vigentes, a charge costuma ter personalidades públicas, como políticos e artistas. Geralmente, os personagens são pessoas envolvidas na política.

O autor expressa, por intermédio da arte, seu ponto de vista, criticando assuntos de interesse público ou personalidades. Além disso, também pode explicitar o viés ideológico do meio de comunicação em que o material está sendo publicada.

A charge vem acompanhada de contextos, isto é, uma informação ou notícia contemporânea. Desta forma,  é entendida apenas por aqueles que conhecem e sabem os assuntos do momento.

A ironia, o humor e o sarcasmo são frequentes nesse gênero. Na parte estrutura,  pode conter ou não legendas e balão de fala. Quanto a linguagem, a charge costuma ser uma composição do verbal com o não verbal.

O chargista, profissional que cria as charges, precisa ter familiaridade com o tema retratado, pois a criação deve ser passível de entendimento e de se fazer compreender, já que o leitor utiliza esse meio para ter conhecimento dos fatos ocorridos no mundo.

 Características

  1. Cunho político e social: as questões nacionais e internacionais são alvos principais da charge. Ou seja, envolve a crítica sarcástica de um acontecimento ou personalidade política ou social de relevância;
  2. Atualidade: toda charge necessita de contexto. Por estar dentro de alguma situação, é importante  que o leitor tenha referência do que se trata, caso contrário é um piada perdida;
  3. Circulação: considerado um gênero jornalístico, a charge está presente mais em meios de comunicação jornalísticos, como jornais e revistas. Também é usado por esses veículos para apresentar o próprio ponto de vista;
  4. Exagero: é através do exagerado que evidencia a comicidade, na qual o chargista faz representações distorcidas da realidade, mas sem tirar a veracidade. Além disso, o exagero é usado para causar o riso;
  5. Linguagem: também chamando de texto visual, é uma combinação entre o verbal e não-verbal, e  podem ser representadas por legendas ou balões de textos;
  6. Ruptura e Intertemporalidade discursiva: é sempre esperado um final surpreendente, a ruptura da narração construída. Na charge a piada é posta para que o leitor entenda, sem a necessidade de auto explicação. 
  7. Efemeridade: informação efêmera que representa a atualidade, um acontecimento contemporâneo;
  8. Caráter: possui o víeis humorístico, cômico, irônico e satírico.

Charge Animada

O desenho animando já é bastante conhecido, mas já pensou  misturar animação com charge? Pois então, a charge animada foi popularizada através das redes sociais e da TV.

A diferença entre os gêneros é o foco da crítica, pois não é recorrente o uso dos desenhos animados em discussões políticas e socais. 

A charge animada é marcada por linguagens verbais e não verbais,  juntamente com imagens em movimento e sons, elementos que compõem as produções audiovisuais.

Curiosidade: a Rede Globo tem utilizado esse recurso em programas como o “Big Brothers Brasil”, com animações do cartunista Maurício Ricardo Quirino.

Charge versus Cartum

As charges e cartuns frequentemente são confundidos, mas ambas apresentam propriedades e aplicações diferenciadas.

Cartum é um termo aportuguesado do inglês “cartoon”, que quer dizer “cartão“. E sua origem é italiana, da palavra “cartone”.

O cartum nasceu de uma evento ocorrido em Londres, em 1874. Segundo relatos, o príncipe Albert planejou decorar o Palácio de Westminster e, para tal, promoveu um concurso. O desenho vencedor seria pendurado na parede da propriedade. 

Com o intuito de debochar a atitude do príncipe, a revista “Punch” publicou seus próprios cartoons, criando assim um novo significado satírico para os cartões. 

Diferente da charge, o cartum não tem responsabilidade nenhuma com a realidade, podendo ser ser usados em diversas situações, inclusive as que não são humorísticas. 

O cartum é universal.  As informações ou piadas devem  ser entendidas por qualquer pessoa, independente do país,  cultura, época e nível intelectual. Os desenhos são representações visuais de fatos coletivos, como injustiças, problemas com a fome e seca, e até mortes. 

 Desta forma, não é necessário apresentar contextos, nem ser atuais,  pois não tem gancho. Geralmente, são abordados temas relacionados ao comportamento humano, mas sem a presença de personalidades específicas,  além de serem atemporais. 

No cartum é possível encontrar elementos das histórias em quadrinhos, como as onomatopeias e os balões de textos.

O cartum é atemporal e não retrata um personagem isolado. Já a charge é temporal, atualizado, contextualizado e faz uso de personalidades públicas.

Charge versus Caricatura

Assim como a charge, a caricatura utiliza desenhos e personalidades públicas. Contudo, a caricatura é praticamente a exposição exagerada de uma personagem real.

Caricatura vem do italiano “caricare”, que quer dizer colocar sentido de exagero, elevar a proporção de algo. O excesso serve para enfatizar comportamentos, vícios, características físicas e gestos individuais. 

Além disso, evidencia o caráter humorístico e irônico para provocar o riso, a piada.

A charge, o cartum e as caricaturas são encontradas frequentemente em questões do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e provas de vestibulares.

Por isso, é muito importante entender as semelhanças e diferenças. Saber identificar esses gêneros irá ajudá-los na resposta correta.