Conheça os riscos dessa substância e as formas como ela pode ser utilizada
O chorume é o produto resultante do processo de decomposição da matéria orgânica. Ele pode ser um aliado ou vilão do meio ambiente. Quando é produzida em condições inadequadas, essa substância pode se configurar como um poluente extremamente nocivo para o ecossistema. Por outro lado, se a decomposição acontece em condições adequadas, ele pode ser usado em processos de fertilização do solo e até mesmo como pesticida natural.
Independente do modo como aconteça a produção do chorume, suas características perceptíveis a olho nu não mudam. Ele se constitui como uma substância líquida, de cor escura, cheiro forte e extremamente desagradável. Continue a leitura deste artigo e conheça os riscos que o lixiviado ou líquido percolado, como também é conhecido o chorume, representa para o meio ambiente e as formas de reduzi-los.
O risco ao meio ambiente
No lixo doméstico, estão algumas das principais matérias orgânicas que resultam no chorume. Cascas de verduras, legumes, frutas, cascas de ovos, restos de alimentos e demais componentes orgânicos são algumas das substâncias descartadas, diariamente, pelas residências e que dão origem ao lixiviado. O problema com a decomposição dessas matérias acontece quando elas são misturadas com outros rejeitos, como componentes eletrônicos, pilhas, produtos hospitalares e outros industrializados.
Quando os compostos orgânicos se decompõem com substância não biodegradáveis, a composição físico-química do chorume é alterada. Ele incorpora os metais e demais poluentes presentes no lixo e carrega esses componentes para o solo, podendo contaminar lençóis freáticos, rios, plantas e animais. Por isso, alguns pesquisadores afirmam que o líquido percolado é uma das três substâncias mais nocivas do mundo moderno. Ao seu lado estão o plutônio e a dioxina.
É por conta do perigo que essa substância pode representar que o descarte de rejeitos em lixões é tão condenado por biólogos, geólogos, ambientalistas e entidades ligadas à causa ambiental. O chorume produzido nesses espaços pode ter em sua composição metais pesados como cádmio, arsênio, cobre, mercúrio, cobalto e chumbo. No organismo humano, o acúmulo desses compostos químicos pode desencadear problemas no sistema respiratório, sistema cardiovascular e sistema nervoso.
As formas de tratamento do chorume
Mesmo o lixiviado produzido em condições nocivas, pode ser recuperado a fim de dirimir o risco que ele oferece ao meio ambiente. Uma das alternativas disponíveis para esse fim é o aterro sanitário. Nesses espaços, podem ser adotadas algumas técnicas diferentes para tratamento do líquido percolado. São elas: recirculação, tratamento biológico e tratamento químico.
Antes de falarmos sobre cada um desses métodos de tratamento, vamos entender o que são os aterros sanitários. Tratam-se de espaços construídos, especificamente, para descarte de rejeitos sólidos que não podem ser reaproveitados em processos de reciclagem. Essas construções são feitas de modo a garantir a impermeabilização do solo e os processos de capitação e drenagem do chorume para que a substância possa ser tratada.
Quando o aterro utiliza o sistema de recirculação, o lixiviado é captado por meio de drenos de gases ou em uma tubulação perfurada que permita que o líquido seja redistribuído em canaletas construídas na superfície do aterro. Esse sistema, possibilita que os microrganismos presentes nos rejeitos diminuam a toxicidade do chorume. Além disso, parte da substância sofre o processo de evaporação.
No tratamento biológico, o líquido percolado é armazenado em tanques. Nesses reservatórios, são introduzidos micro-organismos aeróbios e anaeróbios para que se alimentem com os compostos orgânicos que se encontram na substância. Desse modo, a matéria orgânica é convertida em carbono, enquanto os metais pesados são retirados por meio da oxigenação.
Já no tratamento bioquímico, a descontaminação é realizada por ação de algumas plantas. Para que isso ocorra, é necessário que seja feita a escolha adequada das plantas que serão usadas como despoluidoras. O vegetal deve possuir potencial para remover, isolar e degradar os metais presentes no chorume. Além disso, o processo de descontaminação deve ser complementado por outro tratamento.
A produção de chorume em composteiras
Por se tratar de uma substância com grande concentração de matéria orgânica, o chorume oferece uma grande quantidade de nutrientes para o solo. Mas, para que isso aconteça, a substância deve ser fruto apenas da decomposição desse tipo de matéria. Ou seja, não pode haver mistura com os demais tipos de rejeitos, processo que pode ser realizado por meio das chamadas composteiras.
Essa estrutura pode ser montada em casa. Basta que a pessoa possua três caixas, composto com micro-organismos e minhocas. Na composteira, o lixo orgânico produzido no ambiente doméstico é transformado em húmus ou adubo orgânico, que pode ser usado para fertilização do solo. E também há produção de chorume a partir de um processo que evita a emissão de gás metano e possibilita a aquisição de uma substância pura que pode servir até mesmo no combate de algumas pestes.
Uma vez que a produção de lixo orgânico é uma constante nos ambientes domésticos, ter uma composteira em casa pode não ser uma alternativa viável para quem não dispõe de muito espaço para utilizar o adubo e o chorume produzido. Além do grande volume de matéria orgânica produzida por essas estruturas, o mal cheiro do lixiviado é outro empecilho para ter uma composteira em casa.
Quem não pode ter uma composteira em casa, mas mesmo assim deseja contribuir com o meio ambiente, pode adotar ações simples no ambiente doméstico como separar o lixo orgânico dos materiais recicláveis e descartar pilhas e lixo eletrônico em postos autorizados de coleta.