O Ciclo do Café foi a atividade econômica mais importante para o Brasil durante um certo período. A região Sudeste do país foi o local em que mais essa iguaria se desenvolveu, isso porque essa área possuía grandes quantidades de terras, muito férteis para o cultivo do café.
Por um bom tempo, o Brasil obteve o controle de praticamente toda a oferta do café no mercado mundial, esse processo acabava regulando os preços por meio de um sistema de cartel, que era um acordo entre os concorrentes, onde conseguiram obter bons lucros.
O Surgimento do Ciclo do Café e sua História
O ciclo do café teve início no ano de 1727, ainda no começo do século XVIII, quando as primeiras mudas da iguaria chegaram ao Brasil.
O café é uma planta originária da Etiópia, um país localizado na África Oriental, ele foi incorporado durante o Período Colonial, com o primeiro sítio do militar luso-brasileiro Francisco de Melo Palheta (1670 – 1750). Primeiramente, o café foi incluído na América do Sul, por meio do Suriname.
Palheta foi o responsável pela introdução do cultivo do café no Brasil e em Portugal. Ele era um comerciante de sementes adquiridas na Guiana Francesa e morava na cidade de Belém, atual capital do estado do Pará, que na época, era capitania do Grão-Pará.
A iguaria logo foi distribuída em algumas pequenas plantações ao longo do litoral do Brasil Colônia. Geralmente, era utilizado para o consumo pessoal e uma pequena produção excedente para a comercialização.
No ano de 1808, quando começou o Período Joanino, nome dado ao período de 12 anos marcados pela resistência da família real portuguesa no Brasil, foi nessa época que a demanda do café teve crescimento, exatamente quando a corte portuguesa chegou no território brasileiro.
Durante o ciclo do café, houve um período em que a iguaria passou a ser plantada para a comercialização intra-colonial, principalmente no Vale do Paraíba, região Fluminense, estado do Rio de Janeiro.
No decorrer da Guerra da Independência dos Estados Unidos, os americanos se tornaram importantes consumidores de café, isso se deu em substituição ao chá, que tinha se tornado escasso, por causa da guerra contra a Grã-Bretanha
.
O costume de consumir o café também se espalhou pela França, por causa da exportação de sua colônia na Martinica, uma ilha das Pequenas Antilhas no Caribe. Desse modo, o ciclo do café demonstrou crescimento contínuo.
Com a Independência do Brasil, no ano de 1822, as plantações de café se espalharam pela região Sudeste e grandes propriedades agrícolas foram criadas nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e principalmente no estado de São Paulo
, que se transformou na maior região produtora de café e maior geradora de riquezas do Brasil Império.
Conforme havia a produção em larga escala no ciclo do café, os cafeicultores começaram a se articular para colocar em prática a regulação da oferta mundial de café, para assim, aumentar os preços até onde queriam, com objetivo de atingir lucros exorbitantes.
A Decadência do Ciclo do Café
Entre os anos de 1820 e 1900, a oferta do café brasileiro cresceu muito, mesmo com a demanda mundial tendo um crescimento relativamente menor
, o domínio do cartel e da oferta econômica cafeeira conseguiram acondicionar a nova produção, além de manter taxas parecidas de lucro e por consequência, o padrão de vida e o poder político de toda a elite cafeeira.
No entanto, o desenvolvimento da demanda do ciclo do café consistia em boa parte do crescimento da população dos países consumidores. O índice de desenvolvimento dos países da Europa começou a diminuir no fim do século XIX, enquanto que a proposta brasileira não reduzia o seu ritmo de crescimento.
Todo esse processo provocou uma gradativa desvalorização do café desde a primeira crise, no ano de 1893. Prevendo que, mesmo sendo a colheita da maior safra de café já produzida, o crescimento da demanda seria muito baixo e em 1906 houve uma importante reunião.
Participaram dessa reunião, os presidentes dos três maiores e mais importantes estados produtores de café, o estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo da reunião era debater medidas contra a desvalorização.
Durante essa mesma reunião, foi elaborado um documento que ficou conhecido como o Convênio de Taubaté. No documento ficaram estabelecidas as medidas que seriam determinadas pelo governo federal, que se submetia aos políticos dos referidos estados.
Alguns pontos importantes do documento
- O governo teria que comprar todos os excessos de café, que deveriam ser pagos aos cafeicultores, normalmente, com o dinheiro originado dos empréstimos tomados no exterior. Os juros seriam pagos através de um imposto em ouro, cobrado por cada saca de café exportada.
- O governo deveria desencorajar a ampliação das lavouras, assim como, a criação de novas lavouras, com intuito de reprimir a superprodução.
Apesar do eventual êxito do início, a política errou totalmente no final da década de 1920 e os principais aspectos foram:
- Primeira Guerra Mundial – praticamente provocou a suspensão da compra do café pelos estados bélicos e posteriormente, a redução concreta da demanda, por causa da mortalidade e também das despesas com reformas.
- Crise de 1929 – enfraqueceu ainda mais a economia e ainda desencorajou a compra de café do maior consumidor durante o pós-Primeira Guerra Mundial, que eram os Estados Unidos.
Além de que, essa política tinha a prática de desencorajar o plantio de novas culturas e também as tentativas de modificar o quadro de exportações do Brasil. Isso provocou um intenso condicionamento da economia brasileira a um único produto e quando a crise profunda chegou, toda economia nacional sofreu as mesmas consequências.
A crise de 1929 ficou conhecida como Grande Depressão. A economia dos EUA repercutiu em todo o mundo e toda a instabilidade daquele período acabou influenciando de forma negativa, a cafeicultura do Brasil. O preço da iguaria caiu e como havia uma estocagem significativa, o ciclo do café estava condenado ao fim.
No ano de 1930, com o início do governo do presidente Getúlio Vargas, o estado brasileiro começou a atuar de maneira incisiva, com objetivo de evitar que as futuras crises mundiais pudessem influenciar de forma negativa, a economia brasileira.