Uma organização comercial criada no século XVII
Companhia das índias Ocidentais foi o nome dado às organizações comerciais criadas para explorar os continentes africano e americano no século XVII. Dentre as companhias, a que mais se destacou foi a Companhia das Índias Ocidentais Holandesa.
Essa empresa de comércio holandês, fundada em 1621, também tinha como objetivo acabar com o monopólio econômico da Espanha e de Portugal. A União Ibérica controlava todo o comércio entre a Europa e as Américas, o que incomodava e muito outros países da Europa. Pensando em promover negócios entre as colônias americanas e africanas, para descentralizar o comando político e econômico, a Companhia das índias Ocidentais foi criada.
Contexto Histórico
Quando se aventurou pelo mar, a Holanda passou a transportar açúcar para a Europa. O problema é que o produto era vistoriado pelo controle da alfândega em Lisboa. Para não precisar pagar os tributos, os holandeses criaram uma rota direta com as principais regiões que transportavam o açúcar, como a Ilha da Madeira, o Brasil, a Ilha de São Tomé e as Ilhas Canárias. Assim, os navios que partiam de Amsterdã, Midelburgo e Roterdã, as grandes metrópoles holandesas, iam direto para as colônias.
O surgimento da Companhia das Índias Ocidentais se dá justamente porque a Holanda passou a se interessar pelas colônias conquistas pelos países da Península Ibérica (formada principalmente por Portugal e Espanha, e seguindo o exemplo das Companhias das Índias Orientais, que já eram um sucesso no continente asiático, foi fundada para explorar o território das Américas.
A companhia das índias desafiava diretamente o monopólio comercial espanhol. Os holandeses não tinham interesse em legalizar somente o transporte de açúcar, mas precisavam também de sal para conservar os frutos do mar, queriam comprar especiarias e também estavam em busca de itens mais cobiçados, como o ouro e o marfim. Todos esses fatores levaram ao surgimento da Companhia.
Como surgiu a Companhia das Índias Ocidentais
A Companhia das Índias Ocidentais foi uma organização majestática de mercadores holandeses. As companhias majestáticas, também conhecidas por companhias de carta ou companhias privilegiadas, eram organizações privadas que tinham uma carta de concessão fornecida pelo governo. Com essa autorização, as companhias tinham direito a alguns privilégios comerciais.
Nas colônias administradas por este tipo de concessão, o poder público não agia diretamente por meio das instituições do Estado, mas essas colônias ficavam sob a administração das sociedades comerciais que, por sua vez, eram fiscalizadas pelo governo. Por ser uma organização privada, a Companhia das Índias Ocidentais estava extremamente atrelada ao capitalismo, ou seja, seu principal objetivo era o de ter lucros.
Essas companhias se desenvolveram por toda a Europa quando começaram as primeiras grandes navegações. Geralmente, eram criadas por investidores privados e comerciantes que recebiam incentivos dos governos europeus e encorajavam a criação dessas empresas para concorrer com os outros países. Os grupos que investiam na expansão marítima europeia garantiam o monopólio de exploração e colonização dos territórios conquistados em nome do governo cedente e ainda tinham direito aos lucros obtidos em cima dos produtos exportados.
Dentre as organizações mais importantes desse período, destaca-se a Companhia das Índias Orientais (atual Indonésia) e a das Índias Ocidentais. A Companhia das Índias Orientais controlava a maior parte do comércio entre a região da Ásia e a Europa, já a Companhia das Índias Ocidentais tinha como rival a francesa e as companhias britânicas que queriam dominar a América.
Em junho de 1621, a Companhia das Índias Ocidentais recebeu um alvará que lhe garantia o monopólio comercial com as colônias do ocidente, assim como o tráfico de escravos no Brasil, América do Norte e Caribe. A organização também podia atuar na África Ocidental (localizada entre o Trópico de Câncer e o Cabo da Boa Esperança), na parte oriental da Nova Guiné e nas Américas, incluindo o oceano pacífico. No Brasil, a companhia se tornou um caminho para a colonização neerlandesa, onde ocupou algumas áreas no nordeste brasileiro no século XVII.
A Companhia das Índias no Brasil
O objetivo da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais era, antes de mais nada, o de garantir a independência dos Países Baixos, por isso ela resolveu atacar os alicerces do Império Espanhol.
Para os neerlandeses, as os territórios que estavam sob o domínio de Portugal seriam o ponto chave desse pleito. Entre os neerlandeses, havia a ideia de que a Espanha sacrificaria sua defesa para proteger os territórios americanos que estavam sob o seu domínio, por isso eles voltaram suas atenções ao Brasil. A primeira tentativa de ocupação aconteceu com a então capital lusitana do país, Salvador, porém os holandeses não lograram êxito.
Foi aí que então eles decidiram ocupar Pernambuco. Além de estar em um lugar privilegiado geograficamente, assim como a Bahia, Pernambuco era considerada como uma das capitanias de cima, na qual havia o monopólio da cana-de-açúcar. Na época, esse era o principal produto de exportação, responsável pela lucratividade da colônia.
O processo de colonização foi lento, a ocupação não passava muito do litoral, ficando até uma faixa de 70 quilômetros a partir da costa. Somente em 1630 que uma armada da Companhia das Índias Ocidentais fez um bloqueio no litoral Pernambuco e enviou um exército para conquistar a região de Olinda e Recife, iniciando pela área que fica entre o Rio São Francisco e o Rio Grande.
Em contrapartida, a Espanha, que estava sob o domínio de Filipe IV e o conde-duque de Olivares, respondia lentamente ao ataque holandês. No ano de 1636, quando Maurício de Nassau foi nomeado como governador civil e militar da Região Nordeste do Brasil, a Companhia das índias já tinha o controle das áreas que iam entre Natal e Porto Calvo.
Nassau, que era conhecido por suas habilidades administrativas não foi escolhido em vão. Ele tinha a missão de fazer o Brasil se render ao domínio neerlandês, já que os custos com a guerra estavam ficando cada vez mais altos. A essa altura, Companhia das índias ocidentais já havia tomado dinheiro emprestado entre vários acionistas e as dívidas que envolviam essa empreitada ficava cada vez mais alta.
A saída encontrada entre os holandeses, portugueses e espanhóis foi a de que a área conquistada pela Holanda deveria ser restituída à Portugal, em troca da abertura do comércio que estava sob a posse da América espanhola. Anos mais tarde, mais precisamente em 1791, a Companhia das Índias Ocidentais veio à falência e o governo neerlandês adquiriu todas as ações da empresa, assumindo todo o controle do comércio nos territórios ultramarinos.