O Concretismo foi um movimento artístico que influenciou a literatura, principalmente o campo da poesia. Surgido em meados dos anos 50 no Brasil, o movimento teve como uma das principais influências a arte concreta e, mais tarde, se popularizou em outros países.
Os principais nomes do concretismo no Brasil foram os irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, e Décio Pignatari. Foram eles, inclusive, os criadores da revista Noigandres, periódico que viria a ser o maior expoente das ideias do movimento.
Por arte concreta, entende-se um movimento que buscava inovações nas artes, utilizando formas geométricas, cores e planos.
Os principais nomes do movimento no mundo foram o suíço Max Bill, o francês Pierre Schaeffer e o russo Vladimir Maiakovski. Foi Max Bill o responsável por trazer o movimento para o Brasil.
Uma das principais características do Concretismo era a poesia espacial, ou seja, o aproveitamento de todos os espaços em branco. A poesia já não era escrita na forma tradicional de leitura ocidental, de baixo para cima, da esquerda para a direita.
As poesias do concretismo ainda fugiam da forma tradicional de construção dos versos e das estrofes. Dava-se novos formatos às poesias concretas, além do uso da comutação, ou seja, a troca de palavras dando origem às novas ou semelhantes.
Características do concretismo
Considera-se que o início do Concretismo no Brasil foi marcado pelo lançamento da revista literária Noigandres, que aconteceu em 1952. O periódico foi lançado por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
Mais tarde, Ronald Azeredo e José Lino Grünewald, viriam a integrar o grupo. O nome da revista foi inspirado em um poema de Arnaut Daniel, porém o seu significado é desconhecido, acreditando-se, inclusive, que ela tenha surgido de um erro de digitação.
Mas em 1956, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) realiza uma exposição com obras da Arte Concreta, trazendo de vez esse movimento para o Brasil. Os principais nomes das artes plásticas do movimento no Brasil foram Hélio Oiticica e Lygia Clarck.
Na poesia, o Concretismo teve como uma das principais inovações o “verbivocovisual“. Essa palavra descreve os três elementos presentes na poesia do período. O verbi, que quer dizer palavra; enquanto o voco significa som; e visual faz referência à parte visual da poesia concreta.
Para o poeta do Concretismo, a poesia, além de ser palavra e som, como sempre foi, era também imagem. Isso acontece em uma época em que a publicidade teve um grande avanço, fazendo com que o uso da imagem fosse importante para o crescimento do movimento.
Outra grande característica do Concretismo brasileiro é a chamada poesia espacial. Essa técnica permite que todo o espaço do papel seja utilizado, sem a necessidade de seguir o movimento tradicional de leitura ocidental, ou seja, de cima para baixo e da esquerda para a direita.
Essa inovação trouxe várias possibilidades para os artistas da época. A partir de então, surgem poesias em formatos e sentidos inovadores como, por exemplo, em formatos de espirais e vários outros.
Outra característica da época são as frases sem verso ou estrofe. O formato tradicional do som, da rima e do ritmo da poesia dão lugar à estética da obra.
Além disso, nesse estilo, as poesias são compostas por poucas palavras e as pontuações quase nunca são utilizadas. Duas outras características são bastante marcantes durante o período da poesia do Concretismo, são elas o Poema Práxis e o Poema Processo.
Poema Práxis
Nesse formato, a poesia verbivocovisual trabalha com palavras que geram outras palavras, a chamada comutação. É comum ver nas obras uma palavra ou frase principal e, a partir de então, uma sequência de outras palavras derivadas dessas. Geralmente, essa sequência forma um desenho ou segue em sentidos diferentes dos tradicionais.
Poema Processo
Nesse estilo do Concretismo, a linguagem não verbal é a principal ferramenta. Nele, o resultado das imagens é mais importante do que as palavras e seus significados.
Nomes do Concretismo no Brasil
Três dos principais nomes do Concretismo no Brasil foram os irmãos Augusto de Campos e Haroldo de Campos, e Décio Pignatari. Juntos eles fundaram a revista que deu o maior impulso para que a poesia concreta do Brasil ficasse conhecida.
Haroldo de Campos
Haroldo Eurico Browne de Campos nasceu em São Paulo em 19 de agosto de 1929 e morreu na mesma cidade, em 16 de agosto de 2003, aos 73 anos. Além de poeta, Haroldo foi tradutor, tendo estudado idiomas como inglês, espanhol, francês e latim desde jovem.
Publicou seu primeiro livro, O Auto do Possesso, em 1949. Nessa época, integrava o Clube de Poesia, do qual fazia parte também Décio Pignatari e o seu irmão, Augusto de Campos.
Mas foi em 1952 que Haroldo, Augusto e Décio romperam com o Clube, por divergir das ideias dos integrantes, e fundaram a revista Noigandres que, mais tarde, seria o principal expoente do formato de poesia criado por eles.
Augusto de Campos
Augusto Luís Browne de Campos nasceu em São Paulo, no dia 14 de fevereiro de 1931. Assim como o seu irmão, é poeta e tradutor, além de crítico de música e literatura e ensaísta.
Ele foi o responsável por publicar, na segunda edição da revista Noigandres, os primeiros poemas considerados concretistas, intitulados "Poetamenos".
Em 1956, Augusto integrou a organização da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, que aconteceu no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Mais tarde, suas próprias obras foram incluídas em diversas mostras no Brasil e em outros países.
Décio Pignatari
Décio Pignatari nasceu em 20 de agosto de 1927 e morreu também em São Paulo, em 2 de dezembro de 2012. Além de poeta, foi publicitário, ator, ensaísta, tradutor e professor.
Antes mesmo do surgimento do movimento, Décio já realizava experimentos com obras visuais e literárias. Mais tarde, em parceria com Haroldo e Augusto, publicou o livro Teoria da Poesia Concreta.
Outros nomes:
- Arnaldo Antunes;
- Henri Chopin;
- Dora Ferreira da Silva;
- Ernst Jandl;
- Jaime Salazar Sampaio;
- Décio Pignatar;
- Wlademir Dias-Pino;
- Öyvind Fahlström;
- Seiichi Niikuni;
- Reynaldo Jardim;
- Öyvind Fahlström;
- José Lino Grünewald;
- Mário Chamie;
- Murilo Mendes;
- Eugen Gomringer;
- Pedro Xisto;
- Augusto de Campos;
- E. M. de Melo e Castro;
- Cassiano Ricardo;
- Eduard Ovčáček;
- Fukiko Kobayashi;
- Ferreira Gullar;
- Helmut Heißenbüttel;
- Edgard Braga;
- Ferdinand Kriwet;
- Pierre Garnier;
- Fernando Guedes;
- Paulo Leminski;
- Haroldo de Campos;
- Václav Havel;
- José Paulo Paes.